sexta-feira, 6 de julho de 2012

"Loucos por ti, Corinthians!"

Não, caro leitor, esse não é mais um texto de mais um torcedor fanático do Corinthians comemorando o tão sofridamente título obtido por este nesta quarta. Não que eu não tenha comemorado ou ficado contente, pelo contrário, mas minha alegria não foi pelo título, mas pelos torcedores. Há muito vejo-os sendo caçoados especialmente por seu time sem estádio, com pouco apoio financeiro e poucos títulos. Isso quando não os chamam de bandidos ou mesmo de hipócritas. Sic.

Sim, a disputa da torcida é mais violenta que a dos próprios times!

Convenhamos, sejamos racionais, o fanatismo por um time de futebol não faz muito sentido. Um esporte faz sentido até o ponto em que é uma diversão, linha que há tempos foi ultrapassada. Isso, claro, sem falar em muitas outras características associadas a este esporte. Mas há uma coisa que faz ainda menos sentido do que tudo isso.

Imagine que você viajou para Gana. Alguns ganenses recém-conhecidos lhe convidam a assistir a um jogo deste país contra a Argélia. Nestas condições, o que lhe parece mais natural: torcer por Gana, por nenhum dos dois times ou pela Argélia? Você comemoraria os gols do adversário com a intenção de deixar os ganenses chateados? Talvez até provocá-los, deixá-los bravos?

E, quando Gana possivelmente ganhasse um torneio africano, você falaria para eles que Gana não tem tantos títulos quanto o time do seu país? Compararia números, vitórias, títulos, para que eles não comemorassem tanto a vitória que obtiveram?

É impressão minha ou somos naturalmente mais amigáveis com as pessoas mais distantes do que com aquelas que nos rodeiam? Não me impressiona que nossos líderes tenham tanta facilidade em dominar-nos, fazer-nos de gato e sapato, se criamos picuinhas até mesmo naquilo que não importa.

E quanto ao prefeito Kassab, que fez a sandice de proibir que a maior torcida do estado comemorasse a primeira vez que seu time obteve a taça da Libertadores na avenida Paulista? E de ainda por cima mandar a polícia para reprimir os desobedientes? Kassab, vá à merda! Infeliz, filho de chocadeira que não suporta ver a felicidade alheia, vá tomar no seu cu!

Fui para um bar assistir ao jogo com os amigos. O jogo não me interessava, mas, ainda assim, torci pelo Corinthians, gritei e pulei quando marcaram os gols. Emocionei-me em ver as aclamações pelo time amado, os gritos e os casos de rouquidão permanente. Ao final, alguns, sem acreditar no que viam, choravam de emoção. Era a comemoração deste bando de loucos. Loucos pelo Curintia.

Ao vê-los, pensei: o que seria deles se o time perdesse? Se tamanha foi a alegria, quão grande não seria a decepção? O que seria deste povo que, mesmo tão sofrido, mesmo com tanta pressão, não abriu mão de sua esperança? Que, mesmo sendo alvo de gozação e até preconceito, negou-se a perder sua identidade? Povo tão forte, mas, ao mesmo tempo, tão frágil!

Não dou a mínima para o Corinthians, mas eu morreria por essa torcida.

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