tag:blogger.com,1999:blog-82705661426915322012024-03-01T04:57:42.975-03:00Opiniões do BandeirinhaEnsinaram-me desde criança que todos devem ter um time e uma religião. Mas eu sou teimoso, a minha opinião é minha e não dos outros. Não aprecio a selvageria que há neste jogo. Por isso, eu sou o Bandeirinha. E eu tenho uma coisa a dizer.Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/14244955320740851981noreply@blogger.comBlogger56125tag:blogger.com,1999:blog-8270566142691532201.post-25913297996259445422013-06-22T21:37:00.000-03:002013-06-22T21:43:35.982-03:00Proteste, mas SEM FASCISMO!<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEintkHulDBN8VskUVJy7KtziYZ7R2FQtcjEFhWCnUU-v9_ZPz1YXOlnwZRMBZEAzrdVPzTxz-6241StOsfD9FsVtbI2VVCVukH7FgFl5sQ5xbozszect37KKT9Zz_ssfc5etJteSvUtZiAP/s1600/bandeira-vermelha.png" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="396" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEintkHulDBN8VskUVJy7KtziYZ7R2FQtcjEFhWCnUU-v9_ZPz1YXOlnwZRMBZEAzrdVPzTxz-6241StOsfD9FsVtbI2VVCVukH7FgFl5sQ5xbozszect37KKT9Zz_ssfc5etJteSvUtZiAP/s400/bandeira-vermelha.png" width="400" /></a></div>
As manifestações do último dia 20 atravessaram as fronteiras, não apenas a do Brasil, mas também a da História: os números superaram o Fora Collor. Estudantes e trabalhadores reuniram-se nas ruas do país para dizer: "Basta! Não aceitamos nem mais um aumento! Queremos redução da tarifa e passe-livre já, Brasil!" Em solidariedade, emocionados, estrangeiros se uniram à nossa voz, ao nosso grito. Não há dúvida alguma que a brasileira estava com tantas insatisfações, tantas revoltas contra o sistema acumuladas que não teve polícia nem mídia para segurar.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
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O povo, naturalmente, culpa o governo pelo descaso. Nada mais justo, pois foi o governo que privatizou o transporte público e o colocou a serviço do lucro de alguns. Tal como ocorreu com a privatização da telefonia e vários outros serviços privatizados, os preços decolaram. Haddad, por exemplo, prometeu em campanha que o aumento não seria maior que a inflação, mas ignorou o fato que o valor atual <a href="http://www.terra.com.br/noticias/infograficos/tarifas-metro-onibus-sp/" target="_blank">já está bem acima inflação</a>, e muito acima do que muitos podem pagar. Uma grande contradição: espera-se que a população de baixa renda ande de ônibus. Mas como isso é possível se eles nem sequer conseguem pagar a tarifa para poder trabalhar? E onde fica o nosso direito de ir e vir?<br />
<br />
No papel.</div>
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<br />
O governo não valoriza o trabalhador, mas os patrões. Obviamente, são os patrões que bancam as campanhas salariais dos partidos que governam o Brasil: PSDB, PT, PMDB, PSB, PSD, DEM, PSC... A lista é longa.</div>
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<br /></div>
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E por falar em partidos...<br />
<br />
<h3>
Antipartidarismo</h3>
Tem raiva voando pra todo lado por causa da presença de alguns partidos neles, como PSTU, PSOL, PCB, PT... Principalmente o PSTU, que parece ser o partido mais persistente em mostrar para o povo que está nas manifestações. Partidos que sempre estiveram no movimento, que têm a tradição de décadas de levar suas bandeiras. Até mesmo vários partidos menores, a maioria dos quais não se denominam partidos.</div>
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<br /></div>
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Desta vez, entretanto, o povo, inexperiente com os protestos, estranhou. Mais do que isso: escandalizou-se, enraiveceu-se. E partiu pra violência, querem derrubar as bandeiras a qualquer custo. Militantes foram agredidos. E diziam: "Os partidos nos dividem! Queremos o povo unido!" Exigiam a expulsão dos militantes das manifestações.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Hum... A tentativa de eliminar partidos... <b>Isso é fascismo!</b></div>
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<br /></div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgO38-4Q_SKZnEDKW3hTbfTpdG3LjSAVriKEp6JyZVlq9yClAQUqXE578GsPrJCK3D8_DJDie2f0OBaKpHmtBY2qc1sDo70vKdq-ALqz_T0B5W4bqQJrNol60EFr68bYEc114e4Zq4G4rJz/s1600/mussolini.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="222" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgO38-4Q_SKZnEDKW3hTbfTpdG3LjSAVriKEp6JyZVlq9yClAQUqXE578GsPrJCK3D8_DJDie2f0OBaKpHmtBY2qc1sDo70vKdq-ALqz_T0B5W4bqQJrNol60EFr68bYEc114e4Zq4G4rJz/s400/mussolini.jpg" width="400" /></a>Sim, <b>fascismo</b>! Inconscientemente, o povo começa a aderir a uma ideologia fascista. Não é difícil ver de onde essa ideologia vem: da mídia. Sinto dizer, cara leitora, caro leitor, mas a mídia de hoje é a mesma mídia de 1964. Não mudaram nem um pouco. Assim como apoiaram o <b>Golpe</b> Militar de 64 "em defesa da nação, contra a corrupção e contra o comunismo", hoje querem manipular o movimento contra o aumento das tarifas para transformá-lo num protesto contra os partidos e contra a corrupção.<br />
<br />
Isso é o que a mídia burguesa, amiga das empresas de transporte público, quer! Eliminar todos os oponentes políticos de cena e, assim, dirigir o movimento, escolhendo suas pautas, suas ideologias e até mesmo quem é ou não aceito dentro dele. É o que ela está fazendo o tempo todo, o velho e manjado algoritmo de dividir para conquistar, já utilizado zilhões de vezes. E, infelizmente, está conseguindo. Mas ainda podemos virar esse jogo. Temos a obrigação de virar esse jogo.<br />
<br />
<a href="http://blogconvergencia.org/blogconvergencia/?p=1533" target="_blank">Não abaixaremos as nossas bandeiras!</a><br />
<br />
<h3>
Corrupção</h3>
</div>
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</div>
<div style="text-align: justify;">
Não estou dizendo que ser contra a corrupção, por si só, é fascismo. Muito<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
pelo contrário. Se fosse, seríamos todos fascistas, pois somos todos contra a corrupção. Mas quais medidas serão tomadas? Tornar corrupção num crime hediondo? Então, neste caso, quem serão os políticos a serem condenados? Apenas aqueles que forem julgados. E quais políticos serão julgados?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Todos conhecemos o mensalão do PT, mas o mensalão do PSDB não foi julgado, e pelo visto não será, pois vai caducar... A privataria tucana também não foi trazida à tona (embora o PT também seja perito em privataria).<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjK0zMTZsSqPEDtcl3V-pMmB82o4XwdE3g1ED6ss8Q29dGTywY-myHxgwl6Mw23mZvye0aknADJB5ZyOW2vVEsN7vQDjqXMBAvY1eRq9w0H-RewAyi45pP44gT7dK-eWKysh0FoNxypEWZs/s1600/ChargeLatuffPinheirinhoSJdosCamposSG22jan2012.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="306" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjK0zMTZsSqPEDtcl3V-pMmB82o4XwdE3g1ED6ss8Q29dGTywY-myHxgwl6Mw23mZvye0aknADJB5ZyOW2vVEsN7vQDjqXMBAvY1eRq9w0H-RewAyi45pP44gT7dK-eWKysh0FoNxypEWZs/s400/ChargeLatuffPinheirinhoSJdosCamposSG22jan2012.jpg" width="400" /></a></div>
Quem escolhe quem será julgado? Não, não é o STF. É a mídia. E o povo fica à merce de sua propaganda. Se vamos lutar contra a corrupção, ótimo! Mas temos que ter pautas bem definidas, ou seremos manipulados! Seremos massa de manobra!<br />
<br />
Sugiro que nós lutemos, acima de tudo, contra a raiz da corrupção: o financiamento privado de campanhas políticas. Sim! São os políticos financiados pelas empresas de transporte público que aceitaram o aumento da passagem requisitado por elas. O financiamento dos partidos deve ser exclusivamente público, com gastos fixos e definidos para cada cargo. Isso, evidentemente, tem que vir acompanhado do fim da imunidade parlamentar, da redução dos salários dos parlamentares, da revogabilidade dos cargos, da participação popular... Enfim, uma reforma política completa.<br />
<br />
Sim! <b>Não sou apenas contra a corrupção, quero uma reforma política completa!</b> Qualquer coisa menor do que isso trabalhará contra nós, não a nosso favor.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<h3>
Nacionalismo</h3>
<div style="text-align: justify;">
</div>
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEggoHN9Wi2KyVv6AocknGMTDrW4uA7TupzZskKi4G53ave5jJaRf5qjMZLZeNM_HKFRyC-hVdmeYsYohef6gn9Rj-SHVgDWEs2rbQE8gY1aEEJOjynZ7QXA4k4EVqqgVE2diAeL5IfMWK2M/s1600/bandeira-vermelha.png" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><br /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: justify;">
Até agora, nas manifestações, a grande maioria das pessoas demonstra um
nacionalismo inofensivo, sem causa, sem objetivo. O que é nacionalismo?
Estamos defendendo a pátria? Mas de quem, se as empresas de transporte
são, ao menos em parte, nacionais?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O nacionalismo, por si só, não é inerentemente fascista, mas pode ser utilizado neste sentido. Grupos fascistas e neonazistas afirmam estarem "defendendo a pátria contra os partidos". Muitos dizem: "não levem as bandeiras do seu partido, leve a bandeira do Brasil" ou "antes de ser partidário, você é brasileiro".</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Não estamos defendendo o país! Já nos mostra os diversos processos revolucionários do
mundo todo: Turquia, Grécia, Síria, Palestina, Egito, Chile, Canadá,
Portugal... A nossa luta é internacional! Essas manifestações do Brasil foram inspiradas pela grande explosão de manifestações em incontáveis países no mundo todo.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
Esta é uma luta contra a exploração da classe trabalhadora e contra as contradições do capitalismo. Oras,
de fato, como pode o mundo produzir cada vez mais e os trabalhadores
terem cada vez menor poder de compra? As mercadorias não deveriam, por
motivos lógicos, ficarem cada vez mais baratas? E por que as cargas
horárias aumentam em vez de diminuir?<br />
<br />
E no caso do
transporte público, isso é ainda mais evidente. Por que uma passagem de
ônibus é mais cara do que dividir a gasolina de um carro entre cinco pessoas? Como pode ser se a quantidade de combustível por
passageiro no ônibus é menor? Proporcionalmente ao número de passageiros, um ônibus é muito mais barato que um carro, e um trem ou metrô muito mais barato que um ônibus, tanto em custo de produção quanto do combustível...<br />
<br />
Acontece que as contradições do capitalismo existem no mundo todo. Por isso, esta é uma luta internacional. É uma luta (muitas vezes inconsciente) da classe trabalhadora contra a exploração capitalista.<br />
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiOn7ukSVpB0-NiyQbA1mW2gl5eQjoR5EyJuox3nxjhIa1h_IY3YxjFFsjWN7MNWOwnFV-pzpapmg-Xy8J5XDEEJv0MpwBbePiCMG7cPVcRRi2t2gKvJCWgASWzFVvpbW6VshrPW2Br7QVa/s1600/imperialismo_3.gif" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiOn7ukSVpB0-NiyQbA1mW2gl5eQjoR5EyJuox3nxjhIa1h_IY3YxjFFsjWN7MNWOwnFV-pzpapmg-Xy8J5XDEEJv0MpwBbePiCMG7cPVcRRi2t2gKvJCWgASWzFVvpbW6VshrPW2Br7QVa/s1600/imperialismo_3.gif" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
É preciso, entretanto, fazer uma ressalva. O nacionalismo tem um lado progressista, quase sempre ignorado pela esquerda. Nacionalismo é a maior arma contra o imperialismo, contra o controle que ele exerce sobre nosso país. Ainda somos um Brasil colônia. O sentimento nacionalista da população não deve ser combatido, mas tem que se virar contra a exploração de empresas estrangeiras: que elas não levem nossos recursos naturais nem explorem o nosso povo. Queremos um Brasil soberano! Não à entrega do nosso petróleo! Que a Petrobrás e as empresas de transporte sejam 100% estatais!</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Devemos ser nacionalistas na medida em que isso nos protege contra os ataques imperialistas ao nosso povo, mas ao mesmo tempo internacionalistas na medida em que isso nos torna solidários com a luta dos povos estrangeiros e apoiadores de suas reivindicações - mesmo que isso signifique entregar alguma filial da Petrobrás em um país estrangeiro, por exemplo.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<h3 style="text-align: justify;">
A luta é uma só!</h3>
<div style="text-align: justify;">
O avanço do conservadorismo e da direita no movimento é bastante forte. Não à toa usam de violência gratuita contra manifestantes de esquerda e também homossexuais. Querem nos dividir! Querem nos expulsar do movimento! Estão do mesmo lado que a polícia: o lado da repressão. São, com ela, culpadas pelo verdadeiro vandalismo: o vandalismo contra pessoas!</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
Fora a violência fascista das manifestações! Temos que nos unir! Vamos fazer disputas, sim, mas que seja no campo político (política não no sentido usual, mas no sentido amplo: a disputa de ideias). Não vamos disputar quem pode ou não pode ficar nas manifestações, não vamos levar a disputa ao nível físico. As manifestações são espaços públicos. Então que venha quem é do povo, carregue a bandeira que quiser, mas que jogue fora as bandeiras da violência fascista.</div>
</div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/14244955320740851981noreply@blogger.com23tag:blogger.com,1999:blog-8270566142691532201.post-36110632822598812562013-04-08T22:18:00.000-03:002013-06-12T21:28:54.821-03:00PT, esquerda e direita<div style="text-align: justify;">
Quando eu disse a um amigo "a esquerda ultimamente está em ascensão", ele retrucou que eu estava dizendo besteira, "de onde você tirou isso?" Oras, para mim está óbvio: greves, manifestações, aumento dos mandatos de esquerda obtidos nas eleições (PSTU, PSOL, entre outros), recuo dos partidos de direita (PSDB e DEM). O contra-argumento é que, essencialmente, isso não se traduziu em poder político: o PT foi obrigado a ceder a Comissão de Direitos Humanos e Minorias à bancada evangélica, por exemplo. A perda de capacidade do governo do PT de aprovar projetos de esquerda está evidente em outros exemplos.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O PT é um partido que surgiu da mobilização das massas, lutou contra a ditadura militar e assim construiu seu nome. A partir de certo ponto, começou a aceitar doações de empresas para ter recursos materiais e conseguir se eleger, tornar-se um partido viável, elegível. Obteve, então, apoio de um setor da burguesia - a burguesia interna - e também de partidos políticos de direita tradicional.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O que se tornou o PT, então? Um partido com base de esquerda, mas que ascendeu com o apoio da direita. Seria ele, então, um partido de esquerda que se aproveita da direita para obter conquistas? Outro amigo meu usou a seguinte explicação: o PT distrai a direita com um boi de piranha (por exemplo, um cargo político, ou uma lei à direita) enquanto aprova projetos considerados importantes (como o de cotas raciais).</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Mas... Será que não seria justamente o contrário? Será que não é o projeto de cotas raciais que é um boi de piranha para o movimento negro que é base do PT? Podemos reformular da seguinte forma: na hora da verdade, de que lado a balança do PT pende?<br />
<br />
A resposta a essa pergunta, na minha opinião, está no primeiro parágrafo deste texto. Estamos numa época de ascensão da mobilização das massas. As discussões sobre opressões (transfobia, racismo, machismo, homofobia) estão ganhando terreno, a consciência de esquerda está ganhando terreno. Partidos de direita tradicional (PSDB e DEM) estão em queda e tiveram que se esconder em partidos de pseudo-esquerda (PSD e PSB). Tivemos a magnífica greve das federais, o Pinheirinho também não passou sem resposta. Quem imaginaria que Feliciano teria reprovação tão grande por parte do povo? Até mesmo setores evangélicos estão contra ele! Esse aumento na mobilização é, em verdade, um fenômeno internacional: pode-se vê-la na Primavera Árabe e na Europa.<br />
<br />
E a direita, desesperada, se radicaliza, mostra sua cara repressora (Pinheirinho, cracolândia, USP, etc), homofóbica e racista (através do Feliciano e da revista Veja). Enfim, os reacionários fazem jus ao nome e reagem.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Mas reagem a quê? Oras, reagem à ascensão política da esquerda!</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
E o PT, porque perde poder político no governo? Oras, porque seu poder político vem majoritariamente da burguesia! Portanto, um poder de direita que cai se a direita achar conveniente. E a burguesia, num momento de ascensão do movimento de massas, tende a querer radicalizar-se, ir à direita, para evitar derrotas políticas. Mas não abandonam o PT, afinal, o povo, tendo-o por referência, acreditará no governo que leva o seu nome. Um governo que, no fundo, não é seu, afinal, é a burguesia que se aproveita deste partido e não o contrário. É o feitiço que se vira contra o feiticeiro: o PT, que queria usar a direita para seus propósitos, no fim, acaba sendo por ela usado.<br />
<br />
É a contradição do PT que o corrói por dentro e que o leva à direita contra a vontade de sua própria base, dos próprios petistas que são de esquerda!</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A Convergência Socialista, antiga corrente do PT, percebeu esta contradição e abandonou o partido, fundando o PSTU. A fundamental tese deste partido sobre o PT parece-me, portanto, ter sido comprovada pela práxis, pela realidade, não apenas pelo caráter dos projetos que ele aprova, mas principalmente devido a essa comprovação da verdadeira origem de sua força política.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Como dizia Marx, existe ideia e existe matéria. O PT tem um programa e um nome de esquerda, tem programas políticos que se pretendem esquerda. Mas isso é só ideia. A matéria, a base material do seu poder político, ou seja, o financiamento e os partidos aliados, são de direita. Como dizia Marx, a ideia pode mudar a matéria, mas a matéria predomina sobre a ideia. A base deste partido disputa o PT num cabo-de-guerra com a burguesia, mas, sem base material, acabam perdendo. Para que a ideia tenha efeito sobre a matéria, é preciso que esta forneça condições para sua aplicação.<br />
<br />
Mas o debate sobre idealismo versus materialismo, embora extremamente essencial, fica para outro texto :)</div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/14244955320740851981noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8270566142691532201.post-56267870806873663852013-03-20T17:47:00.001-03:002013-06-12T21:28:39.363-03:00Por uma candidatura de esquerda para reitor na Unicamp!<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
No primeiro turno da consulta para reitor na Unicamp, tínhamos quatro candidatos. Todos eles de direita, todos eles pretendem seguir em frente com o projeto de privatização e elitização do governo do PSDB, saudando a meritocracia, fechando a universidade para quem está do lado de fora, dificultando a integração social entre estudantes, seguindo em frente com a proibição de festas e com a segurança "patrimonial" (não, querida leitora, para a reitoria, o "patrimônio" da universidade não são as pessoas, é todo o resto). Nenhum deles agitou a bandeira da paridade e das eleições diretas para reitor, a da isonomia salarial já, o fim da terceirização ou cotas já. Ninguém criticou as condições subhumanas dos trabalhadores da unicamp, nem as punições do ano passado. Ainda assim, agora no segundo turno, existe uma mobilização bastante grande entre estudantes chamando voto crítico ao Tadeu. Há dois motivos.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<h3 style="text-align: justify;">
Tadeu não puniu, Costa puniu</h3>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
Primeiro, o outro candidato, Mário Saad da chapa "Unicamp no caminho certo", representa continuação do reitor anterior, o Fernando Costa, que suspendeu cinco estudantes por seis meses. enquanto o segundo, Tadeu Jorge, da "Unicamp de todos os saberes", não puniu estudantes durante sua gestão, embora tenha havido grandes manifestações em 2007.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Isso, entretanto, é desconsiderar todo o contexto. Em 2007, houve uma ocupação na USP que fez com que Serra voltasse atrás com seu decreto, ainda que de forma parcial. A moral conquistada com isso foi tão grande que mais de 50 reitorias pelo país inteiro foram ocupadas. Na ocupação da reitoria da Unicamp, Tadeu iniciou um processo de sindicância contra cinco estudantes, mas decidiu não puni-los. Óbvio, isso seria suicídio político.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Fernando Costa, por outro lado, mesmo contrário ao estatuto da Unicamp, esperou mais de um ano para aplicar as cinco punições com respeito a uma ocupação na Moradia no começo de 2011. Ou seja, esperou as condições políticas favoráveis às punições: os acontecimentos na USP e toda a repressão do governo do Estado.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
É extremamente complicado reduzir a diferenciação entre duas candidaturas ao nível pessoal: um é bonzinho e o outro é mau. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<h3 style="text-align: justify;">
Diferença de discurso</h3>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
Saad tem um discurso aberto de extrema direita enquanto Tadeu tenta parecer mais democrático, aberto ao diálogo. Numa chamada ao voto crítico no Tadeu na segunda-feira, que foi em forma de debate, um dos professores na mesa disse: "Os dois candidatos nasceram iguais, mas sua história os diferenciou." Isso eu concordo, embora ele estava argumentando que Tadeu seria mais brando que Saad e nisso eu discordo.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A história de fato os diferenciou, eles não são candidatos iguais. Eles são bem diferentes no discurso. Tamanha é a diferença de discurso que Tadeu, de direita, é capaz de captar voto e apoio críticos da esquerda! Mas uma diferença de discurso não significa diferença de conteúdo! Por exemplo, Tadeu é a favor da democratização. Por outro lado, não é a favor da paridade nem das eleições diretas e diz: "Mas podemos discutir esse assunto". Discutir como? Seria algo do tipo "Você dá sua opinião e eu dou a palavra final?"</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Ele diz que instaurará uma estatuinte universitária, mas como, quando, onde? Pelo tanto que ele falou sobre isso, a estatuinte universitária pode ser ele discutindo com o vice quais seriam as alterações no estatuto! Onde está o "demo" da democracia? Onde está o "di" no diálogo? Ele leva o discurso à esquerda, mas apenas até onde ele sabe que consegue voltar! Ele é um demagogo, um oportunista!</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<h3 style="text-align: justify;">
Voto nulo? Mas...</h3>
<div style="text-align: justify;">
Diante desta situação, fica-me evidente que a melhor solução é a chamada ao voto nulo, pedindo que haja paridade e eleições diretas. O voto nulo, ao contrário da abstinência, demarca presença e insatisfação com todos os candidatos. Enquanto a abstinência é dizer "eu não ligo para as eleições", escrever "por eleições diretas e paritárias já" na célula significa dizer "eu não reconheço a legitimidade desta consulta, quero uma eleição democrática de verdade!"</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Entretanto, gostaria de deixar aqui meu desapontamento aos professores de esquerda que estão chamando voto crítico no Tadeu. Eles disseram que não havia condições para criar uma candidatura de esquerda. O que isso quer dizer? Que tal candidatura não venceria? Nisso eu concordo, afinal, quem decide as eleições são os professores. Mas e daí?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Uma candidatura de esquerda estaria em uma posição privilegiada nos debates para perguntar ao Saad:<br />
<br />
- A Unicamp está no caminho certo? E quanto às punições autoritárias e arbitrárias aos cinco estudantes no ano passado? Inclusive com um processo na ausência de um desses estudantes, que estava hospitalizado, desobedecendo a própria constituição, segundo a qual todos têm direito a participarem em sua própria defesa, seja em julgamentos judiciais ou extrajudiciais! Uma punição desumana, que levou o pobre estudante ao suicídio!</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Também poderia perguntar ao Tadeu:</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
- Você disse que é a favor da democracia e do diálogo e também disse que pretende instaurar uma estatuinte universitária. E aí, você vai chamar assembleias pra isso? Ou melhor, um congresso? Vai convocar estudantes, funcionários e professores para discutir essa questão? E já que você disse que podemos conversar sobre paridade, que tal levarmos essa questão também para o congresso?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Tal candidato teria, sem dúvida, apoio do Coletivo Pra Fazer Diferente, da gestão do DCE, talvez até da Juventude às Ruas e de todo o movimento estudantil! Até mesmo dos que apoiam o Tadeu criticamente. Se as chapas para o DCE conseguiram obter, no total, os votos de 30% dos estudantes, e todas elas apoiassem uma candidatura de esquerda, venceríamos, sim, de lavada entre os estudantes.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Idem entre os funcionários, teria apoio do STU e até das chapas de oposição.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Mas, limitados pela visão de uma "candidatura possível", perdemos uma oportunidade histórica de constranger politicamente quem quer que fosse o vencedor dessas eleições por ter perdido entre estudantes e funcionários. Em vez de agitar as bandeiras do "voto no menos pior" ou do "voto por paridade", estaríamos agitando a bandeira da nossa concepção de universidade pública, gratuita e de qualidade, contra as opressões, democrática, aberta, inclusiva.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Se vamos vencer, partimos pra luta. Se vamos perder, partimos pra luta. E se não
podemos vencer devido à falta de democracia, mas podemos ter o apoio do povo,
então vamos à guerra!<br />
</div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/14244955320740851981noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8270566142691532201.post-5780000292731277332013-02-12T19:42:00.000-02:002013-02-12T19:46:21.348-02:00Minha compreensão sobre religião 1: Alienação?<div style="text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgrBYXtXGzolbyI2LmSRePRRIRRa7AYQr_AETeJawIsHRQUgM2cM4etlrDMZkiAYhpxARwlAgrjTmK-UqEKiyRp0-La8aqU8ylqHuao46oRz9RIEl6wqMoIvKzzozyinTJY_zQEVpsNjcbm/s1600/pensar.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgrBYXtXGzolbyI2LmSRePRRIRRa7AYQr_AETeJawIsHRQUgM2cM4etlrDMZkiAYhpxARwlAgrjTmK-UqEKiyRp0-La8aqU8ylqHuao46oRz9RIEl6wqMoIvKzzozyinTJY_zQEVpsNjcbm/s1600/pensar.jpg" /></a>Como estou acostumado a discutir com pessoas com várias opiniões diferentes pela Internet, já encontrei muitas visões diferentes acerca do que é religião, quais seus males e benefícios, e sobre secularismo. Apesar de tantas opiniões, ainda não encontrei nenhuma reflexão profunda acerca do problema ético: o que na religião é bom e o que é ruim? Após vários estudos e discussões, ainda não julgo ser capaz de responder esta pergunta por completo e definitivo, mas ao menos acredito ter alcançado um começo de resposta.<br />
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Uma afirmação bastante comum é que a religião é intrinsecamente má. Dizem que a religião é um instrumento de alienação das pessoas, fazendo-as crer em coisas imagináveis e absurdas, muitas vezes perniciosas, o que tende a levá-las a um comportamento fanático, intolerante. Embora haja algum mérito nesta afirmação, ela não é verdadeira e acredito que a melhor forma de demonstrar isso é analisando o cristianismo primitivo.<br />
<br />
Os evangelhos do Novo Testamento (em especial os três primeiros), quando entendidos em seu devido o contexto histórico, revelam forte conteúdo político contra o Império Romano. No século I, sempre que se falava em reino, entendia-se implicitamente que era o Império Romano. Nos três primeiros evangelhos, Jesus pregava dizendo que o Filho do Homem viria <i><b>logo</b></i> dos Céus para estabelecer um novo reino, o Reino de Deus, um reino justo em que fariam parte os pobres e oprimidos. Seguindo o óbvio raciocínio lógico, o Império Romano não era um reino justo, o imperador não era um imperador legítimo e ambos seriam destruídos e substituídos por Deus. Entre os ricos da Galileia e da Judeia estavam os romanos, os sacerdotes do templo (que tinham ligações políticas com os romanos) e os cobradores de impostos.<br />
<br />
Outro exemplo bastante notável é o incidente no templo em Jerusalém, onde Jesus derruba as mesas de alguns cambistas, evento que, sem dúvida, eventualmente o levou à morte. O comércio no templo era exatamente o que sustentava a vida luxuosa dos sacerdotes e os impostos que eles pagavam aos romanos para que estes garantissem o "bom funcionamento" do templo. Tal bom funcionamento incluía impedir que pessoas "impuras" ou "pecadoras" segundo a lei judaica entrassem no templo. Levando isso em consideração, os milagres de Jesus, seu questionamento à ideia de impureza (Mateus 15:1-20) e sua aceitação aos pecadores ganham um novo significado.<br />
<br />
Muitas pessoas duvidam da existência histórica de Jesus por "falta de evidências" e, na minha opinião, <a href="http://opinioesdobandeirinha.blogspot.com.br/2011/10/em-busca-do-jesus-historico-parte-2.html" target="_blank">elas estão equivocadas</a>, mas isto é irrelevante para este texto. O que importa é que tanto o cristianismo quanto estes evangelhos existiam no século I.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A maior evidência desta forma de compreender o cristianismo primitivo é a carta do governador Plínio, o jovem, ao imperador Trajano. Vejamos alguns trechos dela:<br />
<br />
<blockquote class="tr_bq">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEga5N-yhS-VZ3bH5m5OfEAoV752yL3sZ7_aKIB2EPCmyudanR9qHFw8VrTHZbYuSihf2OwLLGkn9eUZNlagLfprZEqXvd_RiwxGr_A8wTUknlozffzlmtyzZs47GoHKKboMMTxi8Yd4lvZx/s1600/pl%C3%ADnio+o+jovem.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEga5N-yhS-VZ3bH5m5OfEAoV752yL3sZ7_aKIB2EPCmyudanR9qHFw8VrTHZbYuSihf2OwLLGkn9eUZNlagLfprZEqXvd_RiwxGr_A8wTUknlozffzlmtyzZs47GoHKKboMMTxi8Yd4lvZx/s400/pl%C3%ADnio+o+jovem.jpg" width="300" /></a>Senhor: <br />
[...] <br />
Esta foi a regra que eu segui diante dos que me foram deferidos como cristãos: perguntei a eles mesmos se eram cristãos; aos que respondiam afirmativamente, repeti uma segunda e uma terceira vez a pergunta, ameaçando-os com o suplício. Os que persistiram mandei executá-los pois eu não duvidava que, seja qual for a culpa, <b>a teimosia e a obstinação inflexível deveriam ser punidas</b>.<br />
[...]<br />
Os que negavam ser cristãos ou tê-lo sido, se invocassem os deuses segundo a fórmula que havia estabelecido, se fizessem sacrifícios com incenso e vinho <b>para a tua imagem</b> [...] e se [...] amaldiçoavam a Cristo [...] achei melhor libertá-los.<br />
[...]<br />
Outros [...] haviam sido e depois deixaram de ser, alguns há três anos, outros há mais tempo, alguns até há vinte anos. Todos estes adoraram a tua imagem e as estátuas dos deuses e amaldiçoaram a Cristo, porém, afirmaram que a culpa deles, ou o erro, não passava do costume de se reunirem num dia fixo, antes do nascer do sol, para cantar um hino a Cristo como a um deus; de obrigarem-se, por juramento, a não cometer crimes, roubos, latrocínios e adultérios, a não faltar com a palavra dada e não negar um depósito exigido na justiça.<br />
[...]<br />
O assunto parece-me merecer a tua opinião, principalmente por causa do <b>grande número de acusados</b>.</blockquote>
<div style="text-align: right;">
Fonte: <a href="http://williams-saomigueldoscampos.blogspot.com.br/2012/04/perseguicoes-carta-de-plinio-o-moco-ao.html" target="_blank">blog Williams Oliveira</a> </div>
<br />
O cristianismo, portanto, cresceu e tornou-se um inconveniente para o Império Romano. Esta carta evidencia o que incomodava tanto o imperador no cristianismo: a <i>desobediência</i> e a <i>rejeição da divindade do imperador</i>. Afinal, uma dominação militar e política requer também uma dominação ideológica, dominação à qual o cristianismo (entre outras crenças não romanas) era uma ameaça.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Há, entretanto, um detalhe que não pode ser ignorado: a arma usada pelo Império Romano contra as religiões ideologicamente contrárias a ele era a <i>religião romana</i>! Assim, vemos aqui a religião tomando dois papéis distintos e contraditórios. A religião romana era usada como instrumento de alienação e dominação ideológica pelo Império. Ela desempenhava o papel de justificativa: se o imperador era um deus, então tinha o direito de dominar os outros povos. O cristianismo primitivo, por outro lado, era uma arma de ninguém que Roma não conseguia controlar, diversificado, capaz de adaptar-se às
diferentes culturas e épocas, criado pelo próprio povo.<br />
<br />
Um instrumento <b>contra</b> a alienação! Ou ao menos contra a alienação de Roma.<br />
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjnBhtprgMMj9wB8aWriOTlsFWJgv9YOyQM7NPefFh0ViFXlXQT2yr5wXXDmSckgl1B6Uv59fKdstQUDYSFRlL-VztmK10mP7wKGTUXT7CG4n8JYPSKOhcQOl101WGOQo0sG2EBHZ33V94s/s1600/Vaticano.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="255" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjnBhtprgMMj9wB8aWriOTlsFWJgv9YOyQM7NPefFh0ViFXlXQT2yr5wXXDmSckgl1B6Uv59fKdstQUDYSFRlL-VztmK10mP7wKGTUXT7CG4n8JYPSKOhcQOl101WGOQo0sG2EBHZ33V94s/s400/Vaticano.jpg" width="400" /></a></div>
Mas, no fim das contas, o Império Romano venceu. Para isso, ele usou o próprio cristianismo. Como diz o ditado, se não consegue derrotar o inimigo, una-se a ele. Foi isso o que Constantino fez com o cristianismo, que se tornou seu eficiente instrumento de dominação ideológica. Surge, então, uma nova Igreja Católica, o cristianismo regularizado e padronizado pelo Império Romano. Todas as questões organizativas deveriam passar por Roma. Foram feitos concílios para que houvesse uma única crença cristã, o que eventualmente levou à canonização dos livros aceitos. Afinal, um único império, uma única crença. Esta padronização atingiria o seu ápice na Idade Média, com a institucionalização da perseguição aos hereges, a proibição de livros e de disseminação de crenças pagãs.<br />
<br />
Durante toda a Idade Média, o catolicismo funcionou como arma ideológica para a manutenção do poder dos reis e até dos senhores feudais. Afinal, segundo a crença católica, "todos os líderes são escolhidos por Deus e devem ser obedecidos". Os reis têm o direito divino de governar, são sempre bons e justos. Esta ideologia é ainda hoje vista em desenhos, contos de fadas e filmes: um rei só pode ser mau ou injusto se não for o legítimo herdeiro do trono.<br />
<br />
Continua...</div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/14244955320740851981noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8270566142691532201.post-69077144057228384652013-01-04T19:29:00.000-02:002013-01-04T22:59:38.562-02:00Boa noite, Corujinha...<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjgCioaBdifk0_513D-CLu039mwKpw6_lgEmPFCz-cI3uXyMVx5anCDQt0nZpRlpNadUN40V54qKwhEy7vR-zsjzlrkCtqG_SLUkCfgsVQivqOrl_0ajcI5SzeGfuRMh8Oz5W60-tiBkbAW/s1600/fundo.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="388" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjgCioaBdifk0_513D-CLu039mwKpw6_lgEmPFCz-cI3uXyMVx5anCDQt0nZpRlpNadUN40V54qKwhEy7vR-zsjzlrkCtqG_SLUkCfgsVQivqOrl_0ajcI5SzeGfuRMh8Oz5W60-tiBkbAW/s400/fundo.jpg" width="400" /></a></div>
Há muito tempo não poetizava, mas não pude evitar que sua morte injusta matasse também a mim. Corujinha, ainda que não seja parente nem conhecida, minha homenagem deixo-lhe aqui.</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
Faz meio ano que ouviu o inconcebível de tua própria mãe. Inconformada com sua autonomia em escolher sua própria descrença, quis expulsar-lhe de casa. Sabendo que é uma menina, cutucou-lhe na ferida que mais dói, a ferida aberta do machismo. Chamou-a de puta. "Se vais ao diabo, vai com ele à zona! E que cobre apenas a merda que vale!" Sua própria mãe... Posso apenas tentar imaginar sua dor.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Posso tentar, mas fracassarei. Não posso imaginar como sentia o preconceito por ser bipolar, bissexual, ateia e menina. Das minorias, estava em quatro! Quantos de seus próprios companheiros hoje dizem: "Fraca!", pois também não podem imaginar como era vestir a sua pele.<br />
<br />
Preocupada não apenas com o fanatismo religioso da qual era vítima, mas também com a
falta de bondade nas pessoas, com os problemas do mundo e com a
política. Preciso dizer, duvido de muitas das suas ideias, mas não posso duvidar
de sua intenção, de sua inocência. Não posso duvidar do seu coração, menina. Nem mesmo aqueles que condenavam seu ateísmo disso são hoje capazes. Dizem que agora você está com Deus. Essa é a linguagem que eles usam para dizer que não a condenam, não poderiam. Se não a respeitavam em vida, ao menos na morte respeitam.<br />
<br />
Mas, triste, ainda não lhe respeitam, não respeitam sua memória, sua liberdade. Fizeram questão de invadir seu Facebook, excluindo tudo o que lembrava a todos que era ateia. Links, páginas, retiraram até mesmo sua declaração no seu perfil "Religião: ateia". Querem apagar de você sua personalidade, aquilo que você mesmo construiu. Querem lembrar de você como alguém que você não era, pois para eles é muito doloroso lembrar de você.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
Não bastasse, fazem de sua morte uma arma política contra aquilo em que você acreditava! Aproveitam sua morte para dizer a nós, ateus, que cultuamos o mal! Alienígenas, adoradores do diabo, ah, se somos! Levamos a pobre Corujinha à perdição! Dizem aos pais que vigiem seus filhos, para que não se percam como você. Nem mesmo agora conseguem ver a trave no próprio olho!<br />
<br />
Você era ateia, dizem eles, e era boa. Mas, claro, era a exceção, só podia ser! Seu ateísmo era apenas uma fase, adolescência, revolta, influência dos maus amigos. Estava apenas buscando a Deus, mas não conseguia achá-lo, então se zangava. Quantos de nós não ouvimos a mesma coisa? É evidente, existe um manual: "O que dizer para um querido quando descobrir que ele é ateu". É com certeza um best-seller mundial. Pois nós, de todos os lugares, ouvimos as mesmas frases.<br />
<br />
Nem sequer lhes ocorre que talvez, só <i>talvez</i>, não encontramos a Deus porque ele não está em lugar algum! Nem conseguem imaginar que <i>talvez</i> Deus não se deixe encontrar porque esta <i>talvez</i> seja sua própria vontade. Homens vãos, medrosos do desconhecido, por que razão Deus, existindo, detestaria os ateus como vós? Por que ele teria o ateísmo como inimigo ou perverso?<br />
<br />
Não tem nada a temer, minha jovem, pois até mesmo Deus lhe daria razão!<br />
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Descanse, por fim, deste mundo tão cheio de intolerância e reações inflamadas ao que tem medo. Se apenas ele percebesse que você tinha muito mais razão para temê-lo do que ele a você! Mas, feito um menino assustado, chutou, pisou, esmagou-lhe. E você, pobrezinha, não aguentou o sofrimento, não poderia, minha flor.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A você, minha querida Corujinha, dou-lhe um beijo de adeus e de boa noite. Durma em paz, mas, por fim, peço-lhe que não sonhe. Deixe seus sonhos aqui.<br />
<br />
<br />
<br />
<a href="http://www.paulopes.com.br/2013/01/suicidio-de-militante-ateista-repercute-no-facebook.html" target="_blank">http://www.paulopes.com.br/2013/01/suicidio-de-militante-ateista-repercute-no-facebook.html</a><br />
<br />
<a href="http://www.facebook.com/robertabaetahomenagem">http://www.facebook.com/robertabaetahomenagem</a></div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/14244955320740851981noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8270566142691532201.post-36623749011241051972012-12-04T22:25:00.001-02:002012-12-04T22:57:18.651-02:00"Deus seja louvado": por trás da polêmica<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjgBS13FGxnctbM-eZO4GlXGuwrHp-aR2vihf2nnJnRvnYIVUBjZrLfMpEbDKeugH_ryebgjFIob0EpfUOMUsL9MYcIksQVpcsdlUUC7-ubQSSwnu6XVw9rNN2acPkMo935DVfIuR43kJcL/s1600/deus-seja-louvado.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="223" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjgBS13FGxnctbM-eZO4GlXGuwrHp-aR2vihf2nnJnRvnYIVUBjZrLfMpEbDKeugH_ryebgjFIob0EpfUOMUsL9MYcIksQVpcsdlUUC7-ubQSSwnu6XVw9rNN2acPkMo935DVfIuR43kJcL/s400/deus-seja-louvado.jpg" width="400" /></a></div>
<a href="http://www.opovo.com.br/app/opovo/politica/2012/12/01/noticiasjornalpolitica,2964042/2012-0212po2810a-mantida-em-cedulas-a-expressao-x201c-deus-seja-lo.shtml" target="_blank">Foi negado o pedido</a> do Ministério Público Federal de São Paulo de que fosse retirada a frase "Deus seja louvado" das cédulas de real. Muitos acompanharam todo o processo, os compartilhamentos de imagens e links pelo Facebook e, diante de tanto rebuliço, comentaram "Mas é só uma frase!" Sim, por um lado, é só uma frase. Mas, por outro lado, se fosse apenas uma frase, não causaria tanta polêmica, e, portanto, há algo além disso nessa história toda - não dá pra compreendê-la fora do seu devido contexto. O que pretendem os defensores da retirada desta frase?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Aliás... quem são tais defensores?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Os defensores são, em especial, os setores da sociedade que se sentem marginalizados pelo cristianismo. A grande responsável é a recente expansão do ateísmo, não de um ateísmo qualquer, mas de um ateísmo que não quer viver dentro do armário em uma sociedade que repudia sua própria existência.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Em vista da perseguição ideológica aos ateus, - que é bastante forte <a href="http://www.paulopes.com.br/2009/05/ateus-e-usuarios-de-drogas-sao-os-mais.html" target="_blank">inclusive no Brasil</a> e pode ser vista de forma icônica no <a href="http://www.youtube.com/watch?v=0NM2cMx58S0" target="_blank">discurso de ódio do Datena</a>, - estes aglutinaram-se pela Internet, em especial ao redor de piadas e argumentações que colocam em xeque as crenças religiosa. Eles passaram a ter consciência da intolerância religiosa existente na sociedade.<span data-ft="{"tn":"K"}" id=".reactRoot[1].[1][2][1]{comment254714601322188_1034551}..[1]..[1]..[0].[0][2]"><span class="UFICommentBody" id=".reactRoot[1].[1][2][1]{comment254714601322188_1034551}..[1]..[1]..[0].[0][2]."><span id=".reactRoot[1].[1][2][1]{comment254714601322188_1034551}..[1]..[1]..[0].[0][2]..[3]"><span id=".reactRoot[1].[1][2][1]{comment254714601322188_1034551}..[1]..[1]..[0].[0][2]..[3]."><span id=".reactRoot[1].[1][2][1]{comment254714601322188_1034551}..[1]..[1]..[0].[0][2]..[3]..[0]"> Como consequência, surgiu a
preocupação de que cristianismo deixe de ser a <i>"religião padrão"</i>. Daí é que surge a ideia de retirar a palavra "Deus" dos papéis-moeda.</span></span></span></span></span><br />
<br />
<span data-ft="{"tn":"K"}" id=".reactRoot[1].[1][2][1]{comment254714601322188_1034551}..[1]..[1]..[0].[0][2]"><span class="UFICommentBody" id=".reactRoot[1].[1][2][1]{comment254714601322188_1034551}..[1]..[1]..[0].[0][2]."><span id=".reactRoot[1].[1][2][1]{comment254714601322188_1034551}..[1]..[1]..[0].[0][2]..[3]"><span id=".reactRoot[1].[1][2][1]{comment254714601322188_1034551}..[1]..[1]..[0].[0][2]..[3]."><span id=".reactRoot[1].[1][2][1]{comment254714601322188_1034551}..[1]..[1]..[0].[0][2]..[3]..[0]">Nem a existência, nem a inexistência da frase "Deus seja louvado" nas cédulas são de grande relevância. A retirada, entretanto, teria um caráter simbólico: tirar o cristianismo de sua posição privilegiada.</span></span></span></span></span><br />
<br />
<br />
<span data-ft="{"tn":"K"}" id=".reactRoot[1].[1][2][1]{comment254714601322188_1034551}..[1]..[1]..[0].[0][2]"><span class="UFICommentBody" id=".reactRoot[1].[1][2][1]{comment254714601322188_1034551}..[1]..[1]..[0].[0][2]."><span id=".reactRoot[1].[1][2][1]{comment254714601322188_1034551}..[1]..[1]..[0].[0][2]..[3]"><span id=".reactRoot[1].[1][2][1]{comment254714601322188_1034551}..[1]..[1]..[0].[0][2]..[3]."><span id=".reactRoot[1].[1][2][1]{comment254714601322188_1034551}..[1]..[1]..[0].[0][2]..[3]..[0]"><b>Divergências</b> </span></span></span></span></span><br />
<span data-ft="{"tn":"K"}" id=".reactRoot[1].[1][2][1]{comment254714601322188_1034551}..[1]..[1]..[0].[0][2]"><span class="UFICommentBody" id=".reactRoot[1].[1][2][1]{comment254714601322188_1034551}..[1]..[1]..[0].[0][2]."><span id=".reactRoot[1].[1][2][1]{comment254714601322188_1034551}..[1]..[1]..[0].[0][2]..[3]"><span id=".reactRoot[1].[1][2][1]{comment254714601322188_1034551}..[1]..[1]..[0].[0][2]..[3]."></span></span></span></span><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Entretanto, não concordo com esta reivindicação, muito menos com a forma que está sendo feita a disputa política para sua adoção. Apresenta-se laicismo como um fim (a separação completa entre Igreja e Estado), como um princípio que é válido por si só, não como um meio para atingir um fim, a saber: a liberdade e o respeito à diversidade religiosa. Em outras palavras, dizer simplesmente que o dinheiro é público e que, portanto, não deve fazer referência a nenhuma religião <b>não é argumento válido</b>, tampouco dizer que isso fere a constituição.<br />
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
Independentemente da legalidade, é necessário verificar se esta medida ajuda a atingir o fim desejado: o respeito à diversidade religiosa. Para isso, se não existe respeito às minorias religiosas, é preciso perguntar: qual a <b>origem</b> deste problema? Seria por acaso uma frase nas cédulas? Crucifixos nos tribunais? Nomes cristãos por todos os lados? Ou seriam todos estes meros sintomas do fato que o cristianismo é visto pelos cristãos como a "religião padrão" de tal forma a tornar invisíveis as outras religiões?</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
Entretanto, o debate sobre "manter ou retirar a frase" reduz toda a questão a "cristianismo" versus "ausência de cristianismo" - uma falsa dicotomia. Oras, existe, por acaso, maneira mais eficiente de reforçar a ideia que o cristianismo<b> é, de fato, a religião padrão</b>, fazendo com que ela seja a única a se inserir nos debates sobre laicismo? Pretender que o cristianismo deixe de ser o centro das atenções tornando-o mais ainda o centro das atenções?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhHhnPFOY_jQq7432RcqVPTwdKiATzagsDwhO-e_s-qUveEhRA2ouPN0r0NT1XBD6ApR7-yFk2NcTtljbn61R8vhEYj43fD5dsbN2ExCASBlw1_gRotGysKewQYrH1dAkh5HJd9V4V7Flmv/s1600/Diversidade+Religiosa2.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="290" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhHhnPFOY_jQq7432RcqVPTwdKiATzagsDwhO-e_s-qUveEhRA2ouPN0r0NT1XBD6ApR7-yFk2NcTtljbn61R8vhEYj43fD5dsbN2ExCASBlw1_gRotGysKewQYrH1dAkh5HJd9V4V7Flmv/s400/Diversidade+Religiosa2.jpg" width="400" /></a></div>
Qual a visibilidade que esta polêmica dá ao Candomblé, à Umbanda, às religiões indígenas? Ao espiritismo, ao budismo, ao hinduísmo, ao islamismo e ao judaísmo? Parece mesmo que a questão não se trata de diversidade religiosa ou respeito às religiões, mas <b>ausência completa</b> das religiões na esfera pública ou estatal! </div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
Oras, parece-me muito mais adequado fazer a disputa política para que <b>todas</b> as religiões tenham a possibilidade de serem representadas no papel moeda. Isso é bem simples, na verdade: as cédulas poderiam conter, por exemplo, "<i>Viva a diversidade religiosa do Brasil!</i>" Esta, a meu ver, seria uma medida muito mais democrática. É bem mais simples explicar para um cristão que as outras religiões também fazem parte do país e que é dever do Estado representá-las devidamente do que dizer que ele está <b>proibido</b> de manifestar publicamente a sua religião. É muito mais dialogável defender que outras religiões também tiveram papel importante na História do que defender que o cristianismo não teve papel <b>nenhum</b>.<br />
<br />
Além, é claro, de ser mais justo. <br />
<br />
É preciso, aliás, ir muito além disso. É necessário promover iniciativas de incentivo à manifestação cultural e religiosa popular, em especial das religiões marginais da sociedade. Deve haver ensino religioso nas escolas públicas, mas que não se restrinja ao cristianismo, e sim que torne visível a pluralidade religiosa, não só de hoje, mas também do passado, com o apoio e presença dos grupos religiosos locais.<br />
<br />
<br />
<b><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;">Sobre l</span>aicismo de <span style="font-size: small;">Estad</span>o</span></b><br />
<div style="text-align: justify;">
<blockquote class="tr_bq">
<i>Atento, porém, que meu posicionamento [sobre laicismo de Estado] difere da mera divisão entre
Estado e Igreja, como se a mesma fosse identificada como Público e
Privado, incapacitando o exercício político dos atores religiosos. Não
distinguo o </i>homem religioso<i> do </i>homem político<i>.
Trata-se de uma falsa polarização que visa apenas a sectarização do
cenário político. As convicções morais e ideológicas são as mesmas:
ninguém pode defender uma causa no parlamento ou no partido, e não
defendê-la da mesma maneira no templo ou na paróquia. E vice-versa.</i></blockquote>
<div style="text-align: right;">
<a href="http://sydneimelo.blogspot.com.br/2011/05/nem-todo-pecado-e-crime.html" target="_blank">A Vida de Sydnei - </a><i><a href="http://sydneimelo.blogspot.com.br/2011/05/nem-todo-pecado-e-crime.html" target="_blank">Nem todo pecado é crime</a></i> </div>
</div>
<br />
Eu, portanto, considero que a liberdade religiosa se atinge, não a partir da criação de um muro entre religião e Estado, pelo contrário: são necessárias pontes. É necessário que as diversas religiões e não-religiões tenham a possibilidade de se inserir na sociedade, a tornarem-se visíveis. É preciso garantir que elas permaneçam em diálogo entre si, para que sejam respeitados os interesses comuns acima dos particulares.<br />
<br />
As instituições religiosas, estas, sim, devem permanecer longe do Estado, assim como também devem permanecer as empresas e os bancos. Isso porque estas entidades têm excessivo poder político, de forma que a presença delas na política impossibilita a democracia. Entretanto, proibir a participação da<span data-ft="{"tn":"K"}" id=".reactRoot[1].[1][2][1]{comment254714601322188_1034551}..[1]..[1]..[0].[0][2]"><span class="UFICommentBody" id=".reactRoot[1].[1][2][1]{comment254714601322188_1034551}..[1]..[1]..[0].[0][2]."><span id=".reactRoot[1].[1][2][1]{comment254714601322188_1034551}..[1]..[1]..[0].[0][2]..[3]"><span id=".reactRoot[1].[1][2][1]{comment254714601322188_1034551}..[1]..[1]..[0].[0][2]..[3]."><span id=".reactRoot[1].[1][2][1]{comment254714601322188_1034551}..[1]..[1]..[0].[0][2]..[3]..[0]"> religião </span></span></span></span></span>no Estado significa, na prática, impedir que as pessoas tenham sua opinião democraticamente representada e, portanto, também impossibilita a democracia!<br />
<br />
Em outras palavras o Estado deve conter e representar todas as religiões, mas nenhuma Igreja!<br />
<br />
<blockquote class="tr_bq">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj1vMRBW3whQkbcHUWFpMjxck5OLbGKje2fXm-gabrcgsJCCU3RoH528EpFyB_vyx8RGn-zSMBmpw466iQbc51aBFhPwvg9ulpAzvnBp97cdX6bpn3dHuI6fwG3NNp9mmxfR-hGGHBDNuJO/s1600/ELEI%C3%87%C3%95ES+2012.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="261" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj1vMRBW3whQkbcHUWFpMjxck5OLbGKje2fXm-gabrcgsJCCU3RoH528EpFyB_vyx8RGn-zSMBmpw466iQbc51aBFhPwvg9ulpAzvnBp97cdX6bpn3dHuI6fwG3NNp9mmxfR-hGGHBDNuJO/s400/ELEI%C3%87%C3%95ES+2012.jpg" width="400" /></a><i>[Defendo] a autonomia dos cristãos evangélicos para defender suas escolhas eleitorais. Todo debate no interior da igreja deve ser bem-vindo, o que caminha justamente no contrário das atuais práticas políticas de orientação de voto feita por pastores, bispos e apóstolos em diversas denominações evangélicas do nosso país. O "voto de cajado", [...] típico voto de cabresto no interior das igrejas, difundiu-se como praga, e seu funcionamento se tornou ainda mais complexo e estruturado na medida em que denominações como a Igreja Universal do Reino de Deus passaram a aplicá-la, influenciando a reorganização de práticas políticas em todo campo religioso e político brasileiro.</i></blockquote>
<div style="text-align: right;">
<a href="http://sydneimelo.blogspot.com.br/2012/09/o-que-ha-de-errado-com-os-evangelicos.html" target="_blank">A Vida de Sydnei - <i>O que há de errado com os evangélicos na política brasileira? </i></a></div>
<br />
<span data-ft="{"tn":"K"}" id=".reactRoot[1].[1][2][1]{comment254714601322188_1034551}..[1]..[1]..[0].[0][2]"><span class="UFICommentBody" id=".reactRoot[1].[1][2][1]{comment254714601322188_1034551}..[1]..[1]..[0].[0][2]."><span id=".reactRoot[1].[1][2][1]{comment254714601322188_1034551}..[1]..[1]..[0].[0][2]..[3]"><span id=".reactRoot[1].[1][2][1]{comment254714601322188_1034551}..[1]..[1]..[0].[0][2]..[3]."><span id=".reactRoot[1].[1][2][1]{comment254714601322188_1034551}..[1]..[1]..[0].[0][2]..[3]..[0]"></span></span></span></span></span><br />
E assim, as lideranças religiosas abusam da fé do povo para obter poder político. Pelo voto de cajado e pelo poder econômico, as grandes Igrejas garantem a sua capacidade de intervenção política sobre o Estado, praticamente privando seus fiéis de uma opinião política própria, independente. O Estado deve, portanto, garantir a estes fiéis a efetiva participação a que eles têm direito na política.<br />
<span data-ft="{"tn":"K"}" id=".reactRoot[1].[1][2][1]{comment254714601322188_1034551}..[1]..[1]..[0].[0][2]"><span class="UFICommentBody" id=".reactRoot[1].[1][2][1]{comment254714601322188_1034551}..[1]..[1]..[0].[0][2]."><span id=".reactRoot[1].[1][2][1]{comment254714601322188_1034551}..[1]..[1]..[0].[0][2]..[3]"><span id=".reactRoot[1].[1][2][1]{comment254714601322188_1034551}..[1]..[1]..[0].[0][2]..[3]."><span id=".reactRoot[1].[1][2][1]{comment254714601322188_1034551}..[1]..[1]..[0].[0][2]..[3]..[0]"></span></span></span></span></span><br />
Para combater essa dura realidade, é preciso lutar para que os religiosos tenham uma espaço para desenvolver uma opinião política própria, <span data-ft="{"tn":"K"}" id=".reactRoot[1].[1][2][1]{comment254714601322188_1034551}..[1]..[1]..[0].[0][2]"><span class="UFICommentBody" id=".reactRoot[1].[1][2][1]{comment254714601322188_1034551}..[1]..[1]..[0].[0][2]."><span id=".reactRoot[1].[1][2][1]{comment254714601322188_1034551}..[1]..[1]..[0].[0][2]..[3]"><span id=".reactRoot[1].[1][2][1]{comment254714601322188_1034551}..[1]..[1]..[0].[0][2]..[3]."><span id=".reactRoot[1].[1][2][1]{comment254714601322188_1034551}..[1]..[1]..[0].[0][2]..[3]..[0]">ainda que equivocada. Eles devem ter contado com as outras religiões, para compreender a necessidade de um mínimo acordo com respeito ao que é público, comum a todos. Este é o único caminho que torna possível que haja, de fato, respeito à diversidade religiosa no país e para minar a influência do conservadorismo religioso na política.</span></span></span></span></span></div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/14244955320740851981noreply@blogger.com25tag:blogger.com,1999:blog-8270566142691532201.post-81876382820300595302012-07-31T20:06:00.000-03:002013-06-12T21:29:21.604-03:00A maldade inevitável da burguesia<div style="text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhWJkwe3HlpHC2udDL6wGQ-JFTiXvZdKaL8HQlZIMRew4oQxWFSTvXx0YiYzxz5PmSuLicUIdR29CUccaKBRhgOhNDhVGBDpEpgHcP6AUCKo3KwUF2s1-sGttFeolLsIBYlABHGh9H2AeXQ/s1600/dinheiro.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhWJkwe3HlpHC2udDL6wGQ-JFTiXvZdKaL8HQlZIMRew4oQxWFSTvXx0YiYzxz5PmSuLicUIdR29CUccaKBRhgOhNDhVGBDpEpgHcP6AUCKo3KwUF2s1-sGttFeolLsIBYlABHGh9H2AeXQ/s400/dinheiro.jpg" width="400" /></a>As grandes empresas e os grandes bancos são apontados pelos socialistas como a origem dos maiores problemas da sociedade. Eles são controlados pela classe social denominada burguesia. Demonstrarei aqui, de forma lógica e precisa, que a burguesia é tende a tornar-se antiética com o tempo pela própria natureza da natureza competitiva do sistema capitalista.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Que fique claro que, com este texto, eu não pretendo incentivar a qualquer tipo de discriminação contra as pessoas mais ricas, até porque nem todas elas são más, muito menos incentivar qualquer tipo de violência. Em vez disso, quero apenas defender que um sistema que permita que a burguesia tenha um enorme poder político é muito prejudicial à sociedade.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O mercado é bastante conhecido por sua natureza competitiva. Se há competição, então existe a seleção dos indivíduos mais adaptados ao sistema (como acontece na Teoria de Darwin). Em outras palavras, os indivíduos que possuem os meios de produção são os indivíduos mais preparados a lucrar.</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
Qual a relação entre a adaptação ao sistema e a ética dos sujeitos envolvidos? Considere dois indivíduos: o primeiro é incapaz de trapacear e o segundo não tem peso algum na consciência, de forma que pode ou não trapacear, o que for mais conveniente para ele na ocasião. Qual deles tem maiores chances de sucesso?<br />
<br />
A resposta é bastante simples: o segundo. De fato, se eventualmente aparecer uma oportunidade de negócio em que o dono da fábrica precise trapacear para fechá-lo, ou mesmo que ele possa obter um lucro maior trapaceando, então o segundo terá maior sucesso. É claro que, às vezes, trapacear pode ser desvantajoso para a empresa. Neste caso, os indivíduos selecionados serão aqueles que melhor sabem determinar se a trapaça vale a pena em cada situação. O fato é que os indivíduos mais honestos, que não se dispõem a trapacear, ficam para trás.<br />
<br />
Não é à toa que as grandes empresas de <i>softwares</i> usam o (ridículo) <a href="http://www.hardware.com.br/noticias/2011-09/patentes-htc-apple.html" target="_blank">sistema de patentes</a> dos EUA para oprimir a concorrência, fazem acordos às ocultas com outras empresas, fornecem um péssimo e caro serviço de assistência técnica, mentem para os consumidores que reclamam...</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Uma madeireira que não tem impedimentos éticos em <a href="http://www.brasilescola.com/geografia/destruicao-de-florestas.htm" target="_blank">extrair madeira</a> de áreas de preservação ambiental terá maior chances de lucro (desde que tenha cuidado de não ser pega pela fiscalização) do que uma madeireira que decida seguir a lei.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Um empresa sem peso na consciência em <a href="http://www.google.com/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=2&ved=0CFkQtwIwAQ&url=http%3A%2F%2Fwww.youtube.com%2Fwatch%3Fv%3DhDDh9jl52Z4&ei=wSQSUImoJYWe8gTz6oCoDQ&usg=AFQjCNGdDqW36TmdlrgeEI56Za-k60CGPQ" target="_blank">explorar o trabalho de crianças</a> para obtenção de lucro terá maior sucesso do que outra empresa que não explore crianças e que pague um salário no mínimo razoável pelo trabalho de cada empregado.<br />
<br />
Os mais ricos talvez <a href="http://abcnews.go.com/blogs/health/2012/02/27/are-rich-people-unethical/" target="_blank">exaltariam a ganância</a>, a perseguição dos próprios interesses, a trapaça, a mentira e até a transgressão da lei em troca do lucro?<br />
<br />
O comportamento de um determinado indivíduo é dito ético quando ele se recusa a agir de determinadas maneiras. Por exemplo, quando ele não mata, não trapaceia, não rouba, etc. Ou seja, um indivíduo antiético não é impedido de agir de forma ética em uma determinada situação se isto lhe for vantajoso, mas, por outro lado, um indivíduo ético pode ser impedido de agir de forma antiética e, por isso, perder uma oportunidade de lucro. E, de fato, este impedimento ocorre, como nos exemplos sitados acima.<br />
<br />
Assim, segue que o comportamento antiético é uma vantagem evolutiva neste sistema de competição. Portanto, as características que tendem a levar a um comportamento antiético são, aos poucos, selecionadas pelo sistema de competição capitalista. Ou seja, com o tempo, a burguesia (em especial a alta burguesia) tende a se tornar cada vez mais antiética <i>a não ser</i> que haja alguma força externa que os impeça deste tipo de comportamento.<br />
<br />
Uma possível força externa seria o convívio em sociedade. Entretanto, sabemos que os mais ricos, em geral, vivem socialmente isolados do resto da população.<br />
<br />
Vejamos se o que foi aqui exposto se verifica na realidade. O Iluminismo trouxe várias novas ideias à sociedade que são consideradas éticas (ao menos para os padrões atuais), entre as quais a liberdade e a igualdade. A Revolução Francesa, a primeira revolução burguesa, reproduziu estes ideias. Entretanto, o tempo passou e a burguesia mudou muito. A Revolução Industrial é bastante conhecida pelos grandes problemas sociais que gerou por causa da exploração, contradizendo a liberdade e a igualdade pregada inicialmente, causando a maior crise que ocorrera até então. A reação de então foi finalmente o início de várias restrições à liberdade da burguesia.<br />
<br />
Aparentemente, a burguesia tornou-se antiética com o tempo.<br />
<br />
Hoje em dia, vemos muitos acordos escusos entre empresários e políticos, mentiras, distorções e manipulações propagadas pela mídia. Vemos muitas formas utilizadas pelos poderosos de burlar as leis para assegurar seus interesses. Mesmo havendo cada vez mais leis na tentativa de evitar a libertinagem do sistema de competição, isso não parece ser o suficiente. Muitas vezes, a força política da classe dominante supera a vontade popular na aprovação de leis, como o Novo Código Florestal.</div>
<div style="text-align: justify;">
<a href="http://bulevoador.com.br/2012/07/36308/" target="_blank">E as estatísticas mostram</a> que, de fato, existe uma correlação entre riqueza e comportamento antiético.<br />
<br />
Oras, se estamos, de fato, vivendo em um sistema faz com que a classe dominante seja cada vez mais antiética, o que poderemos fazer? Seremos forçados a combater politicamente esta tendência, criando cada vez mais leis que controlem as empresas enquanto elas descobrem cada vez mais formas de burlar, manipular e contorná-las nessa guerra de classes sem fim? Não seria possível virar este jogo?</div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/14244955320740851981noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8270566142691532201.post-14024344522888281122012-07-10T20:48:00.001-03:002013-06-12T21:29:34.394-03:00Democracia e a Anel<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhnfxv6aDz_StD6_TRAWFO8ffpmsOVTja-j-2oADWfm2cTciBqaQU5U3bUz_88XcQvw0QBLtyCH6CoK0AWsHYuIr5nahgm1238kCMlPdE7qImUtqI_L26BTMypeIa-xma1udbFzKfJeJ1vK/s1600/Anel.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhnfxv6aDz_StD6_TRAWFO8ffpmsOVTja-j-2oADWfm2cTciBqaQU5U3bUz_88XcQvw0QBLtyCH6CoK0AWsHYuIr5nahgm1238kCMlPdE7qImUtqI_L26BTMypeIa-xma1udbFzKfJeJ1vK/s400/Anel.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Assembleia Nacional da Anel, 17 de junho, Plenária Final.<br />
Um minuto de silêncio pelos estudantes perseguidos e mortos.</td><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><br /></td></tr>
</tbody></table>
Talvez a etapa mais importante na minha compreensão sobre o que é socialismo foi minha viagem à <a href="http://www.anelonline.org/?p=295" target="_blank">Assembleia Nacional da Anel</a>. O processo de discussão de assuntos, pautas e propostas era ao mesmo tempo dinâmico, bem organizado e democrático. Mas o mais curioso de tudo é que não havia líderes: havia apenas uma comissão cujo papel era anotar cada decisão tomada e conduzir as discussões e a plenária. Neste caso, quem é que dava a palavra final?<br />
<br />
O voto.<br />
<div style="text-align: justify;">
<br />
Na Plenária Final, que foi, sem dúvida, a parte
mais impressionante de todo o evento, as propostas separadas em diversos temas eram mostradas por um projetor e lidas à plateia. "Algum destaque?", perguntava uma das moças sentadas a uma mesa sobre o palanque. Frequentemente alguém levantava a mão e dizia "Destaque!" e a ele ou ela era dada a permissão de explicar o problema à plateia em 30 segundos. Muitas vezes, consistia apenas numa alteração das palavras. Por exemplo, em vários pontos em que lia-se "estudantes", foi sugerido que fosse adicionado "funcionários e professores", para dar um caráter de união à greve, o que é indubitavelmente necessário. Após a alteração, a proposta era colocada em votação:<br />
- Delegados favoráveis à proposta, por favor, ergam seus crachás. Contrários. Abstenções. A proposta foi aprovada por contraste.</div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Quando o destaque apresentado gerava uma polêmica, ao autor eram dados 2, 3 ou 4 minutos para defender a alteração ou remoção da proposta. O mesmo tempo era dado a um defensor da proposta original e a votação decidia qual delas seria mantida. Tudo acontecia muito rapidamente, quem piscou perdeu algum detalhe.<br />
<br />
A votação mais surpreendente foi sobre a principal reivindicação da greve a ser levada ao Comando Nacional de Greve dos Estudantes. Haviam duas propostas, os delegados votaram a favor da primeira. Ao ver a segunda proposta ser negada, sua defensora dirigiu-se à mesa que estava sobre o palanque. Depois a mesa dirigiu-se à plateia:<br />
- Ela está me explicando que, como esta é uma votação muito importante, os observadores devem votar. Observadores favoráveis à proposta, por favor, ergam seus crachás...<br />
<br />
Neste momento, meu queixo estava no chão. Em vez de dizerem que isso não era permitido ou de defenderem-se com algum artigo ou parágrafo no estatuto da Anel, permitiram que a votação fosse feita. Não havia <i>burocracia</i> como vi acontecer <a href="http://opinioesdobandeirinha.blogspot.com/2012/02/politica-e-o-que-nao-sabem-sobre-ela.html" target="_blank">na CP do prefeito Silvio Félix</a> e (mais de uma vez) no <a href="http://opinioesdobandeirinha.blogspot.com/2012/03/o-patetico-movimento-estudantil-da_27.html" target="_blank">Conselho Universitário da Unicamp</a>. A vontade do povo, de fato, era superior a qualquer regra previamente estabelecida.<br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjP107qNiF0VNZU72yOfdvz5PHZKDAylAfSWqLGhaq5HhYU5ejCR9TOOzfkmln99x3fU9oueulfPhyphenhypheno1E5JO56VWQr25bysMHYPVasm8hcBxq-2Gj7J2pKAiajGqpmw-gZMgO_inMSOOChw/s1600/Anel+vota%C3%A7%C3%A3o.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjP107qNiF0VNZU72yOfdvz5PHZKDAylAfSWqLGhaq5HhYU5ejCR9TOOzfkmln99x3fU9oueulfPhyphenhypheno1E5JO56VWQr25bysMHYPVasm8hcBxq-2Gj7J2pKAiajGqpmw-gZMgO_inMSOOChw/s400/Anel+vota%C3%A7%C3%A3o.jpg" width="400" /></a>Ah! E eu que pensava que sabia o que era <i>democracia</i>!<br />
<br />
Afinal, quem é que cria as regras? Não é a própria plenária, o próprio parlamento? Oras, se é o próprio parlamento que as cria, então ele também pode alterá-las sem, para isso, ter que passar pela burocracia por elas criada.<br />
<br />
Como não havia nenhuma figura de liderança, todas as divergências eram resolvidas a partir da negociação e do voto dos delegados. As polêmicas muitas vezes eram difíceis de se entender, de forma que era necessário bastante concentração e reflexão - ao menos da minha parte. De fato, como as defesas só se limitavam a, no máximo, 4 minutos, o expoente não tinha a oportunidade de mastigar as informações. Por isso, era necessário que o ouvinte já tivesse conhecimento básico sobre o assunto. E quem não tinha, claro, não custava conversar e discutir brevemente com a pessoa ao lado, o que acontecia o tempo todo, a despeito dos pedidos de silêncio por parte da organização.<br />
<br />
As resoluções tomadas por essa assembleia com respeito à greve foram levadas ao Comando Nacional de Greve dos Estudantes e foram aprovadas.</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
Aprendi muitas coisas com esta experiência. Passei a entender que política se aprende apenas na prática, não na teoria. Não adianta simplesmente estudar ou pesquisar: deve-se aprender a discutir e defender seu próprio ponto de vista. Apenas participando das próprias tomadas de decisão é que se aprende como e por que elas são feitas, quais as pressões políticas envolvidas, os prós e contras de cada opção.</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
Em segundo lugar, também descobri que tanto a própria forma de funcionamento deste evento como a estrutura política dos sindicatos são fortemente baseadas nas teorias sócio-econômicas marxistas. Em outras palavras, isso é socialismo na prática. Ao contrário do que muitos costumam pensar, socialismo não é simplesmente teórico em quase nada.<br />
<br />
Ao contrário do que se pensa, socialismo não significa necessariamente ausência de diferenças sociais, de salários ou remuneração diferenciada. Afinal de contas, numa verdadeira democracia, <b>tudo</b> é discutível. E é isso o que socialismo, de fato, significa: democracia.<br />
<br />
<br />
<a href="http://opinioesdobandeirinha.blogspot.com/2012/06/socialismo-1-politica-e-uma-merda.html" target="_blank">< Parte 1</a> <a href="http://opinioesdobandeirinha.blogspot.com.br/p/socialismo.html" target="_blank">Índice</a> <a href="http://opinioesdobandeirinha.blogspot.com/2012/07/socialismo-3-maldade-inevitavel-da.html" target="_blank">Parte 3 ></a><br />
<br />
<h3>
<b>Mais detalhes sobre o evento</b></h3>
<div style="text-align: justify;">
</div>
Deixo aqui alguns exemplos para que saibam a que nível de detalhes as decisões eram tomadas. <br />
<br />
Na sessão de abertura, houve discursos de várias pessoas, incluindo um bombeiro (uma vez que a Anel <a href="http://anelondrina.wordpress.com/2012/02/11/nota-de-apoio-a-luta-dos-policiais-civis-militares-e-bombeiros-do-rio-de-janeiro/" target="_blank">apoiou a greve</a>
de bombeiros e policiais do Rio de Janeiro), vários comandos locais de
greve das universidades federais e estudantes de outros países.<br />
<br />
Os participantes foram divididos (aleatoriamente ou por livre
escolha) em grupos para realizar discussões sobre diversos temas (a
Greve das Federais, o Rio+20 e a Cúpula dos Povos, machismo, racismo,
homofobia, o Novo Código Florestal, a Usina de Belo Monte...)<br />
<br />
As
discussões ocorrem da mesma forma que nos sindicatos e no movimento
estudantil: quem tivesse algo para expor se inscrevia e os inscritos iam
sendo chamados um a um. As falas dos participantes eram limitadas a 3, 4
ou 5 minutos.<br />
<br />
No grupo de discussão sobre racismo, um rapaz disse ser <i>contraditório</i>
a Anel apoiar a greve de policiais e bombeiros, porque, resumindo,
"as instituições militares fazem parte do aparato de repressão de Estado, reprimem os pobres e
os negros". Aplaudiram. Em resposta, uma moça argumentou:
"Contraditório? Contraditório são os policiais negarem-se a obedecer o
Estado e fazer uma greve quando deveriam estar oprimindo a população!" Os aplausos
foram mais fortes.
<br />
<br />
Durante
as discussões, as propostas de ação política que eram apresentadas
pelos participantes eram anotadas para serem votadas (depois de
previamente selecionadas) na Plenária Final.<br />
<br />
Numa proposta, se não me engano, sobre reivindicação de aumento de bolsa estudantil, solicitaram que fosse antes reivindicada a alteração de uma lei que impedia este aumento. A alteração foi aprovada.<br />
<br />
Quando surgiu a proposta de fazer cartazes e faixas contrárias à UNE nas greves e nos atos, uma moça apresentou um destaque bem simples, que foi fortemente aplaudido: "Gente, não precisa disso." A votação foi contrária à proposta.<br />
<br />
Sobre a principal reivindicação da greve. A primeira proposta defendia o destino de 10% do PIB à educação e
elaboração de um Plano Nacional de Educação que, de fato, atenda às
necessidades do país. A segunda, além dos 10%, reivindicava também a
estatização de faculdades privadas, o fim do vestibular e vagas nas
universidades para todos os estudantes.<br />
<br />
A defensora da primeira proposta explicou que quem escolhe as
reivindicações da greve são os grevistas e não a Anel. O papel desta
deveria apenas ser dar sustentação a estas reivindicações e não criar
reivindicações que estão longe da atual realidade. A defensora da
segunda disse que deveria-se pensar também nas necessidades dos
estudantes das universidades privadas. A votação, tanto dos delegados quanto dos observadores, foi em
favor da primeira.<br />
<br />
Outro exemplo do caráter da democracia do evento foi quando alguém defendeu que a Anel deveria mudar sua posição com respeito às greves dos militares. Esta decisão havia sido aprovada pela CSP-Conlutas, à qual a Anel é filiada. A polêmica surgida é se a Anel deveria manter esta posição ou se esta deveria ser colocada sob discussão e votação. Houve, então, as defesas dos dois lados e a votação decidiu que a decisão tomada pela CSP-Conlutas deveria ser mantida.<br />
<br />
Ao final de todas as resoluções, a mesa apresentou o órgão executivo que teria o papel de colocá-las em prática. Não havia nenhum destaque a ser apresentado e a votação em favor deste órgão foi unânime. Seus mandatos são revogáveis a qualquer momento.</div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/14244955320740851981noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8270566142691532201.post-59162213587986299482012-07-06T20:25:00.000-03:002012-12-02T13:15:23.893-02:00"Loucos por ti, Corinthians!"<div style="text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgvAXi0FOSJqm6z5xyTzYOA5fZ4JMG9yWswz_H7e9Qxc6Xz4LCwtGT7xovvfrnx4ssMz7duoivvKJfrP7KTtJQ4RLy1GqJ7NHmLydpP_gDUc_-JzTLtnIIoZGQ3BnzHHAlzhDfEycDC2Dvb/s1600/Corinthians.png" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgvAXi0FOSJqm6z5xyTzYOA5fZ4JMG9yWswz_H7e9Qxc6Xz4LCwtGT7xovvfrnx4ssMz7duoivvKJfrP7KTtJQ4RLy1GqJ7NHmLydpP_gDUc_-JzTLtnIIoZGQ3BnzHHAlzhDfEycDC2Dvb/s1600/Corinthians.png" /></a>Não, caro leitor, esse não é mais um texto de mais um torcedor fanático do Corinthians comemorando o tão sofridamente título obtido por este nesta quarta. Não que eu não tenha comemorado ou ficado contente, pelo contrário, mas minha alegria não foi pelo título, mas pelos torcedores. Há muito vejo-os sendo caçoados especialmente por seu time sem estádio, com pouco apoio financeiro e poucos títulos. Isso quando não os chamam de bandidos ou mesmo de hipócritas. Sic.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Sim, a disputa da torcida é mais violenta que a dos próprios times!</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Convenhamos, sejamos racionais, o fanatismo por um time de futebol não faz muito sentido. Um esporte faz sentido até o ponto em que é uma diversão, linha que há tempos foi ultrapassada. Isso, claro, sem falar em muitas outras características associadas a este esporte. Mas há uma coisa que faz ainda menos sentido do que tudo isso.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Imagine que você viajou para Gana. Alguns ganenses recém-conhecidos lhe convidam a assistir a um jogo deste país contra a Argélia. Nestas condições, o que lhe parece mais natural: torcer por Gana, por nenhum dos dois times ou pela Argélia? Você comemoraria os gols do adversário com a intenção de deixar os ganenses chateados? Talvez até provocá-los, deixá-los bravos?<br />
<br />
E, quando Gana possivelmente
ganhasse um torneio africano, você falaria para eles que Gana não tem tantos
títulos quanto o time do seu país? Compararia números, vitórias, títulos, para que eles não comemorassem tanto a vitória que obtiveram?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
É impressão minha ou somos naturalmente mais amigáveis com as pessoas mais distantes do que com aquelas que nos rodeiam? Não me impressiona que nossos líderes tenham tanta facilidade em dominar-nos, fazer-nos de gato e sapato, se criamos picuinhas até mesmo naquilo que não importa.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
E quanto ao prefeito Kassab, que fez a
sandice de proibir que a maior torcida do estado comemorasse a primeira vez
que seu time obteve a taça da Libertadores na avenida Paulista? E de ainda por cima <a href="http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/1115398-torcedores-do-corinthians-entram-em-confronto-com-a-pm-na-paulista.shtml" target="_blank">mandar a polícia</a> para reprimir os desobedientes? Kassab, vá à merda! Infeliz, filho de chocadeira que não suporta ver a felicidade alheia, vá tomar no seu cu!</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Fui para um bar assistir ao jogo com os amigos. O jogo não me interessava, mas, ainda assim, torci pelo Corinthians, gritei e pulei quando marcaram os gols. Emocionei-me em ver as aclamações pelo time amado, os gritos e os casos de rouquidão permanente. Ao final, alguns, sem acreditar no que viam, choravam de emoção. Era a comemoração deste bando de loucos. Loucos pelo Curintia.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Ao vê-los, pensei: o que seria deles se o time perdesse? Se tamanha foi a alegria, quão grande não seria a decepção? O que seria deste povo que, mesmo tão sofrido, mesmo com tanta pressão, não abriu mão de sua esperança? Que, mesmo sendo alvo de gozação e até preconceito, negou-se a perder sua identidade? Povo tão forte, mas, ao mesmo tempo, tão frágil!</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Não dou a mínima para o Corinthians, mas eu morreria por essa torcida.</div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/14244955320740851981noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8270566142691532201.post-8931166751265122192012-06-27T20:24:00.000-03:002013-06-12T21:29:50.394-03:00Política é uma merda!<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEii7agaE_zJewbMxRN9c7aU_NmODKVXiUzzE1I2D-oCR2v34TQt4OZAYO6WmZHn5z8AOqhkkIUXB6j1mCrvXOiwTH1HWggBuMY4voAiio0Dv0S6aHuQgR7w7EzgCsW4itv_MOaRJrK28LrO/s1600/reforma-politica.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="333" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEii7agaE_zJewbMxRN9c7aU_NmODKVXiUzzE1I2D-oCR2v34TQt4OZAYO6WmZHn5z8AOqhkkIUXB6j1mCrvXOiwTH1HWggBuMY4voAiio0Dv0S6aHuQgR7w7EzgCsW4itv_MOaRJrK28LrO/s400/reforma-politica.jpg" width="400" /></a>Corrupção, acordos escusos, mentiras deslavadas. Esta é a política que nós conhecemos. Um político acusa o outro, a mídia expõe os problemas de vários e o povo trabalhador, cada vez mais perdido, vai perdendo as esperanças e o interesse em política. Desanimado, chamam-no de palhaço por não se informar. Mas quem é o verdadeiro palhaço? Seria o povo, que vive em condições precárias, sem educação para saber o que está acontecendo, quem é honesto e quem não é? Ou seriam os políticos, que aparecem na televisão com um sorriso e um pedido: "Vote em mim, pois eu sou honesto, capacitado e represento as suas vontades"?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
É como se dissessem:</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
- Caro cidadão, cara cidadã, adivinhe se eu digo a verdade! Eu sei, você não me conhece, mas terá que me julgar nestes poucos minutos a partir desta aparência maquiada, deste sorriso falso e deste discurso artificial. Não pode? Como não pode? Você não é vidente?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O que poderíamos esperar: que aquele que mal tem tempo para o lazer abrisse mão de seu descanso para aprender sobre política? Que culpa tem a mãe de família se não tem tempo de pesquisar as propostas de candidato por candidato e buscar entender quais serão os resultados se forem aplicadas? Como ela poderia saber que o jornal ou a revista que lê ou assiste todos os dias tem fortes tendências políticas que são, aliás, contrárias às suas verdadeiras necessidades? Esperaríamos, então, que todo santo habitante de nosso mundo conhecesse o mínimo sobre política e economia <i>antes</i> que pudesse votar "corretamente"?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Mas como isso poderia acontecer se aqueles que a sociedade ergue ao Palácio (que seriam teoricamente responsáveis por fornecer esta educação mínima necessária) não representam seus interesses, mas os interesses da burguesia? Oras, esta teria algum interesse em sua educação política?</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Pobre povo que trabalha o dia todo para
sustentar, não só a própria família, mas também a essa corja de políticos e burgueses mal-agradecidos! Se o político que, ontem, era do povo,
dizia-se revolucionário, hoje aperta a mão dos conhecidamente
corruptos em troca de alguns minutos de televisão, que raios de revolução foi essa? Oras,
políticos fazendo acordos escusos para serem eleitos, isso já existia aos montes! Onde está a transparência, a honestidade, a verdadeira representatividade?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Cadê a <i>democracia</i>?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
E o povo, se já
estava perdido, quanto mais agora! Em
vez de aproximar o povo da política, dão ainda maiores motivos para que
este se afaste e confie ainda menos nos políticos! Se fazem acordos e concessões, se passam a perna no povo às abertas, o que farão quando estiverem no oculto? Se mentem para ele sem a menor vergonha na cara, como podem sequer ousar dizer que o representarão quando estiverem lá em cima, naquele palanque burguês? Ou devo dizer: <i>palanquim</i>?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgAEua52yQ2_kBj5gIFj1E_O9aPvvnIorsZzt3COP8VRa1CvenZ1IakBtg6Z9wNAV-hPEgP0OvJNaBA8oANYmQ33J44r4MvA4_EED3KMrPOfx_JcIN2didcCh2OtHuL17574EIo2-XV-sDP/s1600/basta-mafalda.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgAEua52yQ2_kBj5gIFj1E_O9aPvvnIorsZzt3COP8VRa1CvenZ1IakBtg6Z9wNAV-hPEgP0OvJNaBA8oANYmQ33J44r4MvA4_EED3KMrPOfx_JcIN2didcCh2OtHuL17574EIo2-XV-sDP/s400/basta-mafalda.jpg" width="341" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
Como a sociedade confiará em alguém que nem sequer é sincero quando se dirige a ela? Não podem nem mesmo respeitar àquela que os colocam lá em cima? Neste mar de
insanidade e hipocrisia, onde estão os políticos que se negam a rebaixar
seu próprio nível em troca de votos e a seguir jogando este jogo de cartas marcadas? Quem é que dará um basta nessa discussão sobre quem dentre os políticos é o "menos pior"?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Não são os políticos que são corruptos, muitos deles (acredito eu) têm as melhores intenções do mundo. Mas o sistema <i>todo</i> é corrupto. Raros são aqueles que estão lá em cima sem o apoio financeiro das empresas e dos bancos - e, portanto, representam a estes, não ao povo que os elegeu. A corrupção começa aí: não são as propostas, a capacidade ou o discurso, mas sim o dinheiro que elege quais partidos e quais políticos terão condições financeiras para fazer sua campanha e concorrer às eleições. Por trás de cada político corrupto há um burguês corruptor garantindo a manutenção de seus interesses. Isso não mudará, não pode mudar sem uma verdadeira revolução.</div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/14244955320740851981noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8270566142691532201.post-14863219588566241192012-06-02T20:51:00.000-03:002012-06-02T20:53:04.638-03:00A Marcha das Vadias... Cristãs<div style="text-align: justify;">
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgLDjdLSHGAw5EKjSu-URtIHRfy0os7PmSsYKxj4ACzD20rm-GFxsouDBypD2waatpoSJmFaheUmIno8VINZt_Fyo55cXaD8-7SorCHaD2waIsY7PTjyS9aBS_uuf5A1NDC-IhKMXfD4JPZ/s1600/marcha+das+vadias.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="298" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgLDjdLSHGAw5EKjSu-URtIHRfy0os7PmSsYKxj4ACzD20rm-GFxsouDBypD2waatpoSJmFaheUmIno8VINZt_Fyo55cXaD8-7SorCHaD2waIsY7PTjyS9aBS_uuf5A1NDC-IhKMXfD4JPZ/s400/marcha+das+vadias.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><a href="http://acciolytk.blogspot.com.br/2012/05/marcha-das-vadias-mulheres-protestam.html" target="_blank">Fonte</a></td></tr>
</tbody></table>
Uma nova onda de estupros surge em uma cidade qualquer. Desta vez, as vítimas possuem um característica bastante peculiar: são moças cristãs. Há muita discussão acerca do motivo, alguns psicólogos pensam que trata-se de uma certa obsessão por pureza. As vítimas preferidas são aquelas que carregam terços, bíblias, colares e brincos em formato de cruz. E se estiverem rezando, nossa, aí elas estão praticamente implorando para serem atacadas. Entretanto, curiosamente, as cristãs se negam a desfazerem-se de seus costumes, afirmando que ser cristã é seu direito, culpados pelos estupros são os estupradores. Mas a sociedade desta cidade, cuja maioria não é cristã, não pensa exatamente desta forma. Pelo contrário, pensam que, na verdade, as cristãs são... vadias.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Afinal de contas, se elas não querem ser estupradas, então elas deveriam deixar de ir à igreja. Os molestadores ficam à espreita, observando as mulheres que saem de lá, e memorizam seus rostos. Alguns, dizem por aí, até costumam frequentá-las para planejar melhor seus ataques. Sendo assim, se elas vão lá, é porque querem ser atacadas, não pode haver outro motivo. Claro, elas sabem muito bem o risco que estão correndo ao comportar-se desta forma.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Ah, e as freiras, então... Quando elas afirmam que são atacadas, os policiais não movem um só dedo. Quem é que iria acreditar numa freira que diz que foi estuprada? Ah, não, ela provavelmente implorou para que o criminoso continuasse. Ele, coitado, só queria corrigi-la, curá-la da sua freirisse.<br />
<br />
Um policial decide fazer um discurso nesta cidade, explicando o que as moças devem fazer para evitar os ataques. Em seu discurso, a melhor dica que ele poderia dar: "Parem de ir à igreja."</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
As cristãs desta cidade se revoltam. É claro, não se conformam com o comentário teofóbico. Se o problema são os estupradores, por que é que o povo está julgando as mulheres por serem ou não cristãs? Não, o que é isso, temos que protestar contra esta situação calamitosa! Temos que nos unir pelo direito de vestir o que quisermos e de rezar onde bem entendemos. Vamos juntar todas as mulheres que pudermos e protestarmos pelo nosso direito de professarmos a nossa fé.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
E assim nasce a Marcha das Vadias... Cristãs.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Lá se foram elas, as cristãs, as freiras, os pastores, os monges e até cantores de música gospel. Levaram faixas, cartazes e crucifixos, todas animadas, cantando, exigindo liberdade de expressão, liberdade de ser. Mas eis que elas realizam o ato mais absurdo possível:<br />
<br />
Ajoelham-se no meio da rua e rezam uma Ave Maria.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Ah, não, mas que absurdo!, exclama a cidade, <a href="http://bdbrasil.org/2012/06/01/novamente-suspensa-pelo-fb-agora-por-3-dias/" target="_blank">escandalizada</a>. Não bastassem ficar de joelhos, ainda decidem rezar! E tiram fotos! E ainda por cima tinham crianças vendo, ah, não, não pode ser! Mas o que elas esperam com isso? Agora é que vão mesmo ser atacadas! Se elas não têm respeito por si mesmas ao ponto de rezarem no meio da rua, com muito menor razão respeitá-las-ão os estupradores! Estão declarando abertamente (e ainda por cima com orgulho!) aquilo que realmente são: vadias!</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Hum... Será mesmo? Por que razão estas moças se autodenominam vadias? Será que é porque elas não respeitam a si mesmas? Ou será que é simplesmente uma forma de dizer: "não temos vergonha de sermos chamadas de vadias pois não estamos fazendo nada de errado"? Não estamos fazendo nada que é proibido, não estamos infringindo nenhuma lei, então por que raios estão nos recriminando pelos crimes dos outros?<br />
<br />
E quanto a rezar no meio da rua? Estão fazendo isso para provocar ainda mais os estupradores? Ou estão entrando em confronto com a cultura teofóbica estabelecida nesta cidade? Oras, antes fosse grande coisa, até parecem que nunca viram uma moça rezando ajoelhada na vida! Se algum homem se excita ao vê-las, grande coisa, elas sabem muito bem disso, mas que ao menos saibam que tudo tem hora e lugar: há uma grande diferença entre uma mulher rezando na Marcha das Vadias de uma rezando num quarto com as cortinas fechadas. E, acima de tudo, que saibam respeitá-las pelo que são: <i>mulheres</i>, não objetos feitos para satisfação sexual masculina.</div>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/14244955320740851981noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8270566142691532201.post-91712772533980999322012-05-21T21:41:00.001-03:002012-05-24T15:15:54.720-03:00Em defesa da religião<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjzmDoSrs8HGR_jAmfCfKCePgGHpz96pFCKzHpQV1khN3-O1fv_nDchwOQ3qKMeTG5ywnVwn2djJgKsCjedYg7vv61PrAo75ZM3tIAz6sQ3TFqNzBysmEHyDCfNBuB0V9N0HX7u6RF6jTUH/s1600/religioes.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjzmDoSrs8HGR_jAmfCfKCePgGHpz96pFCKzHpQV1khN3-O1fv_nDchwOQ3qKMeTG5ywnVwn2djJgKsCjedYg7vv61PrAo75ZM3tIAz6sQ3TFqNzBysmEHyDCfNBuB0V9N0HX7u6RF6jTUH/s1600/religioes.jpg" /></a></div>
Um homem do século XXI com uma boa educação passa por no mínimo, 11 anos dentro de escolas, estudando matemática, literatura, arte, química, física, biologia, sem contar a formação cultural recebida pelos pais e pelas relações sociais com outros indivíduos formados. Passamos por inúmeras evoluções revoluções na história humana. Eis que então que o ateu moderno, um homem conheceu o valor do pensamento crítico, do raciocínio lógico e tantas outras formações culturais inacessíveis à maioria da população de hoje, é capaz de dizer: "Ah, mas eu não preciso de religião na minha vida."<br />
<br />
É muito fácil dizer isso, não é?<br />
<br />
De fato, depois que a sociedade está toda construída e de toda a formação que ele recebeu, ele é capaz de finalmente capaz de "libertar-se" da religião. Perfeitamente, assim como ele também não precisa mais de uma lança para caçar ou de um cavalo para se locomover. Mas será mesmo que o que foi construído a partir da religião seria possível de se construir de alguma outra forma? Mais ainda, será que seria sequer possível emergir uma sociedade a partir de homens não civilizados sem que eles construíssem uma religião?<br />
<br />
Vejamos. Pegamos um grupo de bebês, colocamos eles numa grande ilha, longe de qualquer contato com a civilização. Criamos-lhes da forma mais básica possível, os ensinamos a caçar, pescar, enfim, apenas o essencial para a sua sobrevivência e esperamos um tempo bem longo, talvez milhões de anos. Como faríamos para impedir que eles criassem uma religião? Proibiríamos-lhes de manifestar qualquer crença no sobrenatural? Mas, se fizéssemos isso, não estaríamos influenciando-os com a nossa cultura e, portanto, alterando os resultados do experimento?<br />
<br />
Não é nem sequer possível falar de uma sociedade de seres humanos que supostamente se desenvolveu sem a religião. Só houve na História da humanidade uma sociedade sem religião que se tenha conhecimento: a tribo indígena dos Pirarrã. Uma sociedade bem sucedida, mas pouco "desenvolvida" (o leitor entenda): não tem escrita, Estado ou leis. É bastante comum as pessoas cometerem anacronismo ao afirmarem que a humanidade poderia ter se desenvolvido da forma como se desenvolveu sem religião a partir da sua experiência com a sociedade atual. Ela está enraizada de tal forma em todas as culturas que é impossível determinar como elas teriam se desenvolvido sem sua influência.<br />
<br />
<br />
O caráter social das crenças religiosas tiveram um papel fundamental na formação dos Estados e das leis. Ela foi um mecanismo rudimentar, mas eficiente, de transmissão e conservação do conhecimento acumulado. Em seus rituais encontram-se, por exemplo, práticas associadas à
higiene e à prevenção de doenças, como nos conhecidos rituais de
purificação do judaísmo.<br />
<br />
Um fenômeno <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Anthropology_of_religion#History" target="_blank">característico da religião</a> é a projeção psicológica.
Faz parte da natureza do homem atribuir a elementos do mundo externo as
emoções e concepções internas. Ao analisar os textos religiosos antigos
de forma literal, o que se encontra é um mito. Ao analisá-los como se
fossem metáforas, o que se vê neles é um retrato da sociedade em que ele
foi escrito e da opinião pessoal de quem o escreveu. São descrições
de como o homem vê a natureza, a sociedade e a si mesmo.<br />
<br />
<br />
É por isso, por exemplo, que existem deuses da guerra, da civilização, da lei, da justiça (característica da sociedade), da sabedoria, da coragem, do amor (característica do próprio homem), entre tantos outros exemplos, e é pelo mesmo motivo. As divindades centrais do hinduísmo, por sua vez, descrevem o processo como a sociedade se constrói (Brahma), se mantem (Vishnu) e se transforma (Shiva).</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Como a projeção psicológica é natural ao homem, a criação da religião também é.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
Vishnu e Shiva apresentam uma <a href="http://www.ted.com/talks/jonathan_haidt_on_the_moral_mind.html" target="_blank">relação com as correntes</a> de pensamento de esquerda e direita, ou liberais e conservadoras. Enquanto os liberais priorizam a transformação, a renovação da sociedade, os conservadores prezam pela manutenção da ordem social. Vishnu - o conservador - governa o mundo, impedindo a qualquer custo que Shiva - o liberal - destrua-o até o momento em que tudo se torna um caos impossível de se manter. Então Vishnu sai de cena e Shiva destrói tudo para que o mundo possa ser reconstruído por Brahma - uma descrição de como funciona a revolução.<br />
<br />
Na doutrina budista, encontram-se várias ideias essenciais para a época e até mesmo para os dias de hoje: a valorização do pensamento crítico, do ceticismo, do auto-conhecimento, formas de lidar com o sofrimento humano que envolvem caridade, empatia (o budismo entendia sobre empatia bem antes da psicologia), a desvalorização da vingança... Por exemplo, <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Kalama_sutta#Discerning_Religious_Teachings" target="_blank">Kalama Sutta</a>, um discurso de Buda, defende o ceticismo, a autoridade de cada um em decidir por si mesmo no que deve acreditar e alerta para o que hoje nós denominamos falácias lógicas.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O budismo sobreviveu durante cinco séculos antes das histórias de seu fundador serem colocadas nos livros, mostrando como ele foi uma ferramenta poderosa na transmissão destas ideias mesmo sem serem colocadas nos livros.<br />
<br />
As religiões são frequentemente criticadas pelos seus maus valores morais e por disseminar práticas perniciosas. Tome, por exemplo, a escravidão, tortura e outras práticas perversas perpetuadas pelas instituições religiosas há alguns séculos. Pela natureza da religião que é contrária ao questionamento e à crítica, foi bem difícil para os questionadores reverterem este quadro.<br />
<br />
Entretanto, passam-se os séculos e a religião toma para si a posição contrária às mesmas práticas perversas que antes ela defendia. E o mais importante: com o mesmo rigor, dificultando o regresso à selvageria, conservando os valores morais que os antigos inimigos da religião lutaram tanto para estabelecer!<br />
<br />
Que fique claro um detalhe: a religião não cria nem fornece uma fonte para os valores morais. Ela é, por natureza, um mecanismo de conservação. Por este motivo, ela precisa ser renovada pelos seus membros. Daí a grande importância do <a href="http://opinioesdobandeirinha.blogspot.com/2011/08/importancia-das-diferencas.html" target="_blank">constante questionamento</a> a ela.<br />
<br />
É uma pena para a História que o catolicismo tenha se tornado um sistema autoritário, ditatorial, repressivo, imutável, inquestionável. Herança maldita do Império Romano. Durante a Idade das Trevas, Vishnu (a Igreja Católica) assassinou Shiva (os hereges), mantendo o caos. A dinâmica e diversidade revolucionária do cristianismo dos primeiros séculos só veio renascer recentemente com a Reforma Protestante. Não é à toa que ainda hoje ele defende uma ideologia arcaica: o cristianismo parou no tempo. Não é religião digna dos tempos modernos.<br />
<br />
Comparem cristianismo e islamismo com judaísmo, budismo e espiritismo nas questões éticas contemporâneas como homossexualidade, aceitação de outras crenças, valorização da ciência, secularismo... Enquanto, em geral, os dois primeiros dizem "os descrentes serão eternamente torturados", os outros três dizem "salvação independe de crença".<br />
<br />
Dizem que religião é antiquada, coisa do passado, contrária ao pensamento crítico, ao ceticismo, à razão. Estão equivocados, subestimam a capacidade de mutação e adaptação da religião. O pastor Gondim não é um caso isolado, ele representa um fenômeno que surgiu em resposta ao avanço da secularização e do ateísmo: o irenismo. Enquanto antirreligiosos fixam-se no que a religião é, ou às vezes até mesmo no que ela foi, não conseguem ver o que ela se tornando. Teorizam que é impossível que a religião se torne racional e não percebem que, na verdade, isso já está acontecendo. Eles cometem um erro atacar feroz e imprudentemente a religião como um todo, espalhando o sentimento de aversão e ódio. Isso é pensamento anti-irenista e, por isso, alimenta o fanatismo religioso. A religião deve ser atacada pelo seu lado podre, não pelo lado renovador.</div>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/14244955320740851981noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-8270566142691532201.post-27047375309149994352012-05-19T20:04:00.001-03:002012-05-19T20:08:14.089-03:00A culpa não é das vítimas<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiaI5AnXtACoomz-3AETDDtnOBz4sWrKW-JVHNAEqTofZbdKFvXA6Q5u1saVVyt2K9bHt_MvjAF8DKHlYrouFhYUdcZntXvFsTWdg888CcD4BvX8sO6leueZ4ogxJZqyCseN4T8rsKPyySF/s1600/igreja+dinheiro.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiaI5AnXtACoomz-3AETDDtnOBz4sWrKW-JVHNAEqTofZbdKFvXA6Q5u1saVVyt2K9bHt_MvjAF8DKHlYrouFhYUdcZntXvFsTWdg888CcD4BvX8sO6leueZ4ogxJZqyCseN4T8rsKPyySF/s1600/igreja+dinheiro.jpg" /></a></div>
Edir, Valdemiro e Cia: nós todos sabemos como eles adoram enganar o povo para que este os entregue gratuita e irrestritamente o vil papel de dentro do bolso. Basta que eles subam ao palco, ou melhor, ao púlpito, e que façam uma pequena <a href="http://www.youtube.com/watch?v=jYjgeayfYPI" target="_blank">apresentação de mágica</a>, com direito a "crescimento" de pernas, expulsão de demônios, adivinhação de nomes, profecias e apresentações musicais. São os nossos queridos amigos, os líderes religiosos exploradores e oportunistas. Há quem culpe as vítimas por sua ignorância, por não terem autoridade sobre si mesmas e darem um basta a esta exploração.<br />
<br />
Para mim, é extremamente perturbador ter que defender algo tão óbvio: a exploração é por responsabilidade e culpa do explorador, não do explorado. Pensar o oposto é culpar as vítimas de estupro por sua forma de andar e de se vestir, é usar a culpa por "<a href="http://opinioesdobandeirinha.blogspot.com/2012/01/o-pinheirinho-e-nossa-sociedade-maldita.html" target="_blank">invasão de propriedade</a>" como desculpa para tratar seres humanos como os animais que abatemos para consumo. É como o ladrão que invade sua casa e lhe diz: "A culpa é sua, a janela estava aberta".<br />
<br />
Então, se uma casa está destrancada, eu tenho permissão de entrar e levar o que eu bem entender? Se eu ver uma moça sem camisa na rua e estuprá-la, não estarei cometendo um crime? E se, por outro lado, eu tiver a capacidade de enganar pessoas desinformadas, tenho o direito de fazê-lo?<br />
<br />
Para muitos, essa é a lógica: se uma vítima poderia ter evitado o crime que ela sofreu, então ela é culpada pelo crime. Não tenho inteligência o bastante para entender o que leva alguém a perder a capacidade de julgamento, de compaixão, de compreensão e ser capaz de defender essa lógica absurda. Tiram uma regra de conduta do bolso, afirmam que a vítima desobedeceu esta regra e que, portanto, tem a responsabilidade pela sequência de eventos. Ainda que esta regra seja completamente insignificante ou totalmente sem sentido. Ainda que eles não saibam ou não concordem com esta regra.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
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</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
A exploração por parte de <a href="http://www.paulopes.com.br/2012/03/valdemiro-desafia-reporter-mostrar.html" target="_blank">Edir Macedo e Valdemiro Santiago</a> equipara-se à forma como maridos violentos abusam de suas mulheres, convencendo-as de que têm culpa pela violência que sofreram. O medo manipula as pessoas. "Se você abandonar a sua fé, o demônio vai tomar conta de você e você vai voltar à mesma situação em que você estava quando chegou aqui, pedindo a ajuda de Jesus para mudar de vida. <a href="http://www.bispomacedo.com.br/2012/03/17/tatica-do-mal/" target="_blank">Cuidado, o demônio está dentro da igreja!</a>"</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
"O demônio não quer que você deixe o seu dinheiro aqui no altar."<br />
<br />
É claro que as vítimas destes líderes religiosos são crédulas e que, por
isso, são enganadas. Mas não se pode culpar alguém pelo que não sabe.
Mesmo que eles tenham sido avisados a respeito desta enganação, ainda
assim não são responsáveis: eles não são obrigados a entender e nem
mesmo concordar com as acusações. Afinal de contas, por que eles dariam mais ouvidos a você do que aos parentes, amigos, pastores? A culpa não é dos que não entendem, mas sim daqueles que sabem o que estão fazendo. </div>
<div style="text-align: justify;">
</div>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/14244955320740851981noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8270566142691532201.post-53751724483351168162012-05-03T21:20:00.000-03:002012-05-03T21:20:22.350-03:00Procurando desculpas para ser bom<div style="text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiPPlMHNY6dPgiBgMHaptbia_lKHgDIIThXUd7UeZUqlaGZU4gFFO8FOQojKtQxDK1eO4-sHBNncv__6OHadR8HA4klEzYO288Z13bIqW3GDV2XHnbQSPEXQfizzzYNrPAfkkdPmo16Iiab/s1600/bondade-full.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiPPlMHNY6dPgiBgMHaptbia_lKHgDIIThXUd7UeZUqlaGZU4gFFO8FOQojKtQxDK1eO4-sHBNncv__6OHadR8HA4klEzYO288Z13bIqW3GDV2XHnbQSPEXQfizzzYNrPAfkkdPmo16Iiab/s1600/bondade-full.jpg" /></a>As <a href="http://opinioesdobandeirinha.blogspot.com/2011/06/ateismo-na-pratica.html" target="_blank">tentativas de qualificar</a> os ateus como imorais e talvez até como criminosos não obtiveram sucesso: há incontáveis evidências em contrário. Entretanto, uma crítica ainda permanece: a de que o ateísmo, enquanto ideologia, não é oferece de forma objetiva e absoluta uma razão para um comportamento ético. Em outras palavras, se não existe uma autoridade máxima que diga que seu propósito na vida é ser bom, qual o motivo que o ser humano teria para ser bom, para buscar a cooperação mútua em vez do lucro?<br />
<br />
A primeira tentativa de responder a esta questão seria analisar quantos grandes feitos a humanidade foi capaz de realizar a partir da cooperação mútua. Dominamos o mundo a tal ponto que a maior ameaça à humanidade somos nós mesmos. Não todos nós, mas aqueles que não têm respeito à vida, à dignidade humana, exatamente aqueles indivíduos que buscam o lucro próprio acima do bem-estar da sociedade motivados pela ganância, raiva, egoísmo. Mas, neste caso, por que deveríamos nos importar com a humanidade e não apenas com nós mesmos? Por que importar-se com o bem-estar alheio? Isso faria sentido se houvesse a garantia de que essa preocupação seria recíproca. Entretanto, vemos que, na prática, não é o que acontece: frequentemente vemos seres humanos ajudando uns aos outros mesmo que seja aparentemente impossível que os ajudados eventualmente sejam capazes de retribuir.<br />
<br />
O que nos leva a pergunta: mas por quê? Por que nós ajudamos as velhinhas a atravessar a rua? Por que, na nossa cultura, valorizamos tanto a ajuda que é oferecida sem esperar algo em troca? Por que é que existe toda essa preocupação em justificar a necessidade intrínseca em se fazer o que é correto?<br />
<br />
Isto é óbvio: nós somos assim, isso faz parte da nossa natureza. Caro leitor, analise esta discussão que existe entre diferentes religiões e filosofias de vida acerca da origem e da natureza da própria ética, da diferença entre o certo e o errado. As justificativas e os argumentos variam, umas acusam as outras de não terem uma justificativa própria. Oras, quando alguém fica tentando encontrar motivos para fazer o que quer, então não se trata de procurar justificativas, mas sim desculpas.<br />
<br />
Por mais engraçado que isso seja, o ser humano tem a mania de procurar uma desculpa para ser bom e tem medo de não conseguir encontrá-la.<br />
<br />
Bondade é um instinto humano. Se alguém sofre, nós sofremos também, a não ser que, de alguma forma, bloqueemos a nossa razão e nossa emoção. Ao ver alguém sofrer por causa da fome, sentimos o desespero de alguém que não tem o que comer. Quando nos deparamos com alguém sendo assassinado, sentimos a mesma indignação que a vítima sente por não merecer este tratamento. A verdade é que não conseguimos ser felizes diante da infelicidade alheia, não se tivermos plena consciência dela, não se percebermos que este sofrimento é desmerecido. Isso não é nada novo, Buda já dizia isso há 25 séculos atrás.<br />
<br />
Há muitos pelo mundo que tentam negar essa simples verdade. Fazem malabarismos lógicos na tentativa de justificar o injustificável, de encontrar desculpas para satisfazer seus desejos pessoais egoístas sem sentir a culpa pelas consequências de seus atos. É por isso é que os estudantes da USP <a href="http://opinioesdobandeirinha.blogspot.com/2011/11/alem-da-maconha-guerra-de-preconceitos.html" target="_blank">foram caracterizados</a> como maconheiros, vagabundos que querem transgredir a lei sem sofrer as "consequências". Daí também a <a href="http://opinioesdobandeirinha.blogspot.com/2012/01/o-pinheirinho-e-nossa-sociedade-maldita.html" target="_blank">necessidade que a mídia</a> teve em dizer que os ex-moradores do Pinheirinho eram invasores, usuários de drogas, criminosos. É este o porquê de toda a <a href="http://opinioesdobandeirinha.blogspot.com/2012/04/livre-comercio-grande-utopia.html" target="_blank">distorção dos fatos</a> por parte dos neoliberais na tentativa de fazer a exploração de pessoas para obtenção de lucro não parecer tão ruim.<br />
<br />
Se eles encarassem os fatos, a verdade nua e crua, se tivessem contato com o sofrimento que suas atitudes causam, deixariam de serem felizes.<br />
<br />
Nós, seres humanos, desejamos a bondade e não há ninguém, neste universo ou fora dele, que vai nos condenar por isso. Essa justificativa já é o bastante.</div>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/14244955320740851981noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8270566142691532201.post-4716351906132746632012-02-08T22:03:00.000-02:002012-12-04T10:38:35.118-02:00A velha na janela<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgzLfZzH4Y3AiM5M4nnPkz-xQkmyHimoyJ0pnoP33O_bGkYNgeZotDt3qmoUe-LnBYSJ9jCJ3Bvrtu4JxUVJvTBsyoFbrQ4jqj4t-Ikie9h8ZxTpz62SiiLDk0rneANNmLPbEX07qWej0Yc/s1600/velha+na+janela+1.jpg" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgzLfZzH4Y3AiM5M4nnPkz-xQkmyHimoyJ0pnoP33O_bGkYNgeZotDt3qmoUe-LnBYSJ9jCJ3Bvrtu4JxUVJvTBsyoFbrQ4jqj4t-Ikie9h8ZxTpz62SiiLDk0rneANNmLPbEX07qWej0Yc/s1600/velha+na+janela+1.jpg" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
A velha vai aparecer para nos assustar. É isso o que eu ouvia enquanto simplesmente respirava, deitado, olhos fechados, esperando adormecer. Ignorei a conversa, é claro, tão claro quanto Catatau não fizera o mesmo, dizia estar com medo da velha. Ele deveria compreender que aquela história, já tinha consciência sem tê-la ouvido, era ridícula. Sem dúvida, apenas mais uma estória apelando ao estereótipo de bruxa. No dia seguinte, tivesse a oportunidade, deixaria isso claro na mente dele. As vozes e os risos, que antes ocupavam o ar, aquietaram-se. Ouço passos e o remexer do colchão que estava reservado ao pequenino. Um sussurro rompeu o silêncio.<br />
<br />
- Você está dormindo?<br />
<br />
Abri os olhos, virei o rosto e vi o vulto de um menino quase deitado, cotovelo sobre o colchão e a cabeça curiosa levantada na expectativa de que eu estivesse acordado. Queria conversar.<br />
<br />
- Isso foi um sim? - voltou ao indagar, inquieto com o meu silêncio.<br />
- Está falando comigo?<br />
- Sim.<br />
<br />
Não falamos sobre a velha, mas sobre praia e qualquer outra coisa. Ele decerto queria espantar o medo conversando com o primo, o mais velho entre os meninos. Ele tem segurança, não deve ter medo de histórias de terror. De fato, é difícil que eu consiga ver terror num filme do gênero, quanto mais numa pequena fábula inventada para espantar o menorzinho.<br />
<br />
Manda-Chuva, irmão mais velho do Catatau, entra no quarto. Catatau diz que Tico, seu irmão, e Teco, amigo deste, planejavam nos assustar de alguma forma. Manda-Chuva fecharia a porta e ligaria o ventilador. Sugeri que deixassem a porta aberta. Não, não pode, a velha pode aparecer. Ah, claro, a velha.<br />
<br />
- Não se preocupe, Catatau, - dizia o Manda-Chuva, - eu e o Bandeirinha não vamos deixar a velha lhe pegar.<br />
<br />
Não concordo com esse tipo de atitude. "Não se preocupe que o bicho-papão não vai lhe pegar, estamos aqui pra lhe proteger." Não, ele precisava compreender o óbvio, não fugir dele.<br />
<br />
- Acho muito estranho essa história de "velha".<br />
<br />
Escutei um "por quê?" duplo e o breve silêncio à espera de uma resposta após morder na isca. Adoro esse silêncio.<br />
<br />
- Alguém já viu velha fazer mal a alguém?<br />
- Já vi, nos filmes, - respondeu Catatau.<br />
- Ah, nos filmes, é claro. Já as velhas eu que conheço são do tipo "ah, coma mais um pouquinho..."<br />
- Mas essa velha só aparece na janela com uma faca na mão para assustar, depois foge.<br />
- Ela só assusta? Então ela é boazinha.<br />
<br />
Pausa para assimilar. Ponto pra mim. Risos. Catatau ri engraçado, ele não é apenas uma criança, é quase um estereótipo. <br />
<br />
- Ah, imagine uma velha com uma faca na mão, deve assustar bastante. E se ela, do nada, aparece na porta da sacada, já pensou?<br />
- Mas como ela faria para chegar aqui na sacada?<br />
- Voando, - replicou o Manda-Chuva.<br />
- Mas como? Ela é o super-homem.<br />
- Ela é uma vampira.<br />
<br />
Ahm? Vampira?<br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjkB0UjhOulCnh3BVFcljkz5TuYT-l10_8uCYFLv7iV7TpQ60arVebZukC72ub6gei0wDMhYCjiBh72vWBjaax_sOjzCJHyTOQgEFzmu0GzAOlBbA-xVenlUpsIkFrA3gKPmluLZOLcRbqQ/s1600/velha+com+faca.jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjkB0UjhOulCnh3BVFcljkz5TuYT-l10_8uCYFLv7iV7TpQ60arVebZukC72ub6gei0wDMhYCjiBh72vWBjaax_sOjzCJHyTOQgEFzmu0GzAOlBbA-xVenlUpsIkFrA3gKPmluLZOLcRbqQ/s1600/velha+com+faca.jpg" /></a>- Então pra quê a faca?<br />
<br />
Mais uma pausa para pensar. A faca é só para assustar, ah, então tá. E deve assustar, afinal, imagine uma velha com uma faca na mão. A não ser que ela esteja passando manteiga no pão. Mais risos.<br />
<br />
- Você está distraído e de repente vê a velha pelo espelho, atrás de você, com uma faca, passando manteiga no pão.<br />
- Mas tem que ser no banheiro, - dizia Catatau, - porque é lá que eles falaram que a velha aparece.<br />
- No espelho do banheiro? - indaguei.<br />
- É, - dizia, num tom de "qual o problema?"<br />
<br />
- Mas não era na janela?<br />
<br />
Mais pausa e mais risos. Ninguém conseguiu entender. Mas é bem fácil entender: trata-se de uma estória criada em camadas. A velha na janela com uma faca é uma camada. Avelha no espelho do banheiro é outra, criada para deixar a primeira mais assustadora. A velha vampira é outra velha. Cada uma das camadas é criada na tentativa de corrigir uma imperfeição das anteriores. Mas as camadas não concordam entre si quando são analisadas, são diferentes e inconsistentes entre si. Os ouvintes da estória, entretanto, ficam tão concentrados em ter medo da velha que não percebem os detalhes.<br />
<br />
- Essa história tem mais furos que uma peneira! - comentava, no meio das gargalhadas que custavam a se extinguir.<br />
- Essa história tem mais furos que as vítimas da velha! - comentou o Manda-Chuva, provocando ainda mais gargalhadas.<br />
<br />
Pensei que este comentário faria Catatau sentir medo. Tenho impressão que ele, desde o começo, no fundo, não acreditava na história, mas queria que alguém lhe tirasse qualquer dúvida de que se tratava de uma mentira. Nas histórias que se contam, ou alguém acredita, ou desacredita, em maior ou menor grau. Na vida real, não é tão simples assim. Se Catatau acreditasse na história, não teria rido do comentário nefasto do Manda-Chuva. Se Catatau não acreditasse, não teria comentado que Manda-Chuva conseguiu consertar a história. <br />
<br />
- Não conseguiu, não! - comentei, ao que o Manda-Chuva concordou.<br />
- Conseguiu, sim.<br />
- Ele não conseguiu consertar nada, não, Catatau. Ele só conseguiu botar medo, mas a história tem ainda mais inconsistências. Por exemplo, ela não aparecia na janela só pra assustar? Mas agora ela tem vítimas! E ela não era um vampira? Mas vampiros só deixam dois furos. E se ela é vampira, pra quê a faca?<br />
- Para assustar.<br />
- Então, para assustar! E não...<br />
- Mas essa não foi o que eu contei para o Tico e o Teco, - interrompeu-me Manda-Chuva - e a minha história não tem inconsistências. Eu vi uma velha parada na sacada aí da frente, olhando, mas de repente ela sumiu. Então eu falei com o porteiro e ele disse que tinha uma velha naquele apartamento, mas ela tinha morrido há 15 anos atrás. Depois disso, ela apareceu nesta sacada.<br />
<br />
Tive a impressão que esta era a primeira camada, que passou da boca do Manda-Chuva às de Tico e Teco, que, por sua vez, acrescentaram mais camadas à estória, para torná-la mais palpável.<br />
<br />
- Uma velha morando ali? - disse eu, depois de cogitar por um segundo. - Mas estes prédios, apartamentos de praia e verão, não são de morar, são de alugar. Ninguém "mora" aqui.<br />
- Ah, não sei, foi o que o porteiro me disse.<br />
<br />
Pude sentir a frustração do Manda-Chuva. Não que ele quisesse amedrontar o pequeno, mas deve ter se frustrado por não conseguir criar uma estória coerente.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgzLfZzH4Y3AiM5M4nnPkz-xQkmyHimoyJ0pnoP33O_bGkYNgeZotDt3qmoUe-LnBYSJ9jCJ3Bvrtu4JxUVJvTBsyoFbrQ4jqj4t-Ikie9h8ZxTpz62SiiLDk0rneANNmLPbEX07qWej0Yc/s1600/velha+na+janela+1.jpg" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgusbxycUM-hSLhkHSREOIm9ymSEocnoFt5HhyXupg_3_sAa7oaXJ5Tb4PMcG4kX-i1Ifk6vyHg85lWfnQ0NpmSHaF61CkLKbXLDjLC7ijELJbN-OpEW8vQfhGnYpTfBZ_FoabvQsukClGL/s1600/velha+na+janela+4.jpg" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="276" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgusbxycUM-hSLhkHSREOIm9ymSEocnoFt5HhyXupg_3_sAa7oaXJ5Tb4PMcG4kX-i1Ifk6vyHg85lWfnQ0NpmSHaF61CkLKbXLDjLC7ijELJbN-OpEW8vQfhGnYpTfBZ_FoabvQsukClGL/s400/velha+na+janela+4.jpg" width="400" /></a></div>
Eu ia apresentar mais objeções, - o prédio não devia ter 15 anos, uma velha não moraria num apartamento com escada interna feito para umas sete pessoas, - mas fui interrompido, para a minha surpresa, pelas objeções do próprio Catatau. Fim de jogo, Catatau finalmente entendeu e eu sorri. Não bastava que ele soubesse que era apenas uma estória, era necessário que ele <i>compreendesse</i> isso. Mais do que isso, era necessário que ele aprendesse a lição: ele não precisa de mãe, pai, primo ou irmão para protegê-lo de estórias. Para isso, ele tem o próprio cérebro.<br />
<div style="text-align: justify;">
<br />
É vergonhoso para o mundo que um pivete como ele conseguiu aprender esta lição tão óbvia, mas tão menosprezada, em menos de 15 minutos. Adultos, quando seus filhos têm medo de uma estória, dizem-nos para não terem medo, que é uma mentira, uma bobagem que eles inventaram para botar-lhes medo. Estes adultos ainda não aprenderam esta lição: se é tão óbvio que é apenas uma estória, por que eles não mostram isso? Por que eles não explicam o motivo?<br />
<br />
É óbvio, é porque eles pensam que a estória é falsa, mas não sabem por quê! Eles apenas julgam saber! Eles pensam que sabem! Mas não sabem, apenas pensam! Portanto, em vez de esclarecer, ocultam; em vez de acender as luzes, apagam-nas e deixam as crianças no escuro. Ensinam-nas: acredite em mim, não neles. Acredite em tudo o que eu disser, não duvide, não questione, não tente compreender. É bem simples: Papai Noel existe, bicho-papão não existe, coelhinho da páscoa existe, ponto, fim de papo. Por quê? Ah, por favor, faça uma pergunta mais fácil!<br />
<br />
Barulho na porta.<br />
- Ai, meu Deus! - exclamou Catatau. - Ah, Teco!<br />
<br />
Catatau ria tanto que nem conseguia mais falar. Tico e Teco eram os donos dos vultos que entraram aos gritos, trancos e barrancos e que riram em seguida.<br />
<br />
- Vocês se assustaram? - perguntava Teco.<br />
- Claro que não, né?<br />
- Não, mas fala sério, alguém se assustou?<br />
- Ah, claro, nós morremos de medo, nossa! Olha o Catatau, está se acabando de tanto rir, você acha que ele ficou com medo?<br />
<br />
Pausa.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_RbngHNRIOtFBjMWR68iYNcB2Ntn54JvEgd9npGlKZoSJv-4_y72vycH1SeLpkf8qh4ojD3wYMyLzllSSg0iG8Hl9KeE_OKGpqUzU6fyGW7DPrN7g6g9woUxO27WqoG-ZZZlf5zsFgXmI/s1600/furos.jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_RbngHNRIOtFBjMWR68iYNcB2Ntn54JvEgd9npGlKZoSJv-4_y72vycH1SeLpkf8qh4ojD3wYMyLzllSSg0iG8Hl9KeE_OKGpqUzU6fyGW7DPrN7g6g9woUxO27WqoG-ZZZlf5zsFgXmI/s400/furos.jpg" width="400" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
- Ah, está bem. Mas, diga, de quê vocês estavam rindo?<br />
- Da história que vocês dois contaram!</div>
<div style="text-align: justify;">
- É, essa história tem um monte de furos!</div>
<div style="text-align: justify;">
- Furos? Que furos?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
Na tentativa de que os dois se frustrassem e nos deixassem em paz, eu disse-lhes que velhas não são assassinas. Velhas são avós, ou caducas, e às vezes podem até ser chatas, mas não fazem nada de mais. Nem sequer conseguiriam segurar uma faca. Novamente, comentaram sobre as velhas dos filmes. Ah, é claro, as velhas dos filmes são super-velhas, escalam paredes e dão saltos mortais. Contei também que hora diziam que a velha aparecia na janela, hora no espelho. Riram de seu próprio embaraço.<br />
<br />
Explicaram que a velha conseguia voar para aparecer na janela porque era um fantasma. Parei para pensar.<br />
<br />
- Mas fantasmas podem segurar facas? Fantasmas voam?<br />
- Sim.<br />
- Como é que você sabe?<br />
<br />
Pausa.<br />
<br />
- Ah, a gente conversou com ela ali na sacada! - dizia Tico, rindo.<br />
- É, a gente falou com ela, - confirmava Teco.<br />
<br />
Estenderam o assunto por mais um tempo, sem tentar explicar mais nada. Eu também não falei muito, estava cansado, queria dormir.<br />
<br />
- Vejam, - disse o manda-chuva, - nós já estamos cansados dessa estória, queremos dormir. Vão embora, deixem a gente dormir.<br />
- É, eu não estou com medo da velha, Tico, - disse o catatau, - eu estou com medo de você, deixe a gente em paz.<br />
- Convenhamos, todo o mundo sabe que a velha não existe, - complementou o manda-chuva.<br />
<br />
Os dois saíram do quarto e a velha faleceu.</div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/14244955320740851981noreply@blogger.com21tag:blogger.com,1999:blog-8270566142691532201.post-70379069800356697602012-01-31T20:25:00.000-02:002013-01-03T12:34:17.745-02:00Em busca do Jesus histórico 8: A ressurreição<div style="text-align: justify;">
A ressurreição de Jesus, o nazareno, pode ser considerada como evento histórico? Esta é certamente uma pergunta ousada de ser feita nesta sociedade, fato que torna obrigatória a tentativa respondê-la às melhores habilidades da nossa limitada razão. Uma perspectiva bem inteligente de endereçar a questão ocorreu num interessante (e recomendado!) debate entre o filósofo Dr. William Lane Craig e o historiador do Novo Testamento Dr. Bart D. Ehrman, com o tema <i>Jesus ressuscitou dos mortos?</i><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/FhT4IENSwac?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>
<br />
<br />
Apresentarei os pontos centrais de forma bem resumida. <br />
<br />
Craig defende que hipótese da ressurreição é a que melhor explica quatro eventos históricos que os historiadores do novo testamento costumam classificar como prováveis:<br />
<br />
<ol>
<li>Sepultamento de Jesus num túmulo,</li>
<li>A descoberta de que o túmulo estava vazio,</li>
<li>Aparições de Jesus em várias ocasiões,</li>
<li>A crença dos discípulos originais de que Jesus havia ressuscitado.</li>
</ol>
<br />
Note que não há como estabelecer que a aparição de Jesus tenha sido física - ela também pode ter sido causada por ilusão, impressão, sonho ou loucura.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
Ehrman diz que um milagre é o <i>menos provável</i> de todos os eventos em quaisquer circunstâncias e conclui que não se pode, mesmo sob as evidências, afirmar que um milagre é a explicação mais provável para um evento. Como o dever de um historiador é chegar à hipótese <i>mais provável</i>, este não pode concluir que Jesus tenha ressuscitado, pois esta seria, de acordo com nosso conhecimento sobre a vida e a morte, o evento mais improvável. A ressurreição é uma explicação teológica, não histórica.<br />
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">O argumento matemático</span> <br />
<br />
Em seguida, William L. Craig refuta este argumento dizendo que se trata de um argumento filosófico e não histórico, originalmente feito por David Hume no século XVIII que foi argumento refutado por filósofos posteriores. Ele diz que a probabilidade em questão é a probabilidade de ter havido uma ressurreição <i>com respeito às evidências</i> 1 a 4. Entretanto, Craig dá um grande vacilo ao explicar por que este argumento é inválido apresentando uma fórmula (conhecida como <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Bayes%27_theorem#Extended_form"><i>Teorema de Bayes Estendido</i></a>). Ei-la:<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgx_edr4sqq_o0IBtkYB0INqxu228GyxBA6WozyDLsZ55_L3VPiwkQ2XcFerSbgiJWBX0FVhkO2yk7MpTt4bJrSERgdFiCrB8DvhjkLU9eXdwHikl2W1giEkEQ72NdjyDZLxl21Bf5Dr1wG/s1600/formula+ressurrei%25C3%25A7%25C3%25A3o.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgx_edr4sqq_o0IBtkYB0INqxu228GyxBA6WozyDLsZ55_L3VPiwkQ2XcFerSbgiJWBX0FVhkO2yk7MpTt4bJrSERgdFiCrB8DvhjkLU9eXdwHikl2W1giEkEQ72NdjyDZLxl21Bf5Dr1wG/s1600/formula+ressurrei%25C3%25A7%25C3%25A3o.png" /></a></div>
<br />
onde<br />
<br />
<ul>
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiHDtumioSx7qodc3tkHhq4HHl0mt2PJCwWa0JqVfC3sVob3HqTqelwlSM5eJF8WXtnbaIi1RXiYNoxWqDucuPtSG7CjhPrqz4b_3Io0UoCk06VKMm8G9iAtIcCobmTbnJs3Q5mVI65QMnY/s1600/debate1.png" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="278" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiHDtumioSx7qodc3tkHhq4HHl0mt2PJCwWa0JqVfC3sVob3HqTqelwlSM5eJF8WXtnbaIi1RXiYNoxWqDucuPtSG7CjhPrqz4b_3Io0UoCk06VKMm8G9iAtIcCobmTbnJs3Q5mVI65QMnY/s400/debate1.png" width="400" /></a>
<li><span class="formula"><i>P</i><span class="symbol">(</span><i>R</i>|<i>E</i><span class="symbol">)</span></span> é a probabilidade de ocorrer a ressurreição supondo as evidências 1 a 4;<span class="formula"><i> </i></span></li>
<li><span class="formula"><i>P</i><span class="symbol">(</span><i>R</i><span class="symbol">)</span></span> é a probabilidade da ressurreição ocorrer (sem supor que há evidências);</li>
<li><span class="formula"><i>P</i><span class="symbol">(</span><i>E</i>|<i>R</i><span class="symbol">)</span></span> é a probabilidade das evidências ocorrerem supondo que houve ressurreição;</li>
<li><span class="formula"><i>P</i><span class="symbol">(</span><i>R</i><sup><i>c</i></sup><span class="symbol">)</span></span> é a probabilidade de <b>não </b>ocorrer uma ressurreição; e</li>
<li><span class="formula"><i>P</i><span class="symbol">(</span><i>E</i>|<i>R</i><sup><i>c</i></sup><span class="symbol">)</span></span> é a probabilidade das evidências ocorrerem dado que não houve ressurreição.
</li>
</ul>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
É muito fácil para um matemático perceber que essa fórmula, na verdade, testemunha contra a tese de William, não em seu favor. Basta notar que <span class="formula"><i>P</i><span class="symbol">(</span><i>R</i><sup><i>c</i></sup><span class="symbol">) é praticamente 1 (ou seja, que uma ressurreição é extremamente improvável) que segue quase imediatamente que basta que a probabilidade de as evidências aparecerem sem uma ressurreição ser maior que a probabilidade da ressurreição em si. Mais especificamente:</span></span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjaX8mtZf6s5Z8D4bWKhnZYStk9qHp3AeeWCrtmGqtymAcFPlmC331sa1QUBbMfKGZvWmJo5WbyUeuffQY3mp2JtmhU5hxxXi7D7-mfUjKYrP9XiUsu1kP-Ewy1mNKNeyFzWVM3IWbPaB5S/s1600/formula+ressurrei%25C3%25A7%25C3%25A3o+2.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjaX8mtZf6s5Z8D4bWKhnZYStk9qHp3AeeWCrtmGqtymAcFPlmC331sa1QUBbMfKGZvWmJo5WbyUeuffQY3mp2JtmhU5hxxXi7D7-mfUjKYrP9XiUsu1kP-Ewy1mNKNeyFzWVM3IWbPaB5S/s1600/formula+ressurrei%25C3%25A7%25C3%25A3o+2.png" /></a></div>
<span class="formula"></span><br />
<span class="formula"></span><br />
<span class="formula"><span class="symbol"></span></span><br />
<br />
<span class="formula"><span class="symbol">Ou seja, basta que </span></span><span class="formula"><i>P</i><span class="symbol">(</span><i>E</i>|<i>R</i><sup><i>c</i></sup><span class="symbol">) seja maior do que </span></span><span class="formula"><i>P</i><span class="symbol">(</span><i>R</i><sup><i></i></sup><span class="symbol">) para que </span></span><span class="formula"><i>P</i><span class="symbol">(</span><i>R</i>|<i>E</i><span class="symbol">) seja menor do que 0,5 (ou 50%). Oras, seria improvável que as evidências 1 a 4 ocorressem de forma aleatória, mas, ainda assim, não seria tão improvável quanto um milagre!</span></span><br />
<span class="formula"><span class="symbol"><br /></span></span>
<span class="formula"><span class="symbol">Por exemplo, não seria nada extraordinário que alguém tirasse o corpo do túmulo por algum motivo - talvez, por exemplo, para escondê-lo, ou por acreditar que Jesus não mereceria um enterro digno. Também não seria nada extraordinário que ninguém pudesse encontrar o corpo depois disso, ou que este estivesse deteriorado ao ponto de ninguém conseguir reconhecê-lo - sem contar na desfiguração causada pela própria crucificação. A crença na ressurreição seguiria quase imediatamente - pois isso seria facilmente algo que as pessoas iriam <i>querer</i> acreditar. O fato de pessoas avistarem (ou alegarem terem avistado) Jesus em carne e osso também estaria apenas um passo adiante, da mesma forma as pessoas facilmente veem espíritos em casas mal assombradas simplesmente porque acreditam que há espíritos nelas.</span></span><br />
<span class="formula"><span class="symbol"><br /></span></span>
<br />
Na parte de perguntas e respostas, Craig afirma que a fórmula foi usada por Richard Swinburne e que este calculou que a probabilidade da ressurreição deveria ser por volta de 97%. Ao analisar uma <a href="http://ndpr.nd.edu/news/23553-the-resurrection-of-god-incarnate/">revisão de sua tese</a>, nota-se que ele argumenta de forma extremamente diferente de Craig e ele não usou números calculados, mas "chutou" valores para as probabilidades.<br />
<br />
Swinburne argumenta que Jesus é a única pessoa do mundo que satisfez as condições prévias e póstumas de ser o próprio Deus encarnado - pois ele cumpriu as profecias do Antigo Testamento. Assumindo a probabilidade da existência de Deus como sendo 50% e a probabilidade dele querer se reencarnar também como 50%, chega-se à conclusão que a probabilidade de Jesus ressuscitar (sem considerar os fatos 1 a 4) é extremamente alta: 25%! Isso vai contra não apenas o argumento de Ehrman, mas também o de William Craig: uma ressurreição é extremamente improvável.<br />
<br />
Uma refutação à afirmação que Jesus realizou as profecias do Antigo Testamento pode ser encontrada <a href="http://www.jesusite.org/versos.htm">nesta</a> e <a href="http://www.jesusite.org/versos1.htm">nesta</a> páginas (que, apesar de religiosas, utilizam bons argumentos históricos).<br />
<br />
Ao apresentar a fórmula, William deu um tiro no próprio pé. Mas a plateia, é claro, não percebeu, e nem Bart. Sorte daquele que este não era matemático, senão teria levado uma surra.<br />
<br />
<span style="font-size: large;">Por que as pessoas acreditavam na ressurreição</span><br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhvvr-FrTs71L1TiteaNgsxnnAgEOxrfBHpprQCJaXjvNnQJDdLkc3oWI8bQWffkk9-EUBNcJ0htB6_HHQhJHkbVgucfIWYnAPJFYo8E6QZBA4Vr4YDTkeEJSXzQA_bIxIolXf29Ra6Et1l/s1600/ressurrei%C3%A7%C3%A3o.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhvvr-FrTs71L1TiteaNgsxnnAgEOxrfBHpprQCJaXjvNnQJDdLkc3oWI8bQWffkk9-EUBNcJ0htB6_HHQhJHkbVgucfIWYnAPJFYo8E6QZBA4Vr4YDTkeEJSXzQA_bIxIolXf29Ra6Et1l/s400/ressurrei%C3%A7%C3%A3o.jpg" width="301" /></a><span class="formula"><span class="symbol">No texto <a href="http://opinioesdobandeirinha.blogspot.com/2012/01/os-santos-incorruptos-como-mentiras-se.html">Os santos "incorruptos": como mentiras se tornam verdade</a>,
eu dei um exemplo bem claro de como alegações extraordinárias e
racionalmente inexplicáveis pode surgir através da comunicação
boca-a-boca simplesmente porque as pessoas estão muito suscetíveis a
acreditarem nelas e pouco suscetíveis a levarem as evidências contrárias
em conta. Ainda que alguém soubesse o que realmente ocorreu e tentasse
explicar isso aos cristãos, facilmente inventariam uma desculpa para
desacreditá-lo.</span></span><br />
<br />
<span class="formula"><span class="symbol">O fato é que haviam pessoas da época espalhando outras versões da história, como é evidenciado na própria bíblia:</span></span><br />
<br />
<blockquote class="tr_bq">
<div style="background: none repeat scroll 0% 0% white; left: -99999px; position: absolute;">
Enquanto elas iam, vieram à cidade alguns soldados da guarda, e contaram aos principais sacerdotes tudo o que havia sucedido.<br />
<br />
Estes, reunidos com os anciãos, tendo consultado entre si, deram bastante dinheiro aos soldados,<br />
<br />
recomendando-lhes que dissessem: Os seus discípulos vieram de noite e furtaram-no, enquanto nós dormíamos.<br />
<br />
Se isto chegar aos ouvidos do governador, nós o persuadiremos, e vos livraremos de cuidado.<br />
<br />
Os
soldados receberam o dinheiro e fizeram como lhes haviam recomendado; e
esta notícia se há divulgado entre os judeus até o dia de hoje.
<br />
Mateus 28:11-15</div>
<span class="formula"><span class="symbol"><i>Enquanto
elas iam, vieram à cidade alguns soldados da guarda, e contaram aos
principais sacerdotes tudo o que havia sucedido. Estes, reunidos com os
anciãos, tendo consultado entre si, deram bastante dinheiro aos
soldados, recomendando-lhes que dissessem: Os seus discípulos vieram de
noite e furtaram-no, enquanto nós dormíamos. Se isto chegar aos ouvidos
do governador, nós o persuadiremos, e vos livraremos de cuidado. Os
soldados receberam o dinheiro e fizeram como lhes haviam recomendado; <b>e esta notícia se há divulgado entre os judeus até o dia de hoje.</b></i></span></span></blockquote>
<div style="text-align: right;">
<a href="http://www.bibliaonline.com.br/tb/mt/28"><span class="formula"><span class="symbol">Mateus 28:11-15</span></span></a></div>
<br />
É
fácil vez que esta explicação é inconsistente com os eventos
apresentados nos evangelhos. Entretanto, note que esta explicação está sendo
apresentada pelos que acreditavam na
ressurreição, não por quem acreditava nesta explicação alternativa. Esta se perdeu na história, não dá para confiar que este trecho
retratado no livro de Mateus é a versão correta ou completa desta
explicação. Seria como aprender a Teoria da Evolução ou do Big Bang pela
boca de um criacionista fanático. Ao ouvir de um criacionista, estas teorias, é claro, se tornam ridículas e irracionais. O mesmo vale para a passagem acima.<br />
O meu ponto não é que esta explicação seja a verdadeira, mas que havia explicações alternativas que foram ignoradas e perdidas - infelizmente, elas só poderiam ser conhecidas e defendidas por pessoas da época.<br />
<br />
<br />
Para finalizar, eu não estou dizendo que a hipótese da ressurreição é impossível, mas apenas que ela é indefensável.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<a href="http://opinioesdobandeirinha.blogspot.com/2012/01/em-busca-do-jesus-historico-7-junia.html">< Parte 7</a></div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/14244955320740851981noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8270566142691532201.post-16589811347251912612012-01-30T20:47:00.001-02:002012-02-25T16:49:19.008-02:00O Pinheirinho e a nossa sociedade maldita<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiwTqB22bNMqJAglUTILqk860REqzq1zGAmnEev_SRDDxKsjy4cS9l_JHSRvT6n4btoH_rgPU-2i8lXrmAjIlCGZcyb3fGJw_6X2Bh7twMjMG41mywLsbJOAdheGNc6f1l4sA_mzS7nT1bA/s1600/pinheirinho-gin%C3%A1sio.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiwTqB22bNMqJAglUTILqk860REqzq1zGAmnEev_SRDDxKsjy4cS9l_JHSRvT6n4btoH_rgPU-2i8lXrmAjIlCGZcyb3fGJw_6X2Bh7twMjMG41mywLsbJOAdheGNc6f1l4sA_mzS7nT1bA/s400/pinheirinho-gin%C3%A1sio.jpg" width="400" /></a><a href="http://noticias.bol.uol.com.br/brasil/2012/01/25/pm-e-justica-restituem-posse-de-pinheirinho-e-exaltam-operacao.jhtm" target="_blank">Seis mil moradores do Pinheirinho</a> foram chutados de suas próprias casas à base de balas de borracha e bombas de gás. O motivo? Um criminoso do colarinho branco, <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Naji_Nahas" target="_blank">Naji Nahas</a>, que já foi acusado de <a href="http://veja.abril.com.br/infograficos/rede-escandalos/perfil/naji-nahas.shtml" target="_blank">lavagem de dinheiro</a>, decidiu que queria de volta o terreno. Por quê? Dinheiro. O que mais poderia ser?<br />
<br />
A violência não foi contida. Moradores foram feridos (um deles por uma
bala letal) e tiveram que ser levados ao hospital. Nem deixaram que os habitantes retirassem seus pertences
de suas casas antes de destruí-las. Expulsos, sem ter para onde ir, foram recebidos por uma igreja. Como esta não tinha espaço o suficiente, de lá foram <a href="http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2012/01/25/caos-toma-conta-de-novo-abrigo-para-moradores-do-pinheirinho-e-prefeitura-promete-mais-alojamentos.htm" target="_blank">levados a um ginásio no Parque do Morumbi</a>. Passaram calor devido ao excesso de pessoas, pelo menos quatro delas desmaiaram e foram levadas ao hospital. Não havia água nos banheiros. Pessoas desapareceram, mas, ante tanta confusão, como saber se elas simplesmente fugiram ou se foram mortas?<br />
<br />
Chutados de suas casas como cães, encaminhados para os abrigos feito gado, amontoados e encaixotados feito mercadoria. Não eram humanos, apenas ratos que ocupavam o terreno de um aristocrata, capim inconveniente que se remove e queima. Descartáveis.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Dizem que os policiais estavam apenas no cumprimento da lei. Acontece que, neste caso, a lei traiu os direitos humanos que garantem a todos o direito à moradia. Seis mil pessoas perderam esse direito para que um único indivíduo tivesse o direito à propriedade. Para maiores detalhes, deixo aqui a <a href="http://raquelrolnik.wordpress.com/2012/01/27/pinheirinho-nao-e-um-caso-isolado" target="_blank">excelente entrevista que a urbanista Raquel Rolnik</a> concedeu à Folha de São Paulo.<br />
<br />
Se foi a lei quem deu a estes homens o que eles receberam, maldita seja essa lei!</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O senhor governador Geraldo Alckmin comunicou à imprensa que providenciará moradia para os indivíduos que foram expulsos do Pinheirinho. Oras, por que não fez isso antes de expulsá-los? Pois a Selecta que esperasse a providência de moradia para os seis mil antes de reaver seu terreno, ou que fosse mais inteligente e buscasse um acordo que fosse mais simples de cumprir, como vender seu terreno à prefeitura de São José dos Campos em troca de suas dívidas em impostos.</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Ouvi alguns dizerem que os invasores deveriam trabalhar para comprar a própria casa. Oras, antes fosse fácil assim. Veja, por exemplo, o filme “Em busca da felicidade”. Mesmo o protagonista sendo inteligente bem acima da média, mesmo tendo uma tremenda força
de vontade, custou muito a ele conseguir sair da miséria. Oras, e se
ele não fosse tão inteligente? Que chances teria o filho dele na vida
se a sua educação foi numa creche que só ensinava as crianças a
assistirem televisão? Como ele sairia daquela situação se não tivesse uma força de vontade muito maior que a média da população?</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjSMSuH5BaD77IZQuXn_4Unf20Aqq8gwWcguQvIOGof-xrOamEwq_VE6_TF3CZWGEIR8dHDgEF14kWf1zc4mCVOvrVDstYKp5FJ6iiHujIPPEEJO3_1avTirbSMVaRJtZhYhIiuKiWUhJrp/s1600/pinheirinho-destruido.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjSMSuH5BaD77IZQuXn_4Unf20Aqq8gwWcguQvIOGof-xrOamEwq_VE6_TF3CZWGEIR8dHDgEF14kWf1zc4mCVOvrVDstYKp5FJ6iiHujIPPEEJO3_1avTirbSMVaRJtZhYhIiuKiWUhJrp/s400/pinheirinho-destruido.jpg" width="400" /></a>Um amigo meu contou que, enquanto fazia trabalho voluntário numa favela, ouviu o próprio pai ameaçar de morte a tia. Ele tentou dizer à criança que seu pai não falava sério, não podia estar falando sério, mas esta insistiu "Não, moço, ele mata mesmo, meu pai mata mesmo." Nossa espécie tem uma característica única entre os animas: nosso cérebro <a href="http://kidshub.pagezerobyjo.com/brain_dev_subconciousmind.html" target="_blank">só termina seu desenvolvimento</a> na infância, fora do útero, tempo em que absorve, na sua própria formação, as características do ambiente ao seu redor. Que outro destino poderia ter uma criança criada num ambiente violento senão a violência? Como esperar que ela não aprenda a crueldade que está ao seu redor? Como julgar por sua violência aqueles que foram criados desta maneira?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
Outro dia vi um homem extremamente triste na rodoviária em
Campinas porque tinha vindo de Belo Horizonte para São Paulo para conseguir um
emprego, não conseguiu e queria voltar, mas não tinha dinheiro para a passagem. Oras, diga-me, caro leitor, ele não tinha boa vontade? Se ele comprou uma passagem de ida, sem ter dinheiro para a volta, não é porque tinha esperança? Oras, eu afirmo que não teria tal coragem, a não ser que eu estivesse numa situação desesperadora. Mas, mesmo assim, não
sabia ler, mal tinha inteligência para se expressar, que chances
ele teria? Mesmo voltando para Belo Horizonte, para a família dele, diga-me, se for capaz, caro leitor, qual seria a sua chance? Voltaria, feliz por reencontrar a família, com muito boa vontade
para melhorar sua condição de vida… mas e daí? Quanto tempo até ele
voltar a passar fome? E seus filhos, sem uma boa educação, como
ajudariam o próprio pai?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
Como quebrar este ciclo vicioso infernal?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Maldita é a sociedade que nega o direito à moradia para 6 mil
pessoas para dar a um único indivíduo corrupto, egoísta e rico o direito a ter
ainda mais dinheiro! Maldita é a sociedade que olha com desdém para
essa injustiça simplesmente para assegurar seu direito à ganância!
Maldita é a sociedade cujos cidadãos ainda não aprenderam que o direito
de um começa quando termina o do outro!</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Maldita é a nossa sociedade!</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Sem compaixão, sem decência, sem solidariedade, que
reclama do pobre porque este invade uma terra vazia, inabitada, inútil!
É mais fácil mesmo ignorar o problema, deixar os pobres que se fodam,
culpá-los pelos seus próprios problemas, transformá-los em criminosos, marginalizá-los. Sociedade maldita e hipócrita que tem a barriga cheia e reclama dos que têm a barriga vazia por quererem enchê-la!
Se a lei não consegue garantir para essas pessoas nem sequer o básico
(moradia, comida, educação, trabalho e cultura), então, que razão eles
teriam para segui-la? Oras, quem é que não transgride a lei, seja com pirataria, seja
avançando o sinal vermelho?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgmTo5xfkaARGLvrQ-zs6inK65VhJ6ipqKkBC7L4y8a3M6tbXjikfBmhlBssfAdH2qGHSYQNleDVOD9x3VPeav8Wv-XHkZ-D2J4WrJe0UxTmcNhwCzv61ynRxoIPQ2WWtOr6MO7SKnqY-B5/s1600/pinheirinho-igreja.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgmTo5xfkaARGLvrQ-zs6inK65VhJ6ipqKkBC7L4y8a3M6tbXjikfBmhlBssfAdH2qGHSYQNleDVOD9x3VPeav8Wv-XHkZ-D2J4WrJe0UxTmcNhwCzv61ynRxoIPQ2WWtOr6MO7SKnqY-B5/s400/pinheirinho-igreja.jpg" width="400" /></a></div>
E que raios de lei é essa, que permite e, pior, apoia um
evento tão imoral quanto este?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Um dos princípios básicos da ética é que
todos são iguais perante ela. Mas não há igualdade alguma quando o direito
à propriedade é garantido a um indivíduo enquanto o direito à moradia (que é, diga-se de passagem, muito mais essencial) não é garantido para
outros seis mil. Dizem que ninguém está acima da lei. Oras, isso é uma falsidade, a ética está acima da lei. Se a lei é contra a ética, então os transgressores da lei não são criminosos! Criminosa é a própria lei! Criminoso é o Estado que não deu aos habitantes do Pinheirinho o básico para torná-los cidadãos! Criminosa é a prefeitura de São José dos Campos que não
comprou o terreno em troca de parte das dívidas da Selecta para
entregá-lo aos moradores! Criminosa é a justiça que não desapropriou o terreno pelo bem público e que não buscou um acordo justo entre a Selecta, a prefeitura e os moradores! Oras, justiça é só o seu nome! Criminoso é o Estado de São Paulo que
expulsou-os de lá à força e com violência sem antes providenciar lugar para eles passarem a
morar e os amontoou num ginásio feito mercadoria acumulada nos estoques de um supermercado! Criminosos são os agentes da lei que pensam que estão acima da ética!</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Criminosos somos nós, sociedade maldita e desumana, que tratamos eles como cachorros e depois reclamamos quando levamos uma mordida!<br />
<br />
<br />
<a href="http://www.peticoesonline.com/peticao/manifesto-pela-denuncia-do-caso-pinheirinho-a-comissao-interamericana-de-direitos-humanos/353" target="_blank">Manifesto pela Denúncia do Caso Pinheirinho à Comissão Interamericana de Direitos Humanos</a><br />
<br />
<a href="http://www.causes.com/causes/650091-mande-mensagens-em-nome-do-pinheirinho/about%20" target="_blank">Mande mensagens em nome do Pinheirinho</a></div>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/14244955320740851981noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8270566142691532201.post-46037957744499953342012-01-07T14:31:00.000-02:002012-01-31T20:26:58.401-02:00Em busca do Jesus histórico 7: Júnia, a apóstola, e as mulheres na visão de Paulo<div style="text-align: justify;">
A característica mais interessante de Paulo, o famoso apóstolo, é que ele prega uma certa igualdade entre homens e mulheres dentro das igrejas. Esta é uma visão dissonante com os padrões da época e especialmente com os padrões do cristianismo que iria se desenvolver no mundo depois de algumas décadas. Ele dava às mulheres vários direitos, incluindo que elas falassem nas igrejas e - pasmem! - que elas liderassem-nas.<br />
<br />
Apresento como referência a <a href="http://www.youtube.com/watch?v=T_m10CyD-fs">aula do historiador</a> do Novo Testamento Dale B. Martin.<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: large;">O direito das mulheres, de acordo com Paulo </span><br />
<br />
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjjxZ7u2PTT9Bferu3e6XmJsjmss_xPq2jfzJFWRZkm6EmwKYWEq9MnCictU0AVbE1KIEfqDjDbuv-9oFdvZIMnKJVh7xYX5FNpRu0lgDDtcbT6YsdXqDxMrjvqaISa3fkAYIHpST362NhM/s1600/paul-the-apostle.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjjxZ7u2PTT9Bferu3e6XmJsjmss_xPq2jfzJFWRZkm6EmwKYWEq9MnCictU0AVbE1KIEfqDjDbuv-9oFdvZIMnKJVh7xYX5FNpRu0lgDDtcbT6YsdXqDxMrjvqaISa3fkAYIHpST362NhM/s400/paul-the-apostle.jpg" width="327" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Paulo, o apóstolo</td></tr>
</tbody></table>
Em <a href="http://www.bibliaonline.com.br/tb/1ts/4">1 Tessalonicenses 4,</a> o apóstolo dirige-se à igreja como se houvessem apenas homens membros. Cronologicamente, esta é sua primeira carta (em 51 d.C.), e percebe-se que, com o tempo, isso muda: as comunidades cristãs deixam de ser clubes-do-bolinha e Paulo (em 53 ou 54 d.C.) decide dirigir-se diretamente às recém-chegadas:<br />
<br />
<blockquote class="tr_bq">
<i>No tocante às coisas sobre que me escrevestes, bom é que o homem não toque mulher; mas por causa das fornicações, cada um tenha sua mulher, e cada uma seu marido. O marido pague a sua mulher o que lhe deve, e da mesma maneira a mulher ao marido. A mulher não tem domínio sobre o seu corpo, mas sim o marido; e da mesma forma o marido não tem domínio sobre o seu corpo, mas sim a mulher.</i></blockquote>
<div style="text-align: right;">
<a href="http://www.bibliaonline.com.br/tb/1co/7">1 Coríntios 7:1-5</a></div>
<br />
Então, ao contrário do que se vê em outras partes da Bíblia, Paulo está dando uma ideia de reciprocidade. No matrimônio, não apenas a mulher pertence ao marido, mas o marido também pertence à mulher. E ele vai ainda mais longe:<br />
<br />
<blockquote class="tr_bq">
<i>Aos casados, porém, dou mandamento, não eu, senão o Senhor, que a mulher se não separe do marido (mas se ela se separar, fique sem casar, ou reconcilie-se com seu marido); e que o marido não deixe a sua mulher.</i></blockquote>
<div style="text-align: right;">
<a href="http://www.bibliaonline.com.br/tb/1co/7">1 Coríntios 7:10-11</a></div>
<br />
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgw-F6fHs5HtxJvPze8IA2tVAaHNJBJqdKs6YLk7mtCdo3pYkzmF4G3BlTOUUUsWc4nBafUXYXKp97i6va7GGdCt8vhU-EAES0BSnfOj2gcSML3etUtt3UsKLvmpPbSNngx1gwSMUfcSzd5/s1600/v%25C3%25A9u+cristianismo+primitivo.png" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgw-F6fHs5HtxJvPze8IA2tVAaHNJBJqdKs6YLk7mtCdo3pYkzmF4G3BlTOUUUsWc4nBafUXYXKp97i6va7GGdCt8vhU-EAES0BSnfOj2gcSML3etUtt3UsKLvmpPbSNngx1gwSMUfcSzd5/s400/v%25C3%25A9u+cristianismo+primitivo.png" width="335" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Desenho mostrando o <a href="http://www.aigrejaprimitiva.com/v%C3%A9udamulhercrist%C3%A3.html">uso de véu por cristãs<br />primitivas</a> nos séculos II e III</td></tr>
</tbody></table>
<br />
É fato também que ele coloca as mulheres num patamar inferior dos homens:<br />
<br />
<blockquote class="tr_bq">
<i>Mas quero que vos saibais que Cristo é a cabeça de todo o homem, e o homem é a cabeça da mulher, e Deus é a cabeça de Cristo.</i><br />
<br />
<i>Todo o homem quando ora, ou profetiza, tendo a cabeça coberta, desonra a sua cabeça. Toda a mulher, porém, quando ora, ou profetiza, não tendo a cabeça coberta, desonra a sua cabeça; pois é uma e a mesma coisa como se estivesse rapada. Portanto se a mulher não se cobre com véu, seja também tosquiada; mas se é vergonhoso à mulher o ser tosquiada ou rapada, cubra-se ela com véu.</i><br />
<div style="background: none repeat scroll 0% 0% white; left: -99999px; position: absolute;">
<br />
<br />
Portanto
se a mulher não se cobre com véu, seja também tosquiada; mas se é
vergonhoso à mulher o ser tosquiada ou rapada, cubra-se ela com véu.
<br />
1 Coríntios 11:5-6</div>
<div style="background: none repeat scroll 0% 0% white; left: -99999px; position: absolute;">
<br />
<br />
Todo o homem quando ora, ou profetiza, tendo a cabeça coberta, desonra a sua cabeça.<br />
<br />
Toda
a mulher, porém, quando ora, ou profetiza, não tendo a cabeça coberta,
desonra a sua cabeça; pois é uma e a mesma coisa como se estivesse
rapada.
<br />
1 Coríntios 11:3-5</div>
</blockquote>
<div style="text-align: right;">
<a href="http://www.bibliaonline.com.br/tb/1co/11">1 Coríntios 11:3-6</a></div>
<br />
Agora, comparemos os versículos acima com estes:<br />
<br />
<blockquote class="tr_bq">
<i>Como em todas as igrejas dos santos, as mulheres estejam caladas nas igrejas; pois não lhes é permitido falar, mas estejam em sujeição, como também diz a Lei. Se, porém, querem aprender alguma coisa, perguntem-na em casa a seus maridos; porque é vergonhoso para uma mulher o falar na igreja.</i></blockquote>
<div style="text-align: right;">
<a href="http://www.bibliaonline.com.br/tb/1co/14">1 Coríntios 14:33b-35</a></div>
<br />
Estranho, não? De um lado, o missionário dá a entender que mulheres podem profetizar - desde que estejam de cabeça encoberta - e de outro, ele explicitamente ordena que elas se calem nas igrejas.<br />
<br />
Antes de tentar dar piruetas e tentar "interpretar" esta última perícope, caro leitor, saiba que há uma explicação bem mais simples. Ao leitor dedicado, peço que leia o <a href="http://www.bibliaonline.com.br/tb/1co/14">capítulo 14</a>, ou ao menos a partir do versículo 30. O assunto sendo tratado são profecias, orações em língua, pregação, entre outros. Veja como a perícope acima salta aos olhos - ela está totalmente deslocada. É uma interpolação.<br />
<br />
Não precisaríamos mais do que isso para ter uma base (não tão sólida) para dizer que esta passagem é uma adição posterior. Entretanto, para nossa alegria, temos <a href="http://www.box.com/shared/uffvq3df29">bem mais do que isso</a>. De fato, este verso:<br />
<ol>
<li>aparece em posições diferentes nos manuscritos;</li>
<li>apresenta alta concentração de variação textual nos manuscritos (como pode ser visto <a href="http://biblos.com/1_corinthians/14-34.htm">aqui</a> - clique na aba "Greek");</li>
<li>apresenta uma linguagem dissonante daquela comumente utilizada por Paulo;</li>
<li>rompe com o fluxo do texto;</li>
<li>é demarcado como problemático pelos escribas.</li>
</ol>
Vale lembrar que as características acima também se aplicam à Perícope da Adúltera (como foi discutido em <a href="http://opinioesdobandeirinha.blogspot.com/2011/08/video-misquoting-jesus-citando-jesus.html">outro texto</a>).<br />
<br />
Esta passagem problemática não foi citada por nenhum dos escritores cristãos do século II (em especial, Clemente de Alexandria), exceto Tertullian, por volta de 200 d.C., apesar de seu conteúdo chamar muito a atenção pela sua forte restrição. As evidências são muitas, esta é uma fraude óbvia. Isso mostra que os escribas cristãos faziam alterações nos textos cristãos por motivos ideológicos.<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: large;">Febe, a diaconisa, e Júnia, a apóstola</span><br />
<br />
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEghkQETTilPz92RnRwGuf0YLfN5h8A0g7BvClcAwgN2j5Bx69rnfm5ag-JbMGcSC-WUxfb7SY4WGxqOJ_G8w05MDD6emzVuxBxdZmeLX5qVF3jSL-tfvg6FlXwpvfrYWuJW70Jod0OGTxKH/s1600/Phoebe.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEghkQETTilPz92RnRwGuf0YLfN5h8A0g7BvClcAwgN2j5Bx69rnfm5ag-JbMGcSC-WUxfb7SY4WGxqOJ_G8w05MDD6emzVuxBxdZmeLX5qVF3jSL-tfvg6FlXwpvfrYWuJW70Jod0OGTxKH/s400/Phoebe.jpg" width="318" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Febe</td></tr>
</tbody></table>
Então, as mulheres, na <i>opinião de Paulo,</i> podiam orar e profetizar nas igrejas. Isso fica evidente também na carta aos Romanos, <a href="http://www.bibliaonline.com.br/vc/rm/16">capítulo 16</a>, onde o pregador cita várias mulheres envolvidas nas igrejas, muitas vezes em posição de destaque. Febe (em inglês, <i>Phoebe</i>), Prisca (ou Priscila), Maria, Trifena Trifona, Pérside... Ao longo das décadas, entretanto, houve relutância em aceitar esta possibilidade e, por isso, algumas palavras foram traduzidas de uma forma que hoje é contestada pelos historiadores.<br />
<br />
<blockquote class="tr_bq">
<i>Recomendo-vos a nossa irmã Febe, que está no serviço da igreja em Cencreia, para que no Senhor a recebais dum modo digno dos santos, e a ajudeis em qualquer coisa que de vós precisar; porque ela tem sido protetora de muitos, e de mim em particular.</i></blockquote>
<div style="text-align: right;">
<a href="http://www.bibliaonline.com.br/tb/rm/16">Romanos 16:1-2</a></div>
<br />
Vejamos esta outra possível tradução:<br />
<br />
<blockquote class="tr_bq">
Recomendo-vos a nossa irmã Febe, que é diaconisa da igreja de Cêncris.</blockquote>
<div style="text-align: right;">
<a href="http://www.bibliaonline.com.br/vc/rm/16">Romanos 16:1-2</a></div>
<br />
A palavra com a tradução problemática é <a href="http://biblos.com/romans/16-1.htm"><i>diakonos</i></a>, que pode <a href="http://concordances.org/greek/1249.htm">significar</a> tanto <i>diácono</i> quanto <i>servo</i>. Entretanto, pela colocação na frase, está claro que a tradução mais apropriada é diácono. O engraçado é que a palavra está no <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Phoebe_%28Bible%29">gênero masculino</a>, o que <a href="http://abandonimage.blogspot.com/2008/07/phoebe-deacon-of-early-church.html">reforça a ideia</a> de que se trata de um título e que a Paulo está efetivamente considerando-a como diaconisa. Está claro que traduzi-la como <i>servo</i> é uma questão cultural: se o nome fosse masculino, não haveria hesitação em traduzir esta <i>diakonos</i> como diácono.<br />
<br />
Outro versículo que chama a atenção neste mesmo capítulo é o seguinte:<br />
<br />
<blockquote class="tr_bq">
<i>Saúdem Andrônico e Júnias, meus parentes que estiveram na prisão comigo. São notáveis entre os apóstolos, e estavam em Cristo antes de mim.</i></blockquote>
<div style="text-align: right;">
<a href="http://www.bibliaonline.com.br/nvi/rm/16">Romanos 16:7</a></div>
<br />
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgz24QfB_UcJXYow8-U_xxxqV2zSJIFLbuMT2P27BC2p1WwEyQhew-xMGVpGOgJ2-KQxKOXoC1SJLut1zi6xkn1ybO-ovhMVymq65CLUeoNy-rWBCaF0S9LA2-m2GVnlfQL9rBKeWMwPa8Q/s1600/andronikos+athanasius+junia.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgz24QfB_UcJXYow8-U_xxxqV2zSJIFLbuMT2P27BC2p1WwEyQhew-xMGVpGOgJ2-KQxKOXoC1SJLut1zi6xkn1ybO-ovhMVymq65CLUeoNy-rWBCaF0S9LA2-m2GVnlfQL9rBKeWMwPa8Q/s400/andronikos+athanasius+junia.jpg" width="307" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Andrônico, Atanásio de Alexandria e Júnia</td></tr>
</tbody></table>
Este versículo apresenta <a href="http://bible.cc/romans/16-7.htm">variações</a> na tradução. Júnias é um nome masculino. Entretanto, o nome que consta no manuscrito está na sua forma <a href="http://www.michaelsheiser.com/TheNakedBible/Junia%20S%20McCarthy.pdf">acusativa</a>, <i>Iounian</i>, que, portanto, pode também referenciar-se a Júnia, um nome feminino. Como podemos decidir entre os dois nomes, então? Outro problema é o texto diz que eles eram apóstolos notáveis ou se os apóstolos os estimavam. Ou seja, será que Júnia(s) era um(a) apóstolo(a)?<br />
<br />
É claro que o conceito de apóstolo para Paulo não se limitava aos doze - afinal, ele se denominava apóstolo e afirmou não ser um deles.<br />
<br />
Os primeiros cristãos, ao ler a carta de Paulo, entenderam que se <span lang="grc">se tratava de uma mulher. Todos os pais apostólicos (com uma exceção) referenciavam-se a ela pelo nome de Júnia. Um exemplo é Crisóstomo (</span>347-407)<span lang="grc">, que fala a respeito das mulheres em Romanos 16.</span><br />
<span lang="grc"></span><br />
<span lang="grc"><br /></span><br />
<blockquote class="tr_bq">
<span lang="grc">De fato, serem apóstolos já é um grande feito. Mas ainda ser notável entre eles, imagine como isso deve ser uma grande honra! Mas eles eram notáveis pelos seus trabalhos, suas conquistas. Oh! Como é grande a devoção desta mulher para que ela seja digna da designação de apóstola!</span></blockquote>
<div style="text-align: right;">
<span lang="grc">Crisóstomo (p. <a href="http://www.ccel.org/ccel/schaff/npnf111/Page_554.html">554</a>, <a href="http://www.ccel.org/ccel/schaff/npnf111/Page_555.html">555</a> - tradução livre)</span></div>
<span lang="grc"><br /></span><br />
<span lang="grc">Note que este cristão não era nenhum feminista, <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/John_Chrysostom#View_of_women">tendo dito</a> que, "dos animais selvagens, nenhum é mais danoso que a mulher".</span><br />
<span lang="grc"><br /></span><br />
<span lang="grc">A exceção que mencionei é Epifânio (438-496), que citou o nome Júnias. Entretanto, ele também cometeu o erro de referenciar Prisca (Romanos 16:3) como Priscus, outro nome masculino. Portanto, a referência de Epifânio é duvidosa.</span><br />
<span lang="grc"><br /></span><br />
<span lang="grc">O fato que mais aponta para o nome Júnia é que este nome foi encontrado em mais de 250 textos na antiguidade, mostrando que este era um nome bem comum (como abreviação de Junianas), enquanto que a forma masculina Júnias não foi encontrada em lugar algum!</span><br />
<span lang="grc"><br /></span><br />
<span lang="grc">Sendo assim, aparentemente, a tradução histórica de </span><i>Iounian </i>como<span lang="grc"> Júnias - que começou no século XII - foi puramente por motivos ideológicos. O mesmo motivo ideológico que levou ao acréscimo de </span>1 Coríntios 14:33b-35 por escribas do século II em diante. De fato, os cristãos da Idade Média tentaram negar e encobrir a verdadeira identidade de Júnia. Ela era uma mulher e era apóstola.<br />
<br />
Febe e Júnia são veneradas em algumas religiões cristãs, especialmente na Igreja Ortodoxa e nas igrejas não-calcedonianas (às vezes conhecidas como igrejas ortodoxas orientais).<br />
<br />
<br />
A conclusão que tiramos disso tudo é que a noção que apenas homens podem liderar as igrejas de hoje não tem fundamento histórico.<br />
<br />
<br />
<a href="http://opinioesdobandeirinha.blogspot.com/2011/11/em-busca-do-jesus-historico-6-uma.html">< Parte 6</a> <a href="http://opinioesdobandeirinha.blogspot.com/2011/12/em-busca-do-jesus-historico-8.html" target="_blank">Parte 8 ></a> </div>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/14244955320740851981noreply@blogger.com17tag:blogger.com,1999:blog-8270566142691532201.post-42109132434419793412012-01-04T02:22:00.003-02:002012-01-05T00:05:06.147-02:00Os santos "incorruptos": como mentiras se tornam verdade<div style="text-align: justify;">
É a mão divina estendendo-se sobre os corpos desses indivíduos exemplares como testemunho de sua santidade. Incorruptos na vida, incorruptos também na morte. Mesmo após séculos desde a morte deles, seus corpos estão tão bem preservados que eles até parecem estar dormindo. E não só isso: ao contrário do que comumente acontece com cadáveres, estes não fedem a podridão da morte, mas exalam o perfume da santidade. Santa Bernadete - talvez o caso mais famoso - parece estar à espera do beijo de um príncipe encantado. Um verdadeiro milagre, é impossível que haja outra explicação.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Bem, pelo menos, isso é o que dizem por aí. Há inúmeras na Internet afirmando que a incorruptibilidades dos santos é verdadeira e que a ciência não consegue encontrar uma explicação plausível, natural para este fato... Então só pode ser verdade!</div>
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<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgy9KHrwPzGGURcqceY1WCF-HDXjZctR1aY1uvNV6svrrHxBu8hT1pl4KiE5mnxJ4HFTT9D8LH-HWzP4TuAoiMNUoHCh45LG9RoJ3TR5SMIRUjwCcGmZj90joyiqg5pOjFqKk0DaEDJl6iu/s1600/santa+bernadete.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="272" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgy9KHrwPzGGURcqceY1WCF-HDXjZctR1aY1uvNV6svrrHxBu8hT1pl4KiE5mnxJ4HFTT9D8LH-HWzP4TuAoiMNUoHCh45LG9RoJ3TR5SMIRUjwCcGmZj90joyiqg5pOjFqKk0DaEDJl6iu/s400/santa+bernadete.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Santa Bernadete de Lourdes</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
Será?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Vamos analisar a <a href="http://www.catholicpilgrims.com/lourdes/bb_bernadette_body.htm">história do corpo</a> de Santa Bernadete após a sua morte, em 1879. Note-se que o site contando a história é católico. Trinta anos após a sua morte, o corpo foi exumado para ser examinado para processo de canonização. Um cirurgião e um doutor examinaram o corpo sob juramento. O estado de preservação do corpo era "perfeito" (sic).</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O hábito estava <i>umedecido</i>, o rosto estava <i>pálido</i>. Ao remover o hábito, perceberam que os membros estavam <i>rígidos e tensionados</i> - e, de fato, o corpo todo estava rígido, de tal maneira que eles puderam virar e desvirar o corpo. As costelas estavam protuberantes e o estômago estava <i>afundado</i>. As partes mais baixas do corpo estavam enegrecidas, o que "parecia ter sido resultado do carbono que foi encontrado em grandes quantidades no caixão". As freiras que acompanhavam o procedimento lavaram o corpo e colocaram-no em um novo caixão. Nas poucas horas que o corpo ficou <i>exposto ao ar</i>, ele começou a <b><i>escurecer</i></b>. O caixão foi selado e guardado.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Escurecer? Hum...<br />
<br />
O próprio texto diz que a preservação do corpo não é necessariamente milagre, mas pode estar ligado com as condições em que o corpo foi sepultado. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Dez anos depois, o corpo foi novamente exumado e analisado por dois doutores. O corpo estava <i><b>praticamente mumificado</b></i>. A pele estava ausente em alguns lugares, embora ainda estivesse presente na maior parte do corpo. <i>Algumas</i> das veias estavam ainda visíveis. Os músculos estavam <i>atrofiados,</i> mas bem conservados, a pele estava <i>enrugada</i> devido aos efeitos da umidade do caixão.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A última exumação se deu em 1925. Nesta ocasião, o corpo foi envolto em faixas, exceto no rosto e nas mãos. O rosto foi impresso para que a firma de <i>Pierre Imans</i> de Paris pudesse criar uma leve <i><b>máscara de cera</b></i> baseada nesta impressão e nas fotos disponíveis. Isto era uma <i>prática comum</i>, pois o enegrecimento da face e afundamento dos olhos poderiam dar uma impressão desagradável ao público.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Convido-o, caro leiro, a examinar as máscaras de cera nas <a href="http://www.paginaoriente.com/santosdaigreja/incorruptos.htm">fotos de vários santos</a>. Veja também quantas vezes a palavra <i>wax</i> (cera, em inglês) aparece <a href="http://web.archive.org/web/20080614055125/http://www.catholicapologetics.info/library/gallery/incorrupt.htm">nesta página</a> que defende que a incorruptibilidade dos santos é um milagre.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
É assim, caro leitor, que se esconde a verdade, para que o povo não <i>"perca a fé"</i> - ou seja, não questione e continue pagando o dízimo. Com uma máscara de cera.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<blockquote class="tr_bq">
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiEWTC6MIXodLAG_9HoQH6qyBHGEIgt5xomE1PviIQU6jQ6nUL1OcUDhvHTi1zEgcatJOfbRCipiQ4xKojDa2-CR5JEtCdN69ouZdMo5RCTRq44YG66RTHbE8GbP9g72PADg5bTu5bMR_ts/s1600/Pio+Pietrelcina.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="296" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiEWTC6MIXodLAG_9HoQH6qyBHGEIgt5xomE1PviIQU6jQ6nUL1OcUDhvHTi1zEgcatJOfbRCipiQ4xKojDa2-CR5JEtCdN69ouZdMo5RCTRq44YG66RTHbE8GbP9g72PADg5bTu5bMR_ts/s400/Pio+Pietrelcina.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-size: 100%;">São Pio de Pietrelcina</span></td></tr>
</tbody></table>
Nos últimos 15 anos, entretanto, uma nova visão dos Incorruptos começou a emergir. <b><i>A pedido do Vatican</i>o</b>, patologistas, químicos e radiologistas italianos estiveram estudando os corpos de homens e mulheres antigos enterrados nos relicários das igrejas. [...]<br />
<br />
Em Cortona, Fulcheri juntou-se aos outros examinadores, fazendo o <i>juramento </i>requisitado a todos os participantes de tais procedimentos: ele jurou respeitar os restos dos santos, de não pegar nada e de <i>dizer a verdade</i> a respeito das suas descobertas. Então ele e seus colegas romperam os lacres do relicário e carregaram o corpo da santa [Margarita] a uma área privada da catedral. Conforme Fulcheri levantou gentilmente a borda de seu vestido sobre suas pernas, todos os reunidos começaram a murmurar. Várias longas incisões haviam sido feitas ao longo de suas coxas; havia outros cortes mais fundos ao longo do abdome e peito. Claramente feitos após a morte, eles haviam sido costurados com uma linha grossa e preta. Santa Margarita fora <b><i>artificialmente mumificada.</i></b><br />
<br />
Investigando documentos históricos e eclesiásticos, Fulcheri fez uma descoberta surpreendente: <i>"As pessoas [de Cortona] pediram à Igreja que a embalsamasse,"</i> diz ele. De acordo com os relatos, eles fizeram este pedido <i>publicamente</i>. Mas ao longo dos séculos, este fato havia se perdido. As pessoas assumiram, dado o estado do seu corpo, que ela havia sido preservada por um ano divino. Os reconhecimentos canônicos realizados no corpo <i>pouco fizeram</i> para corrigir o relato. Os examinadores detectaram a <i><b>fragrância dos unguentos e especiarias</b> </i>sobre ela, mas eles estavam muito embaraçados para fazer nela um exame físico completo. <i>"Eles haviam puxado seu vestido para trás, mas só um pouco para ser sincero,"</i> observa Fulcheri.</div>
</blockquote>
<div style="text-align: right;">
<a href="http://web.archive.org/web/20010610014402/http://www.discover.com/june_01/featsaints.html">Discover magazine, Vol. 22 No 6 (Junho de 2001 - tradução livre </a></div>
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: right;">
(Cópia disponível <a href="http://www.nhne.com/misc/incorruptibles.html">neste link</a>)</div>
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O texto acima fala sobre a mumificação artificial que foram feitas em outros santos: Santo Emiliano, São Gregório Barbarigo, Santa Clara de Montefalco, Beata Margarita de Metola, <i>Santa Catarina de Siena,</i> São Bernadino de Siena e <i>Santa Rita de Cássia</i> (os últimos cinco receberam cortes de forma similar à Margarita de Cortona). O Padre Pio <a href="http://skeptoid.com/episodes/4126">também não escapa</a> à lista dos embalsamados - e, apesar disso, seu rosto estava degradado na sua exumação, 40 anos após sua morte, e, por isso, foi colocada sobre seu corpo uma máscara de cera. Há outros santos cujas tumbas favoreceram a preservação dos corpos por suas condições químicas e de temperatura, causando uma mumificação natural.<br />
<br />
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjNOQ6NaykP89gyLS7jZ2wzf61zjuolvTPmWA1e2xYwrbfQtjwmQYadAZdAIFARzcm37-42_qMbSDISPgayLrOfXKbyVGCaYsijXit_HcZdSFmwH8v90gHlrGE9y4VshlSNxfHuU-PNpRby/s1600/saint+clare+of+montefalco.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjNOQ6NaykP89gyLS7jZ2wzf61zjuolvTPmWA1e2xYwrbfQtjwmQYadAZdAIFARzcm37-42_qMbSDISPgayLrOfXKbyVGCaYsijXit_HcZdSFmwH8v90gHlrGE9y4VshlSNxfHuU-PNpRby/s1600/saint+clare+of+montefalco.jpg" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Santa Clara de Montefalco</td></tr>
</tbody></table>
A <a href="http://machineslikeus.com/news/religion-and-evidence-4-incorruptibility-bodies-saints">preservação de corpos</a> varia muito com as condições ambientais a que o corpo é submetido. Isso, de fato, não é completamente compreendido pela ciência. Frequentemente, porém, há confusão entre as pessoas quando se diz que a ciência não compreende algo - isso não é nem de longe prova de que <i>não há</i> uma explicação e nem mesmo que a ciência <i>não é capaz</i> de chegar a uma conclusão. Se a ciência não compreende, é porque falta evidências ou tempo de pesquisa para encontrar a resposta à pergunta.<br />
<br />
Afirmar a ausência de explicações por parte da ciência é prova de que há um milagre é uma falácia conhecida como <span class="Apple-style-span" style="line-height: 15pt; text-align: justify;"><span style="font-family: inherit;"><a href="http://deuscienciaereligiao.blogspot.com/2012/01/argumentum-ad-ignorantiam.html">argumentum ad ignorantiam</a> (argumento da ignorância).</span></span><br />
<br />
Os santos católicos não são em nada especiais - há santos da Igreja Cristã Ortodoxa, <a href="http://skeptoid.com/episodes/4126">monges budistas</a> e até pessoas comuns cujos corpos se preservaram acima do comum. Cerca de 20 budistas sofreram mumificação após uma rigorosa dieta para emagrecer e tornar o corpo tóxico a parasitas, permanecendo isolados numa caverna, que era selada por um tempo após o falecimento para depois ser aberta para verificar se ocorreu a mumificação.<br />
<br />
O vídeo abaixo atesta que os cientistas estão "perturbados" com a preservação do monge Lambo Lama Liigelov. Entretanto, sabe-se que seu corpo foi preservado com sais de brometo. <br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/qM-KRpd4QYQ?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>
<br />
Há interesse tanto religioso quanto financeiro nas relíquias de santos e é por este motivo que eles são frequentemente embalsamados e desenterrados. A enorme quantidade de relíquias de santos com preservação acima da média é demonstração, não de algum milagre, mas de como as pessoas têm um fascínio por eles. Quer eles mereçam tal fascínio, quer não.<br />
<br />
Quero chamar-lhe a atenção, caro leitor, a todo este rebuliço acerca dos corpos dos santos. Se alguém desenterra um indivíduo qualquer - que, sabe-se, não foi nenhum santo - e percebe que seu corpo está razoavelmente preservado, pode até se espantar, mas não sairá gritando "milagre" pelos telhados. Muitas vezes testemunhei o fascínio de leigos pelas múmias egípcias, afirmando que muitas delas estavam inexplicavelmente preservadas, mas nenhum deles testemunhava que a única explicação para isso seria uma intervenção sobrenatural.<br />
<br />
Por outro lado, se o corpo é de um santo... as pessoas tornam-se extremamente crédulas. Qualquer sinal de preservação - por menor que seja - torna-se, do ponto de vista dos fiéis, inexplicável, até mesmo para a ciência, senão por milagre. Os fatos são cada vez mais exagerados conforme são transmitidos de boca em boca e poucos se preocupam em certificar-se de que os relatos são verdadeiros. Em pouco tempo, aparecem páginas de Internet com aparência de científicas atestando para a incontestabilidade da existência de milagres, apesar dos autores não terem sequer estudado putrefação de corpos.<br />
<br />
E assim fica a lição: relatos populares são exagerados. As pessoas acabam por inventar algumas mentiras e exagerar outras para defender seu próprio ponto de vista. De forma não intencional, diga-se de passagem, e é exatamente por isso que elas soam tão convincentes: pois não são mentiras maliciosas, mas sinceras.<br />
<br />
O mais revoltante nisso tudo não é a confusão ou a credulidade do povo, mas a (falta de) posição do Vaticano. Não é interessante o quanto a Igreja se pronuncia com tanto vigor acerca de coisas que ela <b>não sabe?</b> Por exemplo, as vontades divinas, entre tantas outras coisas que são impossíveis de se saber e, principalmente, de se contestar. Entretanto, quando se trata de algo que ela <b>realmente</b> <b>sabe,</b> mas que seria inconveniente para ela que as pessoas soubessem, ela se cala feito uma porta! Afinal de contas, que problema há em transgredir o sétimo mandamento em nome da fé, não é? Que mal há em enganar as pessoas - ou deixar de esclarecê-las - para que elas continuem a acreditar? Para a Igreja, ironicamente, é <b>inconcebível</b> que as pessoas se "enganem" a respeito da camisinha, "achando" que ela é permissível, mas que elas não saibam que santos foram embalsamados e receberam máscaras de cera, ah, aí não tem problema! Que as pessoas continuem caminhando de joelhos para pagar promessas aos santos, isso lhe é extremamente conveniente e não lhe pesa nem um pouco na consciência que o façam por uma ilusão.<br />
<br />
Desde que continuem católicas, não há problema algum!</div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Alguém no passado cometeu um enorme erro ao dizer que fé é uma dádiva divina, um presente do Espírito Santo. Quando percebe-se que os mais esclarecidos, em nome da fé, permanecem de braços cruzados enquanto os fiéis iludem-se uns aos outros, isso é sinal de que a história foi longe demais. É uma ilusão acreditar que agir de tal maneira é justo e bom "aos olhos de Deus", quando, de fato, estão mascarando a verdade com uma máscara de cera. Ao venerar os santos como seres extraordinários, a santidade torna-se inalcançável e os santos, inimitáveis. Como santidade é erroneamente confundida com bondade, o resultado é que as pessoas acabam por concluir que bondade é difícil, um fardo, que é alcançada através da fé, da religiosidade e que a mais verdadeira e pura bondade está reservada a estes semideuses os quais chamamos santos. Mentiras e mais mentiras vão se tornando verdade sem que ninguém perca o sono por isso.</div>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/14244955320740851981noreply@blogger.com178tag:blogger.com,1999:blog-8270566142691532201.post-84945978025610234992011-12-30T00:26:00.000-02:002012-01-02T14:24:50.281-02:00"Como você pode ter tanta certeza?"<div style="text-align: justify;">
O tribunal está em sessão. Quem está no banco dos réus é Mário, a acusação é assassinato. Várias evidências são apresentadas pela promotoria. Aparentemente, houve uma briga e o assassino deixou na cena do crime algumas gotas de sangue. Um teste de DNA mostra que o sangue pertence ao réu. Havia marcas de pegadas cena do crime que são compatíveis com um par de sapatos sujos de terra - a mesma terra que é lá encontrada - que estavam na casa de Mário. Em sua posse também foram encontradas roupas manchadas com o sangue da vítima. Mário tinha motivos de sobra para
querer a vítima a sete palmos abaixo da terra.<br />
<br />
Não foram necessários mais do que 15 minutos de discussão para que o juri chegasse à sua decisão: o réu é culpado de todas as acusações.
Joana, a namorada de Mário, é claro, não gosta disso. Ela reclama que o julgamento foi injusto, como pode o juri ter tanta certeza nessa decisão? E se houve uma grande conspiração por parte da polícia
para incriminar o réu? Oras, o teste de DNA tem uma chance em um trilhão
de acusar um falso positivo, e se o réu for simplesmente muito, muito,
muito, muito azarado? O crime foi realizado sem que houvesse uma só
testemunha, como o juri pode acreditar que Mário estava lá se ninguém
viu?<br />
<br />
Como ousam eles considerar a teoria de que Mário é culpado como a única "verdade absoluta"?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
Pensemos por um segundo. Joana teria alguma razão? Será que existe alguma possibilidade do réu ser, afinal de contas, inocente? Sim, é claro que existe. Agora, é <b>razoável</b>
supor que o réu é inocente? Quem é que, diante de tantas evidências,
não julgaria o réu como culpado sem nem sequer piscar para pensar? De que vale a pena agarrar-se com tanto fervor numa possibilidade tão remota de ter cometido um erro? Quem é
que acredita que é injusto declarar que Mário é culpado em tais
circunstâncias?<br />
<br />
Joana.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Oras, Joana pode dar tantos murros nessa faca quanto ela quiser, ela pode gritar e espernear à vontade, mas Mário vai
pra cadeia e ninguém vai perder o sono por isso. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
"Olhe, eu estou disposta a admitir que o seu ponto de vista é possível,
mas como você pode dizer que o meu ponto de vista é impossível?" É o que dizem as Joanas por aí, como se não soubessem como defender o seu próprio ponto de vista com argumentos ou evidências e procurassem chegar a um acordo, pedir uma trégua, numa tentativa de não se sentirem prejudicadas. Ou seja, pedem água. Mas em que circunstâncias alguém pede água senão numa briga? Por que tratar uma discussão como se fosse uma disputa?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Oras, numa disputa, um ganha somente às custas da derrota do outro, enquanto que, numa discussão, quem tem o maior lucro não é aquele que defende melhor o seu ponto de vista, pelo contrário, é aquele que aprende mais. Além do mais, se o propósito de uma discussão acerca de um assunto polêmico for chegar à conclusão que os dois lados deste assunto são igualmente possíveis, então, pra começo de conversa, para quê discutir? Não seria mais fácil os indivíduos envolvidos dizerem "todas as possibilidades são igualmente possíveis" e encerrar a discussão?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
É claro que discussões não podem sempre ser vistas desta forma, dificilmente a questão é sim ou não, e não é apenas a questão da existência de meios termos, mas de problemas laterais correlacionados ou que influenciam alguma decisão numa situação prática. Há de se tomar cuidado para <span id="goog_1680018756"></span>não prender-se no extremo<span id="goog_1680018757"></span> de uma questão ou de <a href="http://opinioesdobandeirinha.blogspot.com/2011/10/ceticismo-nao-e-descrenca.html">negar-se a ouvir</a> uma opinião contrária.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Por que Joana acredita tanto na inocência do seu amado? Simples: porque ela <b>quer</b>
acreditar. É a Primeira Regra do Mago:</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<blockquote class="tr_bq">
<div style="text-align: justify;">
As pessoas são estúpidas; dada motivação o suficiente, quase todo mundo acreditará em quase tudo. Porque as pessoas são estúpidas, elas acreditarão numa mentira porque elas querem acreditar que ela é verdade, ou porque elas têm medo de que ela possa ser verdade.</div>
</blockquote>
<div style="text-align: right;">
<a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Wizard%27s_First_Rule">Terry Goodkind, <i>The Sword of Truth (tradução livre)</i></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
É extremamente importante notar que isso vale para ambos os lados. Muitas vezes, alguém defende um ponto de vista extremo, não porque tem evidências, mas porque quer acreditar naquele extremo, enquanto que aquele que argumenta pelo meio-termo esta apenas tentando ser sensato. Deve-se, portanto, saber distinguir entre uma situação e outra.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Não importa a situação, qualquer ponto de vista, seja extremo, meio-extremo ou meio-termo, é defendido por argumentos e evidências, não por negociação. Dizer que um fato bem estabelecido é falso pela vontade de acreditar na sua falsidade é dar murro em ponta de faca. Tentar negociar e suavizar o ponto de vista alheio sem argumentação ou evidência é acariciar a faca: os cortes são inevitáveis e a faca não perderá o seu fio.</div>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/14244955320740851981noreply@blogger.com12tag:blogger.com,1999:blog-8270566142691532201.post-5078778230215240252011-12-28T19:07:00.000-02:002011-12-28T19:36:11.455-02:00Feliz 2012!<div style="text-align: justify;">
"O fim está próximo!" O único propósito desta frase é causar medo e escândalo. Antes fosse uma ideia nova, antes hoje nós tivéssemos mais razão para acreditar que o mundo chegará ao seu fim do que tiveram os pobres que testemunharam a queda do Império Romano, a Santa Inquisição e as Cruzadas, a Crise de 29, as duas guerras mundiais, a Guerra Fria, entre tantos eventos catastróficos já ocorridos.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Dizem que os sinais dos tempos são claros. Sim, são claros, como sempre foram, o tempo todo as pessoas viam tais sinais na época em que viviam. Crises e guerras acontecem o tempo todo, durante toda a História.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Já sobrevivemos a Deus e ao diabo, acho que não teremos problema em sobreviver a uma previsão (que não foi) feita pelo povo maia acerca do ano que vai chegar.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Deixo aqui duas listas de datas para o fim do mundo ao longo da História: <a href="http://www.bible.ca/pre-date-setters.htm">a primeira tem 242 previsões de fim de mundo</a>, <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/List_of_dates_predicted_for_apocalyptic_events">a segunda deve ter 183, caso não tenha errado nas contas</a>.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Desejo um próspero ano novo a todos!</div>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/14244955320740851981noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8270566142691532201.post-19055818664996975562011-12-28T17:27:00.000-02:002011-12-28T17:32:08.740-02:00Correção no texto "Jesus, Buda e a influência deste no cristianismo"<div style="text-align: justify;">
No texto <a href="http://opinioesdobandeirinha.blogspot.com/2011/11/em-busca-do-jesus-historico-6-uma.html">Em busca do Jesus histórico 6: Jesus, Buda e a influência deste no cristianismo</a>, cometi um erro ao usar o livro "<i>The Gospel of Buddha</i>" como fonte. Fiz uma pequena edição no texto original e adicionei uma nota ao final do texto.<br />
<br />
Além disso, gostaria de notificar que a série "Em busca do Jesus histórico" não chegou ao seu fim! Portanto, não fiquem tristes: em breve, publicarei mais textos a respeito do cristianismo primitivo, das diferentes formas que as pessoas viam o galileu, a visão dos historiadores a respeito de quem foi Jesus, entre tudo o que eu conseguir cavar a respeito do assunto.<br />
<br />
Não percam!</div>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/14244955320740851981noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8270566142691532201.post-10194238981632018832011-12-20T12:54:00.002-02:002011-12-24T02:08:29.984-02:00Feliz natal!<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjAnECBoWTo6k_A3T3WwGrIwiN6VexUTy7fe99X8sDjNSPSqyTiXnu_9Jn7sm011j4miPddVJ1LUUBRJ9abT_nPGIJodIQ8BXNSktHxmxKIkyCcMd_Z5r36BXMUgGlp6D3C2sloJvnNKoQG/s1600/luzes-arvore-natal.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjAnECBoWTo6k_A3T3WwGrIwiN6VexUTy7fe99X8sDjNSPSqyTiXnu_9Jn7sm011j4miPddVJ1LUUBRJ9abT_nPGIJodIQ8BXNSktHxmxKIkyCcMd_Z5r36BXMUgGlp6D3C2sloJvnNKoQG/s400/luzes-arvore-natal.jpg" width="265" /></a></div>
Por que temos quatro estações no ano? Esta dúvida assombrou nossos antepassados enquanto eles observavam a ligação entre as estações do ano e o movimento do Sol pelo céu. Em nossa História, curiosos antigos do hemisfério norte observavam a nossa estrela movendo-se do seu ponto mais ao norte vagarosamente em direção ao sul. Os dias, outrora quentes, iam se tornando cada vez mais frios, as folhas amarelavam e despencavam das árvores, os animais iam se recolhendo para suas tocas conforme chegava aquele período do ano em que do céu caíam aqueles cristais brancos e gelados de água.</div>
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Eles chegaram à conclusão racional: tudo estava morrendo juntamente com o astro mais importante para a vida na terra.</div>
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<br /></div>
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E então, de repente, no dia 25 de dezembro, o Sol parava de mover-se ao sul. Era o solstício de inverno (hoje em dia, devido a uma alteração no calendário, o solstício ocorre no dia 22). A partir deste dia, o Sol começava novamente a sua ascensão. A morte não o derrotara, a vida não se fora, a esperança renascia. </div>
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<br /></div>
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Era costume deles darem significado aos movimentos dos astro como se o céu fosse o papel sobre o qual os deuses contavam as suas histórias. Astrologia. E assim, o dia 25 de dezembro tornou-se uma data especial. Ao redor do mundo, eram-lhe dados vários significados diferentes. O mais intrigante deles é o nascimento de uma divindade no Império Romano.</div>
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<br /></div>
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<a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Sol_Invictus"><i>Sol Invictus</i></a> (Sol invencível), o deus Sol, aquele que não pode ser conquistado pela morte.</div>
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<br /></div>
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A celebração Dies Natalis Solis Invicti, ou nascimento de Sol Invictus, foi instituída oficialmente em 274 d.C. e permaneceu apenas até 387 d.C. por uma razão simples: a cristianização do Império Romano. Outra divindade também celebrada nesta data era o deus Saturno, o deus da agricultura, na festa denominada <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Saturnalia">Saturnália</a>, em que os romanos tinham o hábito de trocar presentes. <a href="http://www.history.com/topics/christmas">Outro costume</a> comum em várias culturas era o de comer carne, pois esta era a época do abate.</div>
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<br /></div>
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E quem é que não gosta de comer um peru no natal? (Podem fazer piada, mas que é verdade, é).</div>
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<br /></div>
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Apenas para constar: apesar dos boatos, o nascimento do deus Sol egípcio, Horus, não era celebrado nesta data, mas entre outubro e novembro. Há muitos boatos sobre muitas divindades antigas cujo nascimento era celebrado nesta data, mas suspeito que a grande maioria seja fabricação. O nascimento a partir de uma virgem também é erroneamente atribuído a muitas divindades. A associação mais engraçada é que <a href="http://www.tektonics.org/copycat/mithra.html">Mithra</a>, divindade do Zoroastrianismo, que foi uma grande religião antiga no mundo iraniano, teria nascido em 25 de dezembro de uma virgem em uma caverna, quando, na verdade, Mithra nasceu a partir da rocha (que dificilmente pode ser classificada como virgem) deixando para trás uma caverna. Bem, ao menos a data de comemoração de aniversário <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Mithraic_mysteries#Rituals_and_worship">parece ter</a> alguma base.</div>
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<br /></div>
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A origem destes boatos é provavelmente a primeira parte do filme Zeitgeist.</div>
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<br /></div>
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De qualquer maneira, é fato que havia muitas celebrações nas semanas que precedem e seguem o solstício de inverno por vários povos, celebrando várias divindades diferentes. É claro que Roma, ao dominar outros povos, teria um grande trabalho para tirar deles seus costumes, suas tradições. O cristianismo foi provavelmente a maior arma na tentativa de unificar a crença - e, portanto, facilitar o controle.</div>
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<br /></div>
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A escolha de Jesus como sendo o novo deus Sol parecia bastante natural do ponto de vista político. Desta forma, o Império não teria que acabar com costumes e tradições, bastava mudar o nome das divindades cultuadas, estratégia que provou ser um sucesso.<br />
<br />
E Jesus ganhou um aniversário.</div>
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<br /></div>
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<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/JVAQGB15whI?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>
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<br /></div>
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É por isso que, hoje em dia, a celebração do natal está cercada de simbologia e tradição cujos significados se perderam no tempo com as crenças pagãs que os criaram. A tradição varia de país para país, dependendo dos rituais pagãos que havia nestes antes de sua cristianização e da influência dos rituais de outros países.</div>
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<br /></div>
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O vídeo acima credita a origem do Papai Noel à divindade Bes, do antigo Egito. Acho difícil sustentar tal alegação. Entretanto, é
fácil perceber que o Papai Noel, de acordo com sua lenda, tem as
características de uma divindade: ele pode demais, sabe demais e está em
vários lugares ao mesmo tempo na noite de natal. O velho barbudo, na verdade, trás uma mistura bastante curiosa de características de duas figuras.</div>
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<br /></div>
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<a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Saint_Nicholas">Nicolau de Mira</a>, também conhecido como São Nicolau, viveu de 270 a 343 na atual Turquia. Sua mania de entregar presentes às crianças era bastante conhecida, em especial a de deixar moedas em botas. As gravuras deste santo apresentam-no com cabelos e barba brancos e vestes vermelhas, assim como as vestes de qualquer outro bispo da sua época (não, caro leitor, a roupa do Papai Noel não é invenção da Coca-Cola). Entretanto, o dia de sua celebração era 6 de dezembro. Neste dia as crianças eram presenteadas em sua memória. Além disso, imagino que ele não tinha a capacidade de sair voando por aí no dia de natal.</div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh7tRRY0HYB1SuOfEDOqvPvC_s8rfY0ryzRJDsK4_JmurntbL_F2nqDjhZCO7AH7rMmxlglimf4WCZpOad4HliFu3lKvolX1scCswMLa_igvU87eOheCjzCmQrJO7todOh5kv0LSNYaIu0M/s1600/sleipnir.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="260" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh7tRRY0HYB1SuOfEDOqvPvC_s8rfY0ryzRJDsK4_JmurntbL_F2nqDjhZCO7AH7rMmxlglimf4WCZpOad4HliFu3lKvolX1scCswMLa_igvU87eOheCjzCmQrJO7todOh5kv0LSNYaIu0M/s400/sleipnir.jpg" width="400" /></a></div>
Odin, por outro lado, um deus de bastante importância entre povos germânicos antigos, <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Odin#Santa_Claus">possuía um cavalo</a> de oito patas chamado <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Sleipnir">Sleipnir</a>, que era capaz de pular grandes distâncias. Durante o festival germânico de solstício de inverno que recebia o nome de <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Yule">Yule</a>, Odin era retratado como conduzindo uma grande festa de caça selvagem pelo céu. As crianças tinham o costume de deixar botas com cenoura, açúcar ou palha ao redor das chaminés para que o cavalo voador de Odin pudesse comer. Como recompensa, Odin deixava presentes ou doces às crianças. Este costume existe ainda hoje nos povos germânicos, enquanto outros povos penduram meias em vez de botas.</div>
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<br /></div>
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Associar divindades de povos pagãos a santos católicos era uma prática comum dos missionários na tentativa de cristianizar estes povos. A Igreja Católica tentou por um tempo acabar com os rituais de origem pagã, como a entrega de presentes, mas não obteve sucesso. É assim que nasce o Papai Noel que nós conhecemos hoje em dia.<br />
<br />
Dizem que Natal é uma festa cristã. Alguns chegam a dizer que o Papai Noel deveria ser abolido do natal, pois "não está na bíblia". Pergunto-me se estes também abominam a árvore de natal, que <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Christmas#Decorations">pode estar relacionada</a> à adoração de árvores na antiguidade, enquanto outras vezes elas eram enfeitadas em homenagem aos deuses, como Thor. Será que eles também entregam presentes à maneira de Saturnália? Será que eles também cantam músicas natalinas, à maneira que era feito durante o Yule, num conjunto de rituais eslavos denominado <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Koleda">Koleda</a>? E quanto às velas, guirlandas e enfeites de todo o tipo? Como os judeus se atrevem a comemorar o <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Hanukkah">Hanukkah</a> no mesmo dia? E os hindus, que comemoram o <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Pancha_Ganapati">Pancha Ganapati</a> entre os dias 21 e 25 de dezembro, como se atrevem? Aliás, se eles têm tanto medo assim dos deuses pagãos e o Natal é uma festa pagã...<br />
<br />
Oras, por que raios comemorar o Natal então?<br />
<br />
Esta é uma boa pergunta... Por que comemorar o Natal?<br />
<br />
Oras, Natal é uma festa que transcendeu eras, culturas e religiões. Diferentes povos sempre procuraram e encontraram diversas razões pela qual comemorar nesta data marcada pelo nosso querido Sol. Oras, talvez não precisemos procurar, talvez não precisemos de razão nenhuma para celebrar.<br />
<br />
Não precisamos de um motivo, a festa já é motivo o bastante!<br />
<br />
Não é lindo ver as cidades todas enfeitadas, cheias de luz, de velhos barbudos andando pelas ruas, badalando os sinos, as crianças ganhando balas e pedindo presentes de natal? Não é comovente ver crianças mandando cartas endereçadas ao Polo Norte, ao que outros, por compaixão, respondem a este pedido desesperado de ajuda? Não chega a ser quase divino que as pessoas decidem ter mais compaixão só porque aquele dia está marcado no calendário?<br />
<br />
Oras, mas é claro que sim, caro leitor! É 25 de dezembro, chegou agora aquele dia mágico, vivo, iluminado. Os deuses se foram, mas, para a nossa alegria, a festa ficou.<br />
<br />
Celebremos a humanidade, a esperança de um mundo melhor, o verão... Festejemos a nossa curiosa mania de encontrar uma desculpa esfarrapada para sermos felizes!<br />
<br />
Desejo a todos os queridos leitores deste blog um feliz Natal, Hannukah, Pancha Ganapati, Saturnália, Yule, Solstício de Verão... Enfim, tenham um feliz 25 de dezembro!</div>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/14244955320740851981noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8270566142691532201.post-15311537968562924342011-12-01T13:15:00.001-02:002011-12-14T01:14:43.145-02:00Ateísmo, uma religião (ou quase)<div style="text-align: justify;">
Existem muitas ideias que se espalham entre os ateus mais convictos, mais religiosos. E digo religiosos por um motivo bem simples: ateísmo, mesmo que tecnicamente não seja uma religião, possui várias das características comuns às religiões. Uma delas é a existência de um conjunto de fanáticos, que se tornam cegos e disseminam ódio e desrespeito às pessoas crentes sob o pretexto de que "crenças não merecem respeito", fãs de vitimização, de fazerem-se de coitados e perseguidos, quando ao mesmo tempo não colocam limites à própria raiva e recusam-se a tentar compreender a cabeça dos religiosos sem pré-julgá-los.<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh2RQI_LJYRWaXI3sdbMtXkj3Csljjbpd8K2uEdvf1Jf0JnCdg5D7RpTrM1rD5f5p9IWPk70TEvcq9AsXLjuaD_olx559Imzv12STQ7ePzZWfPObefzy-OhnoyLwzUkYIzImmyDAsT0IxFm/s1600/ateismo.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="345" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh2RQI_LJYRWaXI3sdbMtXkj3Csljjbpd8K2uEdvf1Jf0JnCdg5D7RpTrM1rD5f5p9IWPk70TEvcq9AsXLjuaD_olx559Imzv12STQ7ePzZWfPObefzy-OhnoyLwzUkYIzImmyDAsT0IxFm/s400/ateismo.jpg" width="400" /></a><br />
Ateísmo, por definição, é simplesmente ausência de crença em Deus. Por esta definição, uma pessoa qualquer, ou crê em Deus, ou é ateia. Claro, definição é definição, mas será esta a definição usada na prática, socialmente? Comparemos com cristianismo. O <a href="http://www.priberam.pt/dlpo/default.aspx?pal=cristianismo">dicionário Priberam</a> dá duas possíveis definições para a palavra: "religião de Cristo" ou "doutrina de Cristo". Seria justo dizer que todas as religiões denominadas cristãs podem ser ditas "de Cristo"? Teria o nazareno de milênios atrás fundado cada uma delas? Seria correto dizer que elas seguem a doutrina "de Cristo"? Ou seria mais correto dizer que elas seguem uma doutrina cujo centro e objeto de adoração é uma divindade de nome Jesus Cristo? E digo "uma divindade" porque as religião cristã dão características bem diferentes a Jesus, não se pode dizer "o Jesus Cristo". E fica impossível associar cada uma dessas divindades a um homem que viveu dois mil anos atrás.<br />
<br />
Resumindo, a definição de cristianismo está associada ao homem Jesus Cristo, mas o significado prático desta palavra não está. O detalhe é que essa associação é feita na mente das pessoas que se denominam cristãs. Alguém pode não seguir nenhuma religião e denominar-se cristão. Oras, o que define alguém como cristão não é a definição da palavra, mas o quanto as crenças e características deste indivíduo se encaixam naquelas esperadas de um cristão (adorar a Jesus, ir à igreja, professar a fé em Deus...). Aliás, esta é a definição utilizada na prática, não apenas para esta corrente filosófica, mas também para qualquer outra. Pela definição do dicionário é impossível determinar quem é cristão e quem não é.<br />
<br />
E por que ateísmo seria diferente?<br />
<br />
Oras, ateísmo, na prática, já fugiu à sua definição há tempos. Muitos não professam uma crença em divindade alguma sem se auto-denominarem ateus. Entre os ateus, um adolescente rebelde que diz não acreditar em Deus não é um ateu "de verdade". Muitos deles consideram apenas um ateu "de verdade" aquele que busca informações a respeito das religiões, da crença em um deus, professando abertamente sua ausência de crença, que não acredita em informações aleatórias sem evidências, entre outras coisas. Já ouvi muitos ateus dizerem o quanto é óbvio que marxismo é uma religião. Oras, eu desconheço qualquer definição da palavra religião que classifique marxismo como tal e que não inclua o próprio ateísmo.<br />
<br />
Assim, o que, na prática, classifica um ateu não é simplesmente a sua crença ou descrença em divindades. A palavra ateísmo está tão carregada de características que muitas pessoas, apesar de, por definição, serem ateias, negam-se a declararem-se como tais, não pelo medo da repressão ou preconceito, mas sim por causa de um padrão de comportamento que os ateus (sem perceber) esperariam destes indivíduos.<br />
<br />
Afirmar a descrença em divindades na sociedade atual não é uma mera constatação de uma ausência de crença, mas um cartão de entrada à ideologia denominada ateísmo. Sendo assim, ateísmo está mais próximo de "crença na negativa" (ainda que não seja crença absoluta) do que de "descrença". Eu não tenho medo de, como ateu, ser possivelmente classificado como pertencente a uma religião; prefiro ser racional a render-me ao medo e fazer um julgamento tendencioso. Religiosidade não é o problema, nem mesmo religiosidade e excesso: não há mal em defender e viver de acordo com princípios comuns a outros. O problema é o fanatismo, é criar um muro entre si mesmo e aqueles que não têm os mesmos princípios.<br />
<br />
Dizem que ateísmo não pode ser uma religião porque os ateus pensam diferentemente uns dos outros. Oras, não seria isso verdade em qualquer religião? Quase não há crença que seja comum a todos os cristãos, o mesmo vale para os ateus. Mas existe, sim, uma forma de pensar "média" no cristianismo, ou forma de pensar de maioria, que muitos consideram fator determinante para um indivíduo ser considerado cristão. Por exemplo, nem todos os cristãos afirmam que Jesus Cristo é ao mesmo tempo Deus e filho de Deus, mas a maioria deles não considera cristão alguém que não afirme isso.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhpGIi1wsI6cMCfX0Y0heU7f9NBQwsA48TTNP0CryN9vflRJl6qAKGA0b0T6zxQAdmaVKXojamu5gZQTNmJWcGrz305U-PazUXOE9XyBuMVjcJYu7OenAtLbQxF_MQn2Rr1EvkpoFv1tr1T/s1600/Ate%25C3%25ADsmo+2.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhpGIi1wsI6cMCfX0Y0heU7f9NBQwsA48TTNP0CryN9vflRJl6qAKGA0b0T6zxQAdmaVKXojamu5gZQTNmJWcGrz305U-PazUXOE9XyBuMVjcJYu7OenAtLbQxF_MQn2Rr1EvkpoFv1tr1T/s1600/Ate%25C3%25ADsmo+2.jpg" /></a></div>
Ateísmo também tem uma forma de pensar "média". Infelizmente, assim como no cristianismo, essa forma de pensar média é, em alguns pontos, tendenciosa e crédula. Vale notar que isso não pode ser dito de cada ateu em particular, ainda que seja muito religioso - isso varia muito. Apesar disso, há muitas ideias que se espalham rapidamente e sem questionamento pelos ateus.<br />
<br />
Um dos exemplos pode é dado por <a href="http://arapucas-libertarias.blogspot.com/2011/11/e-entornou-o-bule.html">esta crítica</a> ao Bule Voador. Alguém contou uma anedota no site do Bule envolvendo um óbvio estereótipo de um crente fanático, acrescentando a ela vários elementos que são, no mínimo, duvidosos. Na <a href="http://bulevoador.haaan.com/2011/11/30292/">matéria original</a>, que foi removida e substituída por uma retratação, ainda pode-se ver alguns comentários demonstrando crença total na anedota, que, felizmente, não é universal, mas ainda assim preocupante.<br />
<br />
Um conjunto de afirmações absurdas que são facilmente engolidas por ateus são aquelas apresentadas na primeira parte do documentário Zeitgeist, que "mostram" características da vida de Jesus que são comuns a várias outras divindades da antiguidade, afirmando que a vida deste homem teria sido uma invenção-conspiração do Império Romano na tentativa de criar uma religião manipuladora.<br />
<br />
Sinto muito, caro leitor, mas, só para dar um exemplo, o número de discípulos de Horus varia muito de história para história, e vi algumas fontes afirmarem que em nenhuma delas este número era doze. Há sim, semelhanças, que fariam a maioria dos cristãos corarem de vergonha (posso citar várias semelhanças com o budismo, por exemplo), mas este documentário força a barra e força a audiência a engolir um sapo. A ideia de que o Império Romano inventou este homem nazareno é simplesmente absurda para qualquer um que tenha a menor preocupação de investigar a História a fundo.<br />
<br />
Aliás, como é comum ateus afirmarem, com toda a convicção, que não há evidências que suportem a própria existência do galileu retratado na bíblia, que tantos outros historiadores da época deveriam ter retratado tal profeta, se ele tivesse sido "tão famoso assim", e fazem tais afirmações com todo o orgulho de quem defende uma posição inteligente. E não se importam, é claro, de procurar entender o método histórico ou quais são os <a href="http://opinioesdobandeirinha.blogspot.com/2011/10/em-busca-do-jesus-historico-parte-2.html">argumentos utilizados</a> pelos historiadores em defesa da existência deste homem. Em vez disso, empinam o nariz e dizem que é óbvio e ainda têm a cara-de-pau de taxar de estúpido quem os desafia! Que empinem o nariz, então, para que, ao caminhar, não vejam por onde andam, tropecem e caiam de boca no chão!<br />
<br />
Devo dizer que os ateus que se encaixam nesta descrição são poucos, mas os ateus em geral dão confiança a estes poucos da mesma maneira que tantos crentes não fanáticos confiam nos grupos de fanáticos, considerando-os "bons" e enaltecendo o fanatismo religioso. Bem, justo é justo, todos somos crédulos de vez em quando. Felizmente, o ateísmo tem a característica singular de possuir uma grande quantidade de céticos que questionam mesmo as afirmações que lhes são favoráveis.<br />
<br />
Diz-se que ateísmo não está associado a dogmas, mas a crença na inexistência divina pode ser, em alguns casos, um dogma. Isso não diz respeito a "ter ou não ter certeza", mas sim ao comportamento com respeito a ela. Muitos ateus afirmam que não podem ter certeza absoluta a respeito da inexistência, mas manifestam raiva perante o questionamento, classificando quem pensa o contrário como estúpido. Deve-se, entretanto, separar convicção de dogma. Uma crença só pode ser classificada como dogma se ela se a sua força não diminui diante de evidências contrárias a ela, mesmo que estas evidências são inconclusivas. Neste caso, as evidências são descartadas por não serem conclusivas e absolutas na refutação da crença, enquanto que, no caso de uma convicção, o indivíduo leva a evidência em consideração, talvez reajustando ou enfraquecendo a posição. Dogmas geralmente causam rejeição ao questionamento, às vezes até raiva.<br />
<br />
Note-se que, ao menos em teoria, ateus não deveriam ter dogmas, mas este não é sempre o caso.<br />
<br />
Uma crítica comum dos ateus aos cristãos é com
respeito à ideia "odiar o pecado e amar o pecador". Amar o pecador,
neste caso, é querer que ele fique bem longe, desrespeitá-lo e
desprezá-lo, ou seja, usam esta desculpa quando, de fato, odeiam pecado e
pecador. Sabendo disso, quando ouvi a frase "pessoas merecem respeito,
mas crenças não", senti um calafrio na espinha. E com toda a razão. A
situação é totalmente análoga, esta frase é usada por muitos ateus como
desculpa para desrespeitar crença e crente, demonstrando uma vergonhosa
intolerância à crença e aos crentes por meio de um vale-tudo digno dos
religiosos fanáticos que eles criticam. Um religioso sem religião cuja
crença mais religiosa - ironia das ironias! - é aversão a qualquer
religião.<br />
<br />
E vemos aqui a marca registrada do fanatismo religioso: a hipocrisia.<br />
<br />
Existe
uma linha muito fina entre criticismo e desrespeito e todos estamos
sujeitos a cruzá-la em algum ponto. Quando cruzarmos, devemos nos
desculpar, pois não há nada que agrave mais as consequências de um
desrespeito do que a falta de humildade. Alguém que cruza uma cerca e
continua seguindo em frente não perceberá que já cruzou a cercas e
ficará cada vez mais longe dela, até que tenha a humildade de olhar para
trás. É por isso que eu, sendo ateu, estou criticando o ateísmo e, de
certa forma, dando um tiro no meu próprio pé. Prefiro, pois, ficar sem
meu pé a deixar isso passar em branco.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEheBhmblSYFQIcXRW0Fd1UiZLH6IEApW0_sG_CUkL5j7navbokcf3BeJmztEhl-0DxVZdvn4XGiImEsQluR3YlZHgrS6MB5obqd5bAjodjf1ZI9hWHblBDkW9dswC8qjzZjhHRoA1BWafyn/s1600/snoopy-197x199.gif" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEheBhmblSYFQIcXRW0Fd1UiZLH6IEApW0_sG_CUkL5j7navbokcf3BeJmztEhl-0DxVZdvn4XGiImEsQluR3YlZHgrS6MB5obqd5bAjodjf1ZI9hWHblBDkW9dswC8qjzZjhHRoA1BWafyn/s1600/snoopy-197x199.gif" /></a></div>
Apesar de todas as semelhanças, a grande diferença entre ateísmo e religião é a ausência de rituais e de preceitos morais dogmáticos. Enquanto a religião, em geral, é tradicionalista e
conservadora, o ateísmo é, por construção, inovador.
Muitos religiosos se prendem ao fato de que há livros ateus, escolhem um
destes e chamam-no de "bíblia", mas eles desconsideram que, apesar de o ateísmo atual ter, no mínimo, séculos de existência, os livros mais populares são atuais. Nesta ideologia, não existe saudosismo nem lamentação pelo mundo estar indo para o "mau caminho".<br />
<br />
Quanto à credulidade, é impossível dizer que ela não está presente no ateísmo, mas, de qualquer forma, ela não é exaltada sob o pseudônimo de fé, mas criticada, críticas que são muitas vezes bem construídas e dificilmente tratam-se de dizer que "é assim porque é". Mesmo nos casos em que ateus são crédulos e tomam uma posição errônea, não é tão difícil convencê-lo do seu erro mostrando evidências e uma argumentação consistente, coisa que não é tão fácil quando o fanático é religioso.<br />
<br />
O ateísmo tem problemas, isto é claro, e não podemos nos cegar a eles, mas também é flexível e bastante unificado, ele não se divide por causa de diferenças de crença, ao mesmo tempo que permite uma liberdade pessoal muito grande com respeito à crença. Eu não posso dizer se ateísmo se classifica como uma religião, mas, mesmo que assim seja, não se trata de uma religião qualquer. Trata-se de uma ideologia revolucionária.</div>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/14244955320740851981noreply@blogger.com22tag:blogger.com,1999:blog-8270566142691532201.post-65685166039177321932011-11-17T00:00:00.001-02:002012-02-25T16:49:45.682-02:00Além da maconha: A guerra de preconceitos<div style="text-align: justify;">
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Fato lamentável, em geral as pessoas não conseguem enxergar nada além do preconceito. É só apresentar motivos para que elas o tenham que o próximo passo será fechar olhos e ouvidos. Então os protestos da USP começaram porque alguém fumou maconha e foi levado à delegacia? Ah, são culpados, o assunto acabou, não há mais o que discutir.</div>
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Engraçado é a maconha ser menos nociva que o cigarro e, apesar disso, dificilmente caracterizar-se um fumante como bandido ou vagabundo. Pirataria também é contra a lei e também sustenta o crime organizado, mas nem por isso seria aceitável que a polícia tratasse compradores de produtos pirateados como marginais. Ninguém fica preocupado com os indivíduos que compram tênis da Nike, apesar de várias acusações dela <a href="http://www.angelfire.com/art/antinike/">utilizar mão-de-obra semi-escrava</a>.</div>
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<br /></div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhBxPUNBhxwAM3OkDPffIbLXoJb-b5T2NcWhh4AfZsiSvwSIq7AfE2m6euV9CmL15tsYC7H7zrbo0lDMSME8lQBjuxafWXzoMgO6jQfmv2o2wriDTWlRLUlj61kUEkWrSb7XvrOM5HoXUGW/s1600/1+PM-USP.png" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="261" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhBxPUNBhxwAM3OkDPffIbLXoJb-b5T2NcWhh4AfZsiSvwSIq7AfE2m6euV9CmL15tsYC7H7zrbo0lDMSME8lQBjuxafWXzoMgO6jQfmv2o2wriDTWlRLUlj61kUEkWrSb7XvrOM5HoXUGW/s400/1+PM-USP.png" width="400" /></a>Perturba-me muito que os policiais tenham tido tanto trabalho para levar três fumantes de maconha para a delegacia quando, de acordo com a lei brasileira, eles não poderiam <a href="http://blogs.estadao.com.br/marcelo-rubens-paiva/posse-de-maconha-nao-e-crime/">nem sequer serem presos</a> por isso. Entende-se que na maioria das vezes a polícia comumente não apreende usuários de drogas senão para pressioná-los a entregar os traficantes.</div>
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<br /></div>
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Por que estaria a polícia dando batidas em alunos em busca de drogas? Coisa que, aliás, não é nem sequer permitida pela lei <a href="http://www.universopolicial.com/2009/09/busca-pessoal-e-abordagem-policial.html">a não ser que haja provas concretas</a> que fundamentem alguma suspeita. Em <a href="http://www.conjur.com.br/2011-jul-05/conduta-policial-ilegal-justifica-recusa-revista-juiz-mt">alguns casos</a> o juiz pode anular as provas obtidas numa busca pessoal que não foi bem fundamentada. O propósito inicial dela não era garantir a segurança dos alunos? E quanto aos trechos mal-iluminados e com pouco movimento, por que continuam sem iluminação e por que os policiais não estão lá vigiando?<br />
<br />
<a href="http://www.jornaldocampus.usp.br/index.php/2011/06/qual-seria-a-funcao-da-policia-no-campus/">Desde maio</a> (que foi quando o acordo entre Rodas e a Polícia Militar foi firmado) discutia-se que a Polícia Militar não estava preparada para atuar como segurança interna da universidade. Vale notar que a polícia <a href="http://desmontadordeverdades.blogspot.com/2011/11/o-pesar-das-botas-rodas-e-o-leviata.html">faz rondas no campus da USP</a> desde 1997 até maio deste ano e sua presença não era maior nem menor que no resto do Estado de São Paulo. A diferença agora é que a polícia está atuando como se fosse parte da segurança interna da universidade. Não há mais violência no campus que nos seus arredores, então uma presença mais forte da polícia lá dentro não se justifica. Ou seja, o acordo firmado entre Rodas e a Polícia Militar é que é um tratamento especial aos estudantes da USP, não o contrário, como se estudantes fosse marginais.</div>
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Desapontador ver pessoas tendo que apelar cegamente para a lei da maioria. Não são todos os 80 mil estudantes da USP que aderiram aos protestos, e <a href="http://www.brasil247.com.br/pt/247/brasil/24030/Maioria-dos-alunos-da-USP-apoia-PM-no-campus.htm">58% deles posicionam-se</a> a favor da polícia no campus. Mas quando foi que todo o público saiu em protesto nas ruas? Fizeram isso com a descoberta da extrema corrupção no governo anterior? Teria a maioria dos estudantes aderido aos conhecidos protestos de 68? Alguém poderia lembrar que houve naquele ano a <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Passeata_dos_Cem_Mil">passeata dos cem mil</a>, mas esta envolveu muito mais pessoas que apenas os estudantes. Nem mesmo os <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Caras-pintadas">caras-pintadas</a> constituíam a maioria dos estudantes da USP ou de qualquer outra universidade.<br />
<br />
Há pouco tempo, houve uma passeata em Barão Geraldo contra o estupro, reunindo apenas cerca de <a href="http://www.google.com/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=7&ved=0CE0QFjAG&url=http%3A%2F%2Fnoticias.terra.com.br%2Fbrasil%2Fnoticias%2F0%2C%2COI5293801-EI8139%2C00-vc%2Breporter%2Bcerca%2Bde%2Bprotestam%2Bcontra%2Bestupros%2Bem%2BCampinas.html&ei=zn3ETvKrEcHOgAf0mc30Dg&usg=AFQjCNEnqqOFtZ1DOWwZZ5Ncj985u1MdNw">400 estudantes</a>. Se esta linha de raciocínio estivesse correta, poderíamos concluir que a maior parte da população é a favor do estupro, não?<br />
<br />
Não sei em que mundo as pessoas vivem para esperar que todos os estudantes da USP protestem quando algo está errado.</div>
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<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjcbnPT0Q4Ksr3uOxEL5Si-UMUOYl786xJSBlNg24BM_qk7DabffxBybA2hTMZlc3rJHQ5BrpBNUwWK6pAA-2Z6Ya6yq40dYBxJ0dh8Vgpe8E0LBeFWNvOF3kHg93NpZAkuBdsKJVuVCiT5/s1600/assembl%25C3%25A9ia+dos+estudantes.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjcbnPT0Q4Ksr3uOxEL5Si-UMUOYl786xJSBlNg24BM_qk7DabffxBybA2hTMZlc3rJHQ5BrpBNUwWK6pAA-2Z6Ya6yq40dYBxJ0dh8Vgpe8E0LBeFWNvOF3kHg93NpZAkuBdsKJVuVCiT5/s400/assembl%25C3%25A9ia+dos+estudantes.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Assembleia dos estudantes da USP</td></tr>
</tbody></table>
Queiram ou não, milhares de estudantes protestam e este é um número bem expressivo. Se 58% dos estudantes são a favor da polícia, <a href="http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/1007395-reitoria-da-usp-diz-que-reitor-nao-vai-a-debate-com-alunos.shtml">36% são contra ela</a>. Se alguém pensa que 42% não é muito, pense de novo: no Brasil, <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Afro-brasileiros">menos de 8% da população é negra</a>. Vale também lembrar que na FFLCH, que é o ponto central das manifestações, abriga <a href="http://www.google.com/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=1&ved=0CBwQFjAA&url=http%3A%2F%2Ffflch.usp.br%2Fnode%2F1762&ei=AqnJTs_qOoPTgQeosN1S&usg=AFQjCNFRPCV2IZAHGKY30l-lGRiy3im50Q">seis dos nove melhores cursos</a> da USP e que lá se concentram os <a href="http://desmontadordeverdades.blogspot.com/2011/11/o-pesar-das-botas-rodas-e-o-leviata.html">estudantes menos abastados</a>, o que mostra que os preconceitos que os manifestantes não estudam ou que são "filhinhos de papai" são falsos.</div>
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<br /></div>
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E quanto à violência do movimento? Carros depredados, pichações, pedras atiradas... Sim, é fato, os estudantes não são nada santos e, sinceramente, eu esperaria um comportamento muito melhor deles. Entretanto, vale lembrar de novo que até nos protestos estudantis de 68 <a href="http://g1.globo.com/Sites/Especiais/Noticias/0,,MUL464249-15530,00.html">houve violência contra a polícia</a>, incluindo coquetéis molotov. É isso o que as pessoas fazem quando têm medo do pior: elas se tornam violentas. Isso vale para os dois lados, a existência de coquetéis molotov não se justificam em circunstância alguma.<br />
<br />
Não quero de maneira alguma tentar justificar as viaturas que foram depredadas em consequência dos protestos. É uma vergonha que estudantes tenham feito isso. Conforme dizem vários relatos, a polícia pode ter sido a responsável pela depredação da reitoria, mas não pelas pichações. Mesmo que a polícia, tenha utilizado de gás lacrimogênio na moradia da USP e mantido os estudantes em cárcere privado (conforme mostra <a href="http://www.youtube.com/watch?v=LSwrqEiVOv4">este vídeo,</a> encontrado <a href="http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2011/11/estudantes-e-pm-divulgam-videos-sobre-desocupacao-na-usp.html">nesta matéria do site G1</a>), os estudantes não deveriam em hipótese alguma ter depredado coisa alguma. A imprensa pode esconder milhões de fatos que a menor das pedras atiradas contra ela ainda será injusta. Não há situação alguma em que o cuspe a um policial possa ajudar senão para provocar ainda mais raiva e violência por parte deste.<br />
<br />
A violência fere o próprio propósito do movimento estudantil e apaga o <a href="http://revistaalfa.abril.com.br/politica/politica/ocupa-usp-uma-flor-por-uma-arma/">perfume das flores</a> que são oferecidas e da diplomacia.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiw9gUzaQ7XJ2nBVMaSiiSWv8RdvQ941l4BJjrU05Kiyw5zhqf0OlK032_6irANWlyNn8TgJL_gRCUL0Jb8wO3mVW9jJfvVRuPTWgMIiFji8XGt_J9qOzV3wGHtB77LXLbiE03yO9SmhHSp/s1600/tropa-de-choque-na-USP.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="273" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiw9gUzaQ7XJ2nBVMaSiiSWv8RdvQ941l4BJjrU05Kiyw5zhqf0OlK032_6irANWlyNn8TgJL_gRCUL0Jb8wO3mVW9jJfvVRuPTWgMIiFji8XGt_J9qOzV3wGHtB77LXLbiE03yO9SmhHSp/s400/tropa-de-choque-na-USP.jpg" width="400" /></a></div>
A atuação da polícia na <a href="http://www.redebrasilatual.com.br/temas/cidades/2011/11/pm-de-sao-paulo-usa-bombas-e-detem-70-estudantes-para-desocupar-reitoria-da-usp">desocupação da reitoria</a> foi vergonhosa. Após o mandato judicial e a recusa dos estudantes de saírem do prédio, a entrada dos policiais foi de surpresa, durante a madrugada. Não houve negociação antes da invasão, não houve tentativa de terminar a situação sem que houvesse um confronto. Haviam 400 policiais mais 30 cavaleiros contra 70 estudantes. Aqueles não portavam armas não letais e nem sequer revólveres, mas submetralhadoras. Uma arma feita para matar rápida e eficientemente. Chegaram em carros, motos, ônibus e helicópteros, tudo muito rápido para que não houvesse tempo para nenhuma reação indesejada. Havia policiais também na moradia, impedindo que eles saíssem de lá, provavelmente para impedir maiores confrontos. Uma repressão extrema para que não houvesse nenhum perigo.<br />
<br />
<a href="http://www.youtube.com/watch?feature=player_detailpage&v=urYLED8rubc#t=120s">Quando uma estudante</a>
vai da moradia em direção à reitoria durante a desocupação, um grupo de
policiais impedem-na, ameaçando-a à prisão caso ela tente atravessá-los. Eles formam um cerco, cruzam os braços e encaram-na.
Mal havia ela chegado ao local, sem importunar e sem reclamar senão da
atitude dos policiais, estes reagiram como se ela estivesse carregando
uma bazuca ou como se fosse seguida por no mínimo 20 indivíduos.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
A única arma que ela carregava era uma câmera e ela estava só.<br />
<br />
Ao final da operação, os policiais se parabenizaram: ninguém saiu ferido, ninguém morreu, ótimo, tudo foi às mil maravilhas!<br />
<br />
A polícia foi, de fato, extremamente eficiente... se isso fosse uma guerra! Onde eles estavam com a cabeça para fazer uma operação desta proporção? Por que todo este drama por parte da polícia?<br />
<br />
Alguém está pensando o mesmo que eu?<br />
<br />
Isso é medo!!! A Polícia Militar está morrendo de medo! Eles não fazem a menor ideia de que estão meramente lidando com estudantes rebeldes, eles pensam que o inimigo deles é uma quadrilha organizada de traficantes ou terroristas. Eles estão preparadíssimos para invadir uma refinaria onde há indivíduos armados até os dentes com metralhadoras, rifles e bombas... mas não têm a menor sensibilidade para compreender a mente de um estudante, de um manifestante, de um civil revoltado com o sistema.<br />
<br />
É assim que se programa um policial: cuidado com os estudantes, eles podem parecer inofensivos, mas são muito perigosos! Vejam como eles chutaram os carros da polícia! Vejam como eles atiraram pedras nos jornalistas! Quando outros se desculparam por isso, é claro que eles só estavam sendo lobos em pele de cordeiro.<br />
<br />
Assim como nós, que carregamos no nosso uniforme <a href="http://www.youtube.com/watch?feature=player_detailpage&v=jN-86J-m08I#t=171s">estrelas em homenagem</a> às atuações históricas sangrentas dos nossos antepassados, como esta mais embaixo, em homenagem à "Revolução", quer dizer, ao Golpe de 64.<br />
<br />
Não podemos arriscar, temos que garantir que haja o mínimo de pessoas feridas. E, é claro, é por isso que nós iremos armados com submetralhadoras numa proporção de seis policiais para cada manifestante. Isso é totalmente razoável diante das circunstâncias.<br />
<br />
Eles são treinados para não terem que usar de força letal, mas não para serem humanos. Eles não parecem se importar <a href="http://www.youtube.com/watch?v=xUKlZz526_Y">quando um indivíduo</a> tem que ficar uma semana sem trabalhar depois de ter sido atingido por uma bala de borracha e não parecem sentir culpa quando vários policiais agridem com seus cassetetes um indivíduo que quer fugir.<br />
<br />
Os policiais são incapazes de entender a cabeça dos estudantes. Os estudantes em geral também têm dificuldade de compreender a cabeça do policial que acredita profundamente que está colaborando para a manutenção da paz e da ordem. Essa não é uma guerra de maconha, é uma guerra de preconceitos. O estudante que existe na cabeça dos policiais está bem longe dos estudantes de carne e osso. Uma coletiva falácia do espantalho. Os agentes da lei são muito bons com cassetetes e armas e desconhecem a linguagem da argumentação, da discussão. Os primeiros aprenderam a obedecer sem questionar e os últimos desprezam a hierarquia. Os dois grupos não falam a mesma língua.<br />
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<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjJPciRKdp7GTntBcxZP4ugCeMpUA_c30fFEu_RZKs8ooyb4WWsoaWQH8g3OvmtRg1pm2Wzs0WjCweSw6h6tdZUndGyfHeqtAhFHHU35GWTsa9gJGjWfOKfhWquQzF3J0DPS1oPPxIQzh0h/s1600/p1a_serra_junho_usp.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="267" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjJPciRKdp7GTntBcxZP4ugCeMpUA_c30fFEu_RZKs8ooyb4WWsoaWQH8g3OvmtRg1pm2Wzs0WjCweSw6h6tdZUndGyfHeqtAhFHHU35GWTsa9gJGjWfOKfhWquQzF3J0DPS1oPPxIQzh0h/s400/p1a_serra_junho_usp.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Repressão à greve de 2009 na USP</td></tr>
</tbody></table>
O reitor é obsessivo por controle e não consegue se conformar com a rebeldia dos estudantes. Esta obsessividade já estava visível <a href="http://arlesophia.com.br/pm-invade-usp-para-barrar-greve-de-funcionarios/">na greve de 2009</a> (cuja repressão foi <a href="http://globalvoicesonline.org/2009/06/20/brazil-the-countrys-largest-university-becomes-a-battlefield/">noticiada internacionalmente</a>). Desculpe-me, Rodas, não dá para colocar estudantes sob controle, eles nasceram para questionar. Isso não é o mesmo que dizer que eles sejam criminosos. Tentar arrancar a rebeldia dos estudantes faria a universidade perder todo o seu propósito de construir o conhecimento.<br />
<br />
Rodas está completamente fora de controle, o que é de se esperar de um obsessivo por controle. Não há dialogo com ele, ele não entende português. Não espere que ele ceda à pressão, ele provavelmente pensa que, se ele sair ou fizer como os estudantes pedem, a USP se desmoronará. Ele já demonstrou pensar assim <a href="http://www.youtube.com/watch?v=_DcN_3UJTbA">por suas próprias palavras</a>. E <a href="http://www.youtube.com/watch?feature=player_detailpage&v=8MTAcnr-LaQ">há testemunhas</a> do radicalismo dele. A Faculdade de Direito, dirigida por ele de 2007 a 2009, <a href="http://www.brasildefato.com.br/content/autoritarismo-rende-rodas-t%C3%ADtulo-de-persona-non-grata">o declarou <i>persona non grata</i></a>.<br />
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Ele está fora de si.<br />
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Vários indivíduos que defendem que a polícia deve sair do campus estão fazendo comparações entre este conflito e o período de ditadura militar. Muitos acreditam que esta afirmação é extrema, radical, exagerada. Talvez não seja. Quando se fala em ditadura militar, as pessoas pensam nos vilões de cinema, maus, violentos, sem empatia e sem coração. Entretanto, do ponto de vista dos ditadores, a ditadura era bem justificada. Ainda hoje há quem acredite nisso.<br />
<br />
Afinal de contas, os comunistas que eram contra a ditadura militar eram, sem dúvida, assassinos, sequestradores, rebeldes e criminosos. Os militares temiam uma insurreição, temiam que os comunistas tomassem o Estado à força e fizessem chacina semelhante a outras chacinas feitas em nome da ideologia de esquerda. Eles torturavam pessoas que, muitas vezes, eram, de fato, criminosos, culpados de todas as acusações.<br />
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A História transformou a ditadura numa vilã de cinema, mas duvido que tal comparação seja justa. Ela foi, sim, uma vilã, mas vilões do mundo real quase sempre são vilões porque são loucos, não porque são maus. A ditadura estava cheia de Rodas obsessivos por controle e por disciplina. A obsessão por controle e o medo transformam-se rapidamente em repressão, mesmo que não seja intencional.<br />
<br />
Mas, intencional ou não, o dano é o mesmo. <br />
<br />
Se a comparação entre ditadura e os conflitos da USP parecem ser absurdos, ela não parece mais tão absurda ao entender que os militares eram tolos em vez de maus. Os militares da ditadura eram fanáticos e fanáticos não são maus, apenas cegos. Muitas vezes, tornam-se extremamente estúpidos e brutais.<br />
<br />
Eis a minha opinião de leigo, caso ela seja de alguma valia:<br />
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Acredito que haja uma saída para este cenário de loucura. O movimento estudantil tem a obrigação moral de tentar estabelecer algum
diálogo com o reitor, mas isto provavelmente não dará nenhum
resultado satisfatório. O reitor está fora de controle; entretanto, a polícia está apenas desinformada e despreparada para lidar com a situação. Portanto, é essencial que haja um diálogo entre os estudantes e a Polícia Militar.<br />
<br />
Os estudantes que acreditam na força dos livros serão sábios se também acreditarem na força do diálogo. Afinal de contas, um livro nada mais é que uma conversa registrada em papel. Se um policial não entende a cabeça de um estudante, é preciso que este ao menos compreenda a cabeça daquele para que um diálogo seja possível.<br />
<br />
Não vejo por que não seria possível, por exemplo, se o movimento estudantil, por meio de panfletos e discussões, defendesse que os estudantes não devem causar danos às viaturas e, em troca, os policiais deixariam as bombas de efeito moral e de gás lacrimogênio guardadas na delegacia. O movimento estudantil poderia incentivar os estudantes a não usarem drogas nas dependências da universidade enquanto a polícia deixaria de efetuar batidas nos estudantes.<br />
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Um acordo onde os estudantes concordariam em evitar o uso de drogas dentro do campus seria um movimento inesperado, deixaria a mídia sem saber o que dizer e colocaria Rodas em cheque. Sem a polícia para atrapalhar, seria mais fácil lutar pela substituição do reitor. Se o objetivo é encontrar uma solução, é preciso esquecer o preconceito e deixar de lado a obsessão por querer que todos vejam quem está certo. Deve-se esquecer a justiça e pensar na forma mais eficiente de resolver o problema.</div>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/14244955320740851981noreply@blogger.com0